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Butantan descobre terapia para esclerose com veneno de cascavel

Por| Editado por Luciana Zaramela | 29 de Maio de 2024 às 18h37

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Sergeyskleznev/Envato Elements
Sergeyskleznev/Envato Elements

Cientistas do Instituto Butantan descobriram um novo possível alvo de terapia para pacientes com esclerose múltipla (EM), a partir de estudo com animais tratados com uma neurotoxina presente no veneno da cascavel. Esta não é a primeira vez que a toxina da serpente, estudada há mais de 20 anos pela instituição, é relacionada com descobertas científicas. 

Apesar da diversidade de tratamentos contra a esclerose, a ciência ainda não descobriu uma cura para essa doença que provoca comprometimento motor generalizado e causa dor crônica — no mundo, 2,3 milhões de pessoas convivem com a condição. Então, a maioria das terapias envolve o alívio dos sintomas, sem de fato tratar o problema.

Nesse cenário, a pesquisa do Butantan dá uma nova perspectiva para o tratamento da esclerose, mas ainda está em estágio inicial e, por enquanto, não há previsão para quando vai se tornar um remédio amplamente disponível nas farmácias.

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Veneno da cascavel contra esclerose múltipla 

Publicado na revista Brain, Behavior, and Immunity, o novo investiga os efeitos da crotoxina (CTX), uma neurotoxina isolada do veneno da serpente Crotalus durissus terrificus, em dose não tóxica, no tratamento de casos de esclerose múltipla em roedores. Sabe-se que o composto pode ter ação anti-inflamatória, analgésica e antinociceptiva (que anulam os efeitos da dor), o que pode ser bastante útil em pacientes com EM.

Nos camundongos, a substância aliviou as dores e também desacelerou a progressão da esclerose. "Os resultados demonstraram que a CTX não só induz analgesia no período anterior ao início dos sinais clínicos, mas também é capaz de diminuir a intensidade e a incidência desses sinais", afirmam os pesquisadores, em artigo.

"Estes resultados sugerem que a CTX é um potencial tratamento não só para a alteração da dor, mas também para a progressão clínica induzida pela doença, bem como uma ferramenta útil para o desenvolvimento de novas abordagens terapêuticas para o controlo da esclerose múltipla", acrescentam os autores.

Novo alvo para terapias

Há ainda outro benefício da pesquisa: a descoberta de um novo ponto alvo para terapias contra EM, que é o neurotransmissor acetilcolina. Em pacientes com a doença, as vias associadas ao neurotransmissor são afetadas, o que não ocorre com aqueles tratados com a neurotoxina e que responderam ao tratamento. É um indicador de que a regulação da via da acetilcolina pode ser importante no controle da doença.

Hoje, já existe um remédio contra a doença de Alzheimer, usado em alguns países, que inibe a degradação desse neurotransmissor. Também há uma nanopartícula, ainda em testes, com potencial ação nesses casos. Ambas as apostas são mais fáceis de serem testadas do que o veneno da serpente por causa da eventual toxicidade.

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Se ocorrerem testes clínicos no futuro, será possível observar o impacto desses medicamentos em pessoas com esclerose múltipla.

Fonte: Instituto Butantan e Brain, Behavior, and Immunity