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Cápsula de gelatina mole — fácil de engolir — contém um desregulador endócrino

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Kateryna Hliznitsova/Unsplash
Kateryna Hliznitsova/Unsplash

Sabe aquela cápsula de gelatina macia e fácil de engolir, usadas em diversos medicamentos e suplementos? Apesar da praticidade, tem gerado preocupações devido à presença de substâncias químicas chamadas plastificantes. Esses compostos, geralmente do grupo dos ftalatos, são usados para tornar a cápsula mais flexível e resistente. Embora essenciais para a estrutura das cápsulas, são conhecidos como desreguladores endócrinos (ou seja: podem interferir no funcionamento hormonal do corpo).

De acordo com o farmacêutico Craig Russell, da Aston University (Reino Unido), as pesquisas, principalmente com animais, indicam que esses químicos podem impactar o desenvolvimento reprodutivo, afetar a fertilidade e causar desequilíbrios hormonais. Em seres humanos, estudos já associaram alguns tipos de ftalatos a malformações congênitas, alergias em crianças e até doenças cardíacas, embora os riscos reais ainda estejam sendo avaliados com mais profundidade.

Mas devemos observar que nem todos os ftalatos são iguais. Alguns, como o DEP (ftalato de dietila), são usados em quantidades mínimas e considerados de baixa toxicidade. Outros, como o DBP (ftalato de dibutila), já tiveram seu uso em medicamentos severamente restringido devido a efeitos colaterais mais preocupantes.

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Mesmo que a cápsula de gelatina não seja a principal fonte de exposição aos ftalatos, que também estão presentes em pisos, cortinas de banheiro, perfumes e purificadores de ar, o uso diário e sem supervisão médica de suplementos pode elevar os níveis no organismo.

Agências reguladoras como a FDA (Food and Drug Administration, dos EUA) e EMA (European Medicines Agency) estabelecem limites de ingestão diária e monitoram o uso de ftalatos em medicamentos, mas suplementos vendidos sem receita nem sempre seguem os mesmos padrões.

Ftalatos no Brasil

No Brasil, a Anvisa estabelece regulamentações quanto aos limites de concentrações no produto, aos limites de migração e à restrição de uso, para determinados ftalatos, nos seguintes produtos:

  • Filmes plásticos
  • Embalagens para alimentos
  • Produtos de higiene pessoal
  • Cosméticos
  • Perfumes
  • Bolsas de transfusão de sangue
  • Tubos
  • Aparatos médicos.

Em brinquedos, a regulamentação é feita pelo INMETRO (Instituto de Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia).

Levando tudo isso em consideração, o pesquisador orienta a ficar atento aos rótulos da cápsula de gelatina, conversar com seu farmacêutico e, sempre que possível, optar por alternativas livres de ftalatos.

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Fonte: The Conversation, European Medicines Agency, CETESB