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Cientistas afirmam ter descoberto a "penicilina dos vírus"

Por  • Editado por Luciana Zaramela | 

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Microgen/Envato
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Antes da resistência antimicrobiana se tornar um problema mundial, a penicilina — o primeiro antibiótico a ser descoberto pela ciência — era a kryptonita para a maioria das bactérias, já que é uma medicação considerada de amplo espectro. Isso significa que podia e, em alguns casos, ainda pode matar um grande número de patógenos, sem que o médico precisasse saber qual deles acometia o paciente. Para os vírus, nenhum remédio do tipo nunca foi descoberto e, para a maioria das infecções virais, ainda não existe um antiviral específico ou similar à penicilina. Só que isso pode, em breve, mudar.

Na Nova Zelândia, cientistas da startup Kimer Med querem criar o primeiro antiviral de largo espectro, capaz de combater uma infinidade de vírus com alta eficácia e segurança. O medicamento quase milagroso recebe o nome de VTose e é construído a partir de pesquisas anteriores que foram abandonadas, com o remédio Draco. Segundo os responsáveis, faltaram recursos financeiros para o estudo anterior.

Importante: bactérias e vírus são diferentes, o que implica no fato da penicilina não ter nenhuma eficácia contra infecções virais. Por isso, pedir ao médico uma receita de antibiótico em caso de gripe leve não é, nem de longe, uma boa ideia. Na verdade, a prática pode ajudar a selecionar bactérias resistentes no seu organismo, sem ajudar no combate contra a doença que pretendia controlar.

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Os vírus e a indústria farmacêutica

Cada vírus representa um imenso problema para os cientistas e para a indústria farmacêutica devido a sua diversidade. Afinal, existem diferentes variações entre as cepas virais e, às vezes, isso implica em manifestações (sintomas e complicações) diferentes. Por exemplo, no caso da hepatite, são cinco os tipos mais comuns (A, B, C, D e E) que afetam o fígado, mas nenhum deles age de forma exatamente igual no corpo. Cada solução deve ser individual.

Outro ponto é que a taxa de replicação dos vírus é bastante alta. Em constante evolução, eles se tornam especialistas em fugir de medicamentos desenhados especificamente contra eles. Esta é uma das explicações sobre o porquê de não termos remédios que consigam eliminar o vírus do HIV — o que há, no mercado farmacêutico, consegue apenas controlar a doença e, dependendo do caso, impedir que uma pessoa saudável contraia a infecção.

Como a startup quer modificar o combate aos vírus?

A estratégia do novo antiviral é encontrar um ponto que é comum para todos os vírus que infectam os humanos, mesmo aqueles que ainda não foram descobertos pela ciência. Segundo a equipe da Kimer Med, durante a replicação de qualquer vírus dentro de uma célula, é produzido um RNA de fita dupla (dsRNA). Este pode ser reconhecido pelo medicamento e, após a identificação, o composto VTose estimula a apoptose, ou seja, a morte programada da célula infectada, o que curaria o paciente.

"Até onde sabemos, todos os vírus criam longos segmentos de dsRNA como parte de seu processo de replicação. Com base nisso, temos boas razões para acreditar que o VTose pode ser eficaz contra todos os vírus humanos e animais. No entanto, tendo dito isso, podem haver exceções das quais ainda não estamos cientes", descreve artigo no site da startup.

Quão eficaz é a tal penicilina para os vírus?

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Considerando a primeira versão do antiviral, aquela conhecida como Draco, o composto conseguiu eliminar, em experimentos de laboratório (in vitro), 15 vírus diferentes. Além disso, em testes com modelos animais, no caso camundongos, o composto melhorou os sintomas do vírus H1N1 (influenza).

No momento, a startup planeja testar a potencial penicilina contra coronavírus SARS-CoV-2, HIV, Hepatite B, dengue e outros tipos de vírus que afetam humanos e animais. Caso a nova rodada de testes de laboratório apresente resultados promissores, a ideia é começar os testes clínicos, ou seja, com humanos.

Fonte: Kimer Med