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Cérebros maiores são mais propensos a doenças neurodegenerativas

Por  • Editado por Luciana Zaramela | 

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Image-Source/Envato Elements
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O cérebro humano é altamente complexo e maior que o de outros primatas, mas isso pode ter um custo alto, quando se analisa a taxa de declínio cognitivo, de envelhecimento e até de possíveis doenças neurodegenerativas. Esta é a conclusão de um estudo recém-publicado que comparou os cérebros humanos com os dos chimpanzés (Pan troglodytes).

Publicada na revista Science Advances, a pesquisa internacional recorreu à análise de quase 700 cérebros humanos e primatas em exames de ressonância magnética. Assim, a ciência avança na compreensão dos problemas que afetam os humanos ao longo do envelhecimento e do processo de declínio da substância cinzenta. 

Curiosamente, as partes do cérebro que mais cresceram durante a evolução da espécie humana, quando comparada ao dos outros macacos, foram classificadas como as mais suscetíveis aos riscos do envelhecimento. É o “custo” da inteligência humana e do tamanho deste cérebro. 

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Cérebros de humanos e macacos

Os cientistas da Universidade de Düsseldorf, na Alemanha, e da Universidade George Washington, nos EUA, utilizaram como base da pesquisa ressonâncias magnéticas do cérebro de 189 chimpanzés e de 480 humanos, feitas em diferentes estágios do processo de envelhecimento. Aqui, o foco foi comparar os volumes da substância cinzenta.

Em paralelo, foram analisadas também as diferentes entre outras espécies de primatas, como babuíno-anúbis (Papio anubis) e macaco-rhesus (Macaca mulatta).

Risco dos cérebros maiores

Segundo os autores, tanto os humanos quanto os chimpanzés perdem massa cinzenta durante o envelhecimento, mas o processo é muito mais intenso na espécie humana. 

“As alterações relacionadas à idade [no cérebro dos chimpanzés] são semelhantes, mas em menor magnitude em comparação aos humanos”, afirmam os pesquisadores. Por exemplo, “a redução volumétrica relacionada à idade do tamanho geral do hipocampo e do córtex frontal não é evidente em chimpanzés, mas ocorre em humanos. O declínio cognitivo também está presente em chimpanzés, mas não parece tão proeminente quanto em humanos”, acrescentam.

As áreas mais afetadas no cérebro humano são aquelas pouco desenvolvidas ou nem desenvolvidas no cérebro do chimpanzé. Afinal,"regiões com alta expansão cerebral em humanos em relação aos chimpanzés mostraram declínio acentuado de substância cinzenta”, reforçam os autores. 

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Então, a equipe defende a hipótese de que as características que se desenvolvem mais tarde durante a evolução de uma espécie são as primeiras a se deteriorarem com o envelhecimento. Isso significa que há vantagens e desvantagens no ganho de massa cinzenta e no aumento do volume do cérebro. 

"A expansão extensiva do córtex pré-frontal e de outras áreas de associação cortical na evolução humana recente, desde a separação de um ancestral comum com os chimpanzés, têm o preço de uma vulnerabilidade aumentada relacionada à idade”, completam os cientistas.

Fonte: Science Advances