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Cientistas contaminam pessoas com vírus zika para testar vacinas

Por| Editado por Luciana Zaramela | 30 de Outubro de 2023 às 18h07

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 shammiknr/Pixabay
shammiknr/Pixabay

Nos Estados Unidos, pesquisadores da Universidade Johns Hopkins mediram o risco de infectar pessoas propositalmente com o vírus zika em um tipo de estudo conhecido como desafio humano. No futuro, a técnica deve ser usada para ajudar no desenvolvimento de vacinas eficazes e seguras contra a doença que pode provocar graves anomalias congênitas em bebês nascidos de mães infectadas durante a gravidez.

Em casos muito raros, a arbovirose transmitida por mosquitos, como o Aedes aegypti, também pode provocar complicações neurológicas em adultos. Só que, diante dessa probabilidade bastante reduzida, os cientistas entendem que essas infecções, quando consentidas e autorizadas em um estudo científico, podem contribuir para um “bem” maior para toda a sociedade.

Na ciência, esta prática polêmica de infectar indivíduos saudáveis é eventualmente adotada, como ocorreu na pandemia da covid-19. Normalmente, esta é a última saída, quando faltam outras opções de pesquisa disponíveis.

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Estudo sobre o vírus zika

No experimento da Johns Hopkins, os cientistas infectaram 20 mulheres com uma das duas cepas do vírus Zika. Além destas, outras 8 não foram infectadas, mas integravam o grupo controle. Nenhuma delas estava grávida ou pretendia engravidar, e nem tinha relatado infecção prévia pelo patógeno.

Segundo a equipe, todas as participantes expostas ao vírus foram infectadas e apenas sintomas leves foram relatados. Por exemplo, 95% delas desenvolveram erupção na pele, sendo que este é um sintoma comum do zika. Em paralelo, 65% tiveram dores nas articulações.

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O importante é que nenhum caso evoluiu para formas graves da doença. Após estes resultados, os cientistas entendem que este tipo de teste pode ser seguro para uma pesquisa envolvendo o efeito de vacinas contra o zika.

Preliminarmente, a pesquisa do tipo desafio humano foi apresentada, na última semana, durante o encontro anual da Sociedade Americana de Medicina Tropical e Higiene, em Chicago. A partir de agora, uma nova etapa será iniciada, incluindo mais mulheres e homens.

Vacina contra o zika vírus

Aqui, é importante pontuar que um dos grandes desafios relacionados com o desenvolvimento de uma vacina contra o zika está no fato de existir um número pequeno de casos da doença em mulheres grávidas, desde o último grande surto de 2016, dificultando a criação dos testes clínicos convencionais de Fase 1, 2 e 3.

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Então, o desafio humano é encarado como uma forma complementar de avaliação, capaz de acelerar a pesquisa e de estabelecer a eficácia. No entanto, os pesquisadores afirmam que não é o suficiente para justificar a liberação de uso por uma agência reguladora. Invariavelmente, testes com grandes populações ainda serão necessários para confirmar a segurança e entender os possíveis efeitos adversos.

Em paralelo, outros grupos de pesquisa já testam uma potencial vacina contra o zika vírus em modelos animais. Nesses testes, o imunizante parece ser altamente promissor em estimular o sistema imunológico contra a doença.

Fonte: Nature