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Cientistas encontram novas pistas sobre real origem do coronavírus

Por| 02 de Dezembro de 2020 às 17h00

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fernando zhiminaicela/Pixabay
fernando zhiminaicela/Pixabay

A origem do novo coronavírus (SARS-CoV-2) é uma das grandes questões que envolvem a pandemia da COVID-19. Agora, recentes estudos começam a questionar tanto o local de origem quanto a data dos primeiros casos confirmados da infecção. Até o momento, a ideia mais aceita é de que o vírus tenha sido descoberto em Wuhan, na China, no dia 31 de dezembro de 2019, mas pode não ser mais consenso entre os pesquisadores que este tenha sido o início da sua relação com a espécie humana.

Publicado na revista científica Clinical Infectious Diseases, um estudo do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), dos Estados Unidos, também coloca em dúvidas a real origem do coronavírus, principalmente a ideia de que a infecção tenha se espalhado a partir de um mercado de animais selvagens.

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Como foi o estudo nos EUA?

Ligados ao governo norte-americano, pesquisadores identificaram, em retrospectiva, que 39 pessoas de três estados do país já tinham desenvolvido anticorpos contra o coronavírus duas semanas antes do alerta chinês para a infecção, feito no último dia de 2019. Oficialmente, o primeiro caso da COVID-19 nos EUA foi registrado apenas no dia 21 de janeiro de 2020, ou seja, essas evidências podem questionar a cronologia da infecção no país.

Este estudo foi desenvolvido a partir de amostras de sangue coletadas para exames e doadas entre 13 de dezembro de 2019 e 17 de janeiro de 2020. No total, o grupo analisou 7.389 amostras, doadas pela Cruz Vermelha e originárias de nove estados norte-americanos. Observando apenas as doações feitas entre 13 e 16 de dezembro (1.912 amostras), 39 delas testaram positivo para a infecção por coronavírus. Esses exames positivos vinham da Califórnia, de Oregon e de Washington. Além disso, haviam outras 67 amostras contaminadas que foram coletadas entre os dias 0 de dezembro de 2019 e 17 de janeiro de 2020.

"Essas descobertas sugerem que o SARS-CoV-2 pode ter sido introduzido nos Estados Unidos antes de 19 de janeiro de 2020", afirmam, de forma clara, os autores do estudo. No entanto, o que isso realmente quer dizer? Objetivamente, apenas que a COVID-19 pode ter chegado antes e os primeiros casos tenham passado despercebidos. Uma limitação da análise é que não é possível distinguir se esses casos teriam se contaminado de forma comunitária (dentro do país) ou através de viagens internacionais.

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Outra questão levantada pelos pesquisadores é de que parte desses anticorpos pode estar ligada a outros tipos de coronavírus que circulam pelo mundo, e não necessariamente ao novo coronavírus SARS-CoV-2. De qualquer forma, esta é apenas mais uma descoberta de uma cronologia, ainda em construção, da pandemia da COVID-19, afinal outras pesquisas também relatam descobertas similares.

Mais pesquisas sobre a origem da COVID

Diante das novas investigações sobre os primeiros casos da COVID-19, é aceitável que a própria linha temporal do coronavírus seja revista. Outra questão que se soma ao tópico é a sua forma de contágio, o que o faz se espalhar de forma rápida e simples entre os hospedeiros. Atualmente, 64 milhões de pessoas em todo o mundo já foram contaminadas, segundo dados levantados pela Universidade Johns Hopkins.

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Nesse cenário, pesquisadores da Universidade de Barcelona também questionam a data dos primeiros casos, a partir de amostras de esgoto coletadas na Espanha. Foi identificada a presença do coronavírus em uma amostra coletada no dia 15 de janeiro de 2020, ou seja, 41 dias antes da primeira notificação oficial. Além disso, no dia 12 de março de 2019, também foi identificada outra amostra de esgoto contaminada.

Pesquisas brasileiras também questionam a cronologia do coronavírus e a data em que ele começaria a circular por aqui, já que oficialmente o primeiro caso foi confirmado no dia 26 de fevereiro. No entanto, uma equipe de pesquisadores da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) identificou a presença do agente infeccioso a partir de 27 de novembro em amostras do esgoto de Florianópolis. Outro levantamento da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) apontou a existência de um caso da COVID-19 que teria ocorrido um mês antes do primeiro registro oficial, entre os dias 19 e 25 de janeiro.

Nesta semana, o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS) Tedros Adhanom Ghebreyesus ressaltou a importância de se investigar as origens do novo agente infeccioso e afirmou que deve enviar uma equipe internacional à Wuhan, na China. "Não há nada para esconder e a posição da OMS é clara. Temos que conhecer a origem do vírus para prevenir futuras epidemias", pontuou o diretor-geral. Dessa forma, é provável imaginar que a história está longe de uma conclusão.

Fonte: Clinical Infectious Diseases via BBC