Veneno da aranha mais perigosa do mundo pode ajudar a salvar corações de humanos
Por Natalie Rosa • Editado por Luciana Zaramela |
O veneno de uma aranha pode ser a resposta para reduzir os danos causados por um ataque cardíaco ao órgão, além de aumentar a expectativa de vida de transplantados. A novidade vem de um estudo realizado na Austrália com a proteína do veneno da aranha-teia-de-funil, chamada de Hi1a.
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Glenn King, um dos líderes do estudo e professor da Universidade de Queensland, conta que o coração é um órgão que tem zero capacidade de se regenerar. "As pessoas podem sobreviver a um ataque cardíaco, mas as células musculares nunca voltarão, então eles ficam com um coração bastante danificado", conta.
Então, qualquer tecido que possa ser recuperado durante ou depois de um ataque cardíaco já é importante. É quando a proteína Hi1a atua interrompendo um sinal que é enviado à célula para que ela morra caso não tenha oxigênio suficiente, o que pode acontecer durante um ataque ou durante a remoção do órgão para o transplante.
King explica que o coração só consegue sobreviver fora do corpo por algumas horas, ficando danificado por não ter suprimento de sangue e oxigênio suficientes, o que justifica a "corrida" que acontece durante transplantes cardíacos. "Acreditamos que a droga poderá ser usada para aumentar o número de doadores de coração que estarão disponíveis para transplante", diz o especialista.
Os testes foram feitos em células humanas de um coração ainda com batimentos em laboratório, e a equipe de cientistas descobriu que as células expostas ao ataque cardíaco tinham mais chances de sobreviver se tratadas com a proteína Hi1a.
A possível nova droga ainda não passou por testes em humanos, o que não deve acontecer antes de passar por testes toxicológicos ou ainda transplantes de coração entre animais. A previsão de King é que os testes clínicos em transplante de coração humano comecem em 2023, e com corações com ataques cardíacos em 2024.
A aranha-teia-de-funil é considerada a mais perigosa no mundo e é nativa do continente australiano. O bicho também é primitivo e existe há cerca de 400 milhões de anos, muito antes dos dinossauros pisarem na Terra. O veneno da criatura é extremamente tóxico e conta com mais de três mil moléculas diferentes.
O estudo foi publicado na revista científica Circulation.
Fonte: The Guardian