Cérebro de porco é mantido vivo por cinco horas fora do corpo
Por Nathan Vieira | Editado por Luciana Zaramela | 05 de Fevereiro de 2024 às 16h03
Ao manter um cérebro de porco em pleno funcionamento durante cinco horas fora do corpo, a equipe de cientistas do UT Southwestern Medical Center (EUA) conseguiu dar mais um passo rumo ao objetivo de estudar o cérebro sem a influência de outras funções corporais. Tudo isso foi possível por meio de uma máquina que usa uma bomba artificial para cuidar do suprimento de sangue.
- Corações de porco transplantados em quem teve morte cerebral dão certo em testes
- Cientistas conseguem 'reviver' cérebros de porcos 10 horas após a morte
De acordo com as informações descritas na revista científica Scientific Reports, os pesquisadores cuidaram para que a máquina pudesse ajustar a composição do sangue e o seu fluxo para uma série de variáveis, incluindo pressão arterial, volume, temperatura, oxigenação e nutrientes.
A metodologia envolveu separar a cabeça do porco de seu corpo. Assim, os cientistas conseguiram conectá-la ao dispositivo, de forma que monitorassem os parâmetros de atividade cerebral. Os relatos apontam pouca ou nenhuma mudança na atividade cerebral e outras medições durante até cinco horas em que o cérebro foi isolado do resto do corpo.
"Nosso objetivo principal foi preservar a função cerebral para alcançar o isolamento circulatório da maior parte do resto do corpo de forma totalmente controlável. A função cerebral foi medida sob interferência mínima de anestesia", alega o estudo.
Cérebro fora do corpo
Por que manter o cérebro isolado? Sob o ponto de vista dos próprios especialistas envolvidos, o método abre portas para pesquisas que se concentram no cérebro independente do corpo. Dessa forma, no futuro, esse tipo de estudo poderia ajudar a responder a questões fisiológicas de uma forma que nunca foi feita.
Os pesquisadores também demonstraram interesse em utilizar esse dispositivo como um sistema de circulação extracorpórea.
Sistema de circulação extracorpórea
Conforme diz o estudo, os dispositivos de circulação extracorpórea reproduzem algumas funções do coração e dos pulmões, fornecendo um fluxo contínuo de sangue oxigenado por todo o corpo.
"Em contraste, o novo dispositivo fornece sangue através de um fluxo pulsante, muito semelhante ao coração humano, uma diferença que pode prevenir efeitos secundários relacionados com o cérebro, por vezes causados por máquinas de circulação extracorpórea", conclui a pesquisa.
Assim, o cérebro de porco pode pavimentar o caminho para que cientistas consigam desvendar mais sobre esse órgão que ainda tem muito a revelar.
Fonte: Scientific Reports