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Boletim atualizado: coronavírus viria da cobra, não do morcego, dizem cientistas

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Boletim atualizado: coronavírus viria da cobra, não do morcego, dizem cientistas
Boletim atualizado: coronavírus viria da cobra, não do morcego, dizem cientistas

A atual grande preocupação de autoridades de saúde no mundo todo é o Coronavírus, o vírus chinês originário na cidade de Wuhan e que já matou 17 pessoas e infectou pelo menos outras 500 em cinco países diferentes. E algo confirmado nesta quinta (23) pela CNN e a Scientific American pode indicar que essa doença pode ser ainda mais perigosa do que se imagina: a de que um único paciente com o coronavírus conseguiu infectar 14 profissionais da saúde que tiveram contato com ele.

Isso quer dizer que muito provavelmente a infecção por coronavírus causa uma doença de alto contágio, que consegue contaminar rapidamente qualquer humano que tenha contato com alguém que a possui. Assim, caso os cientistas não descubram rapidamente como evitar o contágio, o vírus chinês pode rapidamente criar uma epidemia a partir de apenas alguns poucos humanos infectados — mais ou menos o que aconteceu na cidade de Nova York no início do século XX, quando uma única pessoa (Mary Mallon, também conhecida historicamente como Mary Tifoide) foi a responsável por iniciar uma epidemia de Febre Tifoide que assolou toda a cidade.

Um paciente com carga viral altamente contagiosa foi encontrado na cidade de Wuhan (considerada como o local onde surgiu o coronavírus) e as autoridades de saúde sabem que, quando existe um paciente deste tipo, invariavelmente também existem outros que podem transmitir rapidamente a doença — chamados vetores. Essas pessoas não são como qualquer outro paciente porque, como explica Michael Osterholm, professor e epidemiologista Escola de Saúde Pública da Universidade de Minnesota, possuem um organismo que consegue expelir uma quantidade maior do vírus a cada espirro ou tosse, e por isso são consideradas como de alto contágio. E tudo que uma doença precisa para se tornar uma epidemia é que apenas um desses pacientes saia por locais públicos, espalhando a doença.

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Esforços para evitar a epidemia

Atualmente, todos os esforços dos profissionais de saúde da China estão voltados para conter a doença e evitar que ela se transforme numa verdadeira epidemia, e é exatamente por isso que algumas medidas drásticas estão sendo tomadas tanto pelas autoridades federais quanto pelas locais.

Uma dessas medidas, anunciada nesta quinta-feira (23), é o cancelamento das comemorações do Ano Novo Chinês (que, em nosso calendário gregoriano, acontece no dia 25 de janeiro). A decisão foi feita para se evitar grandes aglomerações de pessoas nas ruas, algo que é comum nessas comemorações, mas que pode tornar essas festas uma catástrofe caso exista ao menos uma pessoa com o vírus. Seria o cenário perfeito para facilitar, e muito, que o coronavírus se espalhasse entre centenas e até mesmo milhares de pessoas em questão de minutos.

Outra dessas medidas, que também foi anunciada nesta quinta (23), é uma restrição de viagem para todas as pessoas que atualmente se encontram em Wuhan (onde o vírus surgiu) e em todas as cidades vizinhas, transformando-as em zonas de quarentena. Assim, não é mais permitido que qualquer pessoa saia ou entre nessas cidades, em uma tentativa de evitar que o vírus se espalhe para um número maior de locais. Mas, como já foram detectadas pessoas com o vírus até mesmo em outros países (como os Estados Unidos e o Japão), é possível que essa quarentena tenha surgido tarde demais para coibir sua disseminação.

A culpa é do morcego?

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O primeiro caso da doença aconteceu em dezembro do ano passado na cidade de Wuhan, e desde então ela tem se espalhado rapidamente por outras regiões da China e até outros países. O tipo “coronavírus” torna o agente viral uma espécie de “parente” de outros dois vírus que também já causaram pânico nas décadas passadas: o da SARS (Sindrome Respiratória Aguda Grave) e o da MERS (Síndrome Respiratório do Oriente Médio), mas por ser um vírus totalmente diferente desses dois (ainda que pertencendo à mesma família), qualquer remédio ou tratamento desenvolvido para eles não funciona com eficácia para o Coronavírus chinês.

E exatamente por ser um coronavírus, que é um tipo intimamente ligado a animais como morcegos, cobras e pássaros, muita gente começou a divulgar na internet que o morcego teria sido o grande causador da doença. Isso porque o animal foi o responsável pelo surgimento do SARS e da MERS, e uma das iguarias culinárias da região de Wuhan é uma sopa feita de morcegos, que é cozida e servida com animais quase inteiros — apenas sem as vísceras do abdome.

Mas, apesar de tabloides sensacionalistas britânicos terem começado a divulgar essa história da sopa de morcego ter sido a causadora da epidemia, não há qualquer comprovação científica que ligue esse prato à doença. Além disso, sopas de morcego não são exclusivas da região de Wuhan, e também são pratos existentes na África (em países como Serra Leoa e Guiné), na Oceania e até mesmo na própria Europa (apesar de o costume ter sido deixado de lado, a sopa de morcego foi durante muito tempo uma iguaria da província de Vicenza, na Itália).

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Culpar um prato comum em diversas regiões do mundo por uma doença que se originou numa cidade em específico parece um tanto exagerado. Além disso, mesmo que o morcego tenha sido o responsável por outras duas doenças parecidas, em ambas a transmissão ocorreu após os humanos terem contato com o morcego vivo, e não com a ingestão do bicho em uma sopa ou qualquer outra "delícia" em que exista a cocção do animal.

A origem seria a cobra

Então, nada de morcego: de acordo com os cientistas que estão estudando o vírus, a maior probabilidade é de que ele tenha se originado de algumas cobras, mais precisamente o krait chinês e a naja atra, comuns na região de Wuhan.

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Usando amostras do vírus que foram isoladas de qualquer contato com células dos pacientes, cientistas chineses conseguiram fazer a leitura do código genético do Coronavírus e tirar fotos da carga genética deles. Em um primeiro momento, o resultado encontrado até tinha familiaridades com o DNA de morcego, mas ao estudá-lo mais a fundo os cientistas descobriram que as proteínas que compõem o vírus tem uma maior similaridade com as encontradas no DNA do krait chinês e da naja atra, ambas espécies que podiam ser encontradas para venda no “mercadão” de onde surgiram os primeiros casos de pessoas infectadas com o vírus. E, assim como ocorreu em outras epidemias, os trabalhadores que foram os primeiros infectados teriam tido contato direto com essas cobras ainda vivas.

Por enquanto, ainda é muita cedo para se cravar que o vírus tenha surgido exatamente das cobra ou de outro animal, mas como os morcegos fazem parte da alimentação dessas cobras, uma teoria é de que, assim como com o SARS e o MERS, o coronavírus tenha se desenvolvido dentro de morcegos que foram devorados por cobras, e então teria passado por mutações no corpo do réptil. Isso teria ajudado-o a se tornar tão nocivo para humanos, mas ainda é uma hipotése que precisa ser comprovada por mais estudos.

Ainda que não se saiba exatamente de onde surgiu o vírus, a ciência não considera a hipótese de que o transmissor para humanos tenha sido a sopa de morcegos. Essa história que tem dominado as redes sociais muito provavelmente se trata apenas de uma polêmica (fake news) criada para gerar cliques.

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Fonte: CNN, Washington Post, Scientific American