Amazonas instala armadilhas contra dengue para deter surto
Por Nathan Vieira • Editado por Luciana Zaramela |

A partir desta segunda-feira (30), a prefeitura de Manaus, no Amazonas, vai passar a instalar 1,2 mil armadilhas contra o mosquito Aedes aegypti, o mosquito da dengue. A ideia é ajudar a deter o surto que se apodera da cidade, uma vez que a doença chegou a matar 9 pessoas neste ano.
- Surtos de dengue no Brasil: casos aumentaram em 55% em relação ao último ano
- Quais as diferenças entre dengue, zika e chikungunya?
A estratégia acontece por iniciativa da Secretaria Municipal de Saúde (Semsa) e do Instituto Leônidas & Maria Deane (ILMD/Fiocruz Amazônia). Essas armadilhas — Estações Disseminadoras de Larvicidas (EDLs) — devem ser instaladas principalmente no bairro Compensa, onde há o principal risco de infestação atualmente.
Essas EDLs utilizam tecnologia de baixo custo e são recomendadas pelo próprio Ministério da Saúde para o enfrentamento de arboviroses no país.
Segundo a própria equipe, a técnica foi desenvolvida como forma de preparação do município para o período de alta transmissão de dengue, zika e chikungunya.
Como funcionam as armadilhas contra dengue
As armadilhas são confeccionadas utilizando um recipiente de plástico, um pedaço de pano, água e 5g do pesticida Pyriproxyfen. O pesticida, originalmente em pó, é diluído em água até formar uma massa que possa ser distribuída com um pincel. Depois disso, a massa é espalhada de forma homogênea sobre o pano, que está preso ao redor do recipiente com água.
A Fiocruz explica que essas estações são instrumentos que facilitam a disseminação de larvicida pelos próprios mosquitos, entre locais tratados com o larvicida e criadouros não tratados.
Segundo a instituição, quando um mosquito adulto pousa na superfície da armadilha, partículas do larvicida se aderem às pernas e o corpo do mosquito. "Como as fêmeas de Aedes preferem visitar muitos criadouros para colocar poucos ovos em cada um, disseminam o larvicida para esses criadouros, que viram armadilhas letais para os mosquitos imaturos", diz a equipe da Fiocruz, em comunicado.
Como fazer armadilhas para o mosquito da dengue
A própria Fiocruz ensina a fazer as armadilhas para capturar os mosquitos Aedes aegypti em casa. Abaixo, veja os materiais necessários e como montar a sua:
"Essa técnica, além de eficiente, não necessita de grandes investimentos, pois os materiais para a montagem de uma Estação Disseminadora de Larvicida são de baixo custo e fácil aquisição, tanto com os materiais necessários para a montagem, impregnação, instalação e manutenção das EDL’s", a equipe acrescenta.
Surto de dengue no Amazonas
Segundo o Ministério da Saúde, apenas entre janeiro e abril de 2023, o estado do Amazonas chegou a registrar mais de 3 mil casos de dengue.
Se considerarmos do início do ano até a última sexta-feira (27), foram 14.427 casos de dengue no estado em questão. Nesse último caso, as informações são da Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas – Dra. Rosemary Costa Pinto (FVS-RCP), vinculada à Secretaria de Estado de Saúde do Amazonas (SES-AM).
No mesmo período, foram registradas 9 mortes pela doença. Só nos últimos 30 dias, foram notificados 760 casos da doença.
Dengue no Brasil
Mas a luta vai muito além do Amazonas: o Brasil inteiro se vê diante de uma onda de casos da arbovirose. No início deste ano, os estados Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Espírito Santo e Tocantins enfrentaram epidemias da doença transmitida pelo mosquito Aedes aegypti. Até o mês de março, o surto provocou mais de 300 mil casos.
Justamente pensando nisso, o Ministério da Saúde instalou um Centro de Operações de Emergências (COE Arboviroses), responsável por monitorar os surtos de dengue no Brasil, além de chikungunya e zika.
Neste mês de outubro, o Brasil se deprou com a chegada de uma espécie prima do mosquito Aedes aegypti — chamada Aedes albopictus ou mosquito-tigre-asiático — que também transmite a dengue e outras doenças relacionadas. Essa espécie recém-chegada é mais resistente a temperaturas altas e baixas, e voa em bando.
Fonte: Fiocruz (1, 2), G1, Ministério da Saúde