Médico brasileiro faz 1º transplante de rim de porco para humano
Por Fidel Forato • Editado por Luciana Zaramela |
Nesta quinta-feira (21), os médicos do Massachusetts General Hospital (MGH) anunciaram o primeiro transplante bem-sucedido do mundo de um rim de porco geneticamente modificado para um humano. O procedimento pioneiro e que pode marcar o início de uma nova era para os que estão na fila por transplante de órgão foi liderado por um médico brasileiro, Leonardo Riella.
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O transplante de rim de porco para um humano foi realizado no sábado (16) e levou quatro horas para ser concluído. Como o órgão suíno conta com 69 edições genéticas, a expectativa é que isso reduza o risco de rejeição e complicações. Entretanto, ainda é preciso observar como evolui o estado de saúde do paciente.
Até então, transplantes de rim suínos para humanos só foram realizados para pacientes com morte cerebral. De forma diferente, a cirurgia feita nos Estados Unidos envolveu Richard 'Rick' Slayman, um homem de 62 anos, com doença renal em estágio avançado — não há possibilidade de cura conhecida a partir das terapias disponíveis hoje.
Estado de saúde do paciente
Além da doença renal em estágio avançado, o paciente Rick, que topou participar do procedimento experimental, convive com diabetes tipo 2 e hipertensão há muitos anos. Ele precisa fazer constantes sessões de hemodiálise.
Em 2018, Rick chegou a receber um transplante de rim de um doador humano, mas o órgão doado começou a falhar em maio do ano passado. Desde então, os médicos buscavam alternativas ainda em fase de testes para o paciente com doença em estágio terminal, como o transplante de um rim de porco.
"Eu vi isso não apenas como uma forma de me ajudar, mas também como uma maneira de dar esperança às milhares de pessoas que precisam de um transplante para sobreviver", afirma Rick, em nota.
Modificações genéticas no rim de porco
Para reduzir ao máximo o risco de rejeição durante o xenotransplante — transplante de órgãos entre espécies diferentes —, o órgão foi editado geneticamente através da ferramenta CRISPR, um tipo de tesoura que pode cortar partes do DNA e acrescentar outras.
Com essa técnica, foram removidos genes suínos prejudiciais. Também ocorreu a adição de certos genes humanos para melhorar a compatibilidade, após o transplante. Já os retrovírus endógenos foram inativados, impedindo que o paciente contraia alguma infecção.
A esperança dos xenotransplantes
"Estou firmemente convencido de que o xenotransplante representa uma solução promissora para a crise de escassez de órgãos”, afirma Riella, após realizar o primeiro transplante de um rim de porco para um humano vivo.
Para o médico, “estamos à beira de um [novo] avanço monumental no transplante", que chega 70 anos depois do primeiro transplante renal e 60 anos após a descoberta dos remédios imunossupressores.
A partir desse transplante e de mais estudos na área, os xenotransplantes podem se tornar uma alternativa viável para as pessoas. Vale lembrar que testes envolvendo o transplante de um coração de porco para um humano já ocorreram, também.
Fonte: MGH