Celulares e outros gadgets podem interferir em marca-passos; saiba como evitar
Por Fidel Forato | Editado por Luciana Zaramela | 26 de Agosto de 2021 às 16h20
Após suspeitas de interferência de celulares e smartwatches em dispositivos médicos implantados, como marca-passos e desfibriladores cardíacos, as autoridades de saúde dos Estados Unidos foram investigar a questão. Recém-divulgado, um estudo concluiu que esses dispositivos podem causar interferência magnética e, por isso, devem ser mantidos a uma distância mínima de 15 cm dos dispositivos médicos.
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Os pesquisadores responsáveis pelo estudo fazem parte do Center for Devices and Radiological Health (CDRH) e estão conectados à agência federal norte-americana Food and Drug Administration (FDA). A descoberta apoia a orientação já divulgada pela própria FDA de que é necessário manter uma distância mínima entre os aparelhos eletrônicos e os dispositivos médicos implantados.
“Garantir a segurança dos dispositivos médicos de nosso país é a base de nossa missão de proteção ao consumidor, especialmente à medida que a tecnologia continua a avançar”, explicou um dos pesquisadores do estudo e membro do CDRH, Seth Seidman.
“Como parte deste trabalho, a agência revisou artigos publicados recentemente descrevendo a possibilidade de que certos telefones celulares, smartwatches e outros produtos eletrônicos com ímãs de alta intensidade de campo possam afetar, temporariamente, a operação normal de dispositivos médicos eletrônicos implantados, como marca-passos e desfibriladores implantáveis", destacou Seidman. Agora, as novas informações descobertas confirmam a relação.
Entenda o que pode acontecer com a proximidade dos dispositivos
Vale explicar que os dispositivos eletrônicos cardíacos implantados auxiliam pacientes com algum problema no coração, como frequências cardíacas lentas ou rápidas demais. Além disso, marca-passos e desfibriladores implantados têm um modo magnético.
Esta "função" é usada quando a pessoa vai realizar algum procedimento em que a interferência eletromagnética é possível ou quando a suspensão do dispositivo é necessária para outro tratamento médico. É o caso de uma ressonância magnética, por exemplo.
No entanto, esse recurso também pode ser acionado, acidentalmente, a partir de campos magnéticos fortes maiores. Nesses casos, é possível, de forma indireta, alterar a forma como o dispositivo funciona e, consequentemente, resultar em sérios danos ao paciente.
Só que, historicamente, os ímãs fortes o suficiente para acionar esse modo eram facilmente identificados, como alto-falantes estéreo ou motores eletrônicos em ferramentas sem fio. Agora, campos magnéticos fortes podem ser encontrados em fones de ouvido, fechaduras de portas e até nos pequenos alto-falantes de telefone.
Pesquisa confirma a importância do distanciamento
Para comprovar que existe possibilidade de interferência, os pesquisadores fizeram experimentos com modelos do iPhone 12 e do Apple Watch 6 a diferentes distâncias dos dispositivos. Segundo os autores do estudo, todos os dispositivos têm campos magnéticos altos o suficiente para colocar dispositivos cardíacos implantados no modo magnético. A questão é a distância necessária para isso ocorrer. Nesse sentido, 15 cm de distância são suficientes para manter a segurança.
“Por causa desses resultados, estamos tomando medidas para fornecer informações aos pacientes e profissionais de saúde para garantir que eles estejam cientes dos riscos potenciais e possam tomar medidas proativas e preventivas simples, como manter eletrônicos de consumo, como certos telefones celulares e smartwatches, a seis polegadas [cerca de 15 cm] longe de dispositivos médicos implantados”, aconselhou Seidman.
“Acreditamos que o risco para os pacientes é baixo e a agência não tem conhecimento de nenhum evento adverso associado a esse problema no momento. No entanto, espera-se que o número de eletrônicos de consumo com ímãs fortes aumente com o tempo", completa o pesquisador. Já sabendo dos potenciais riscos, agora, o FDA passará a revisar as descobertas sobre o assunto periodicamente.
Para acessar o estudo, publicado na revista científica da Heart Rhythm Society, clique aqui.
Fonte: EurekAlert