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Cérebro híbrido une células de rato e camundongo pela 1ª vez

Por| Editado por Luciana Zaramela | 26 de Abril de 2024 às 09h15

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Joshua J. Cotten/Unsplash
Joshua J. Cotten/Unsplash

Milhões de anos de evolução separam um rato de um camundongo, por incrível que pareça. No entanto, neurocientistas da Columbia University conseguiram juntar as células dessas duas espécies em um cérebro híbrido inédito. As descobertas foram apresentadas por meio de dois artigos na revista Cell, na quinta-feira (25).

A partir da técnica, foi possível regenerar com sucesso os circuitos cerebrais de camundongos, com a ajuda dos neurônios cultivados a partir de células-tronco de ratos.

O novo material pretende fornecer informações valiosas sobre como o tecido cerebral se forma, além de novas oportunidades para restaurar a função cerebral perdida devido a doenças e ao envelhecimento.

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Cérebro híbrido

O estudo funcionou assim: a princípio, o grupo usou uma ferramenta chamada CRISPR, que é como um par de "tesouras" genéticas muito precisas. Eles usaram essa técnica para modificar genes em camundongos, fazendo com que eles nascessem sem parte de seus cérebros.

Depois, eles inseriram células-tronco de rato nos embriões desses camundongos e descobriram que as células-tronco de rato conseguiram "preencher" a parte em falta do cérebro dos camundongos.

No outro estudo, a equipe desligou algumas células nervosas no nariz de camundongos para ver o que aconteceria, e então também colocou células-tronco de rato nos embriões desses camundongos. Assim, descobriram que as células-tronco de rato ajudaram a consertar as células nervosas desligadas.

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Os dois estudos indicam que as células-tronco de uma espécie podem ser úteis para consertar problemas em outra.

Sob o ponto de vista dos pesquisadores, além de permitir entender como os cérebros híbridos de rato e camundongo funcionam, o estudo também tem serventia para o campo médico.

Um exemplo citado pelos próprios autores do estudo, é que atualmente ensaios clínicos testam transplantes de neurônios derivados de células-tronco para tratar doenças como Parkinson e epilepsia, então quanto mais a ciência entender sobre a eficácia desses transplantes e se a diferença genética entre o paciente e as células transplantadas será um obstáculo, melhor.

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E é essa a ideia do estudo: uma maneira de avaliar a possibilidade de complementar o cérebro humano com células de outras espécies em uma escala maior do que os ensaios clínicos atuais permitiriam.

União de espécies

É claro que ainda há uma longa jornada a ser percorrida para os humanos, mas os estudos levam a crer que as células-tronco de diferentes espécies podem se desenvolver em sincronia.

Os cientistas mencionam o potencial de cultivo de órgãos humanos em animais, como porcos, o que poderia oferecer uma solução para a escassez de órgãos para transplante. A inda há desafios técnicos e éticos a serem superados antes que isso possa ser testado em ensaios clínicos.

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Essa questão da "união" de espécies já é uma realidade. Não no sentido híbrido, mas sim nos xenotransplantes (ou seja: transplantes de órgãos, tecidos ou células de uma espécie para outra). A medicina tem apostado nos órgãos de porco em humanos, porque o organismo tem menos chance de rejeitar. 

Então, o cérebro híbrido de rato e camundongo demonstra a capacidade das células-tronco de uma espécie para complementar e integrar ao tecido cerebral de outra espécie. É um primeiro passo rumo a um futuro científico que ainda está incerto, mas que parece promissor.

Fonte: Cell (1, 2)