Álcool não afeta vacina contra COVID-19, diz Sociedade Brasileira de Imunizações
Por Nathan Vieira • Editado por Luciana Zaramela |
Em fevereiro, uma pesquisa do Departamento de Ciência e Tecnologia do Conselho Filipino para Pesquisa e Desenvolvimento em Saúde apontou que o consumo excessivo de álcool pode afetar a resposta do nosso corpo às vacinas. No entanto, nesta segunda-feira (19), a Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) apontou que a necessidade de cortar o álcool no período de imunização é mito.
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Para se ter uma ideia, a SBIm está diretamente envolvida nas decisões do Programa Nacional de Imunização (PNI), juntamente com o próprio Ministério da Saúde. Mas segundo a entidade, não há qualquer recomendação voltada ao consumo de álcool e a imunização contra a COVID-19. Pelo menos por enquanto.
Em entrevista para O Globo, Mônica Levi, diretora da SBIm, afirmou que ainda há muito despreparo dos profissionais da saúde que estão nas salas de vacinação: "Infelizmente o Brasil não deu conta de fazer um bom treinamento dos profissionais, e cada um fala o que quer".
O que tem circulado entre as pessoas é que o consumo de álcool pode afetar o funcionamento da vacina e ainda provocar reações indesejadas, como no caso de um vídeo que viralizou nas redes sociais, em que uma enfermeira diz ao paciente que ele terá que esperar 30 dias para voltar a tomar uma cerveja.
No entanto, os próprios fabricantes dos imunizantes usados no Brasil não fizeram nenhum alerta sobre eventos adversos ligados às bebidas. Nos estudos clínicos, os voluntários não precisaram ter nenhum cuidado quanto a isso. A diretora da SBIm aponta que essa desinformação pode desestimular a população a tomar a vacina contra a COVID-19.
Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o Instituto Butantan (que produz a CoronaVac no Brasil) a Fiocruz (responsável pela Covishield no Brasil) e o Ministério da Saúde, não há razão para se preocupar em relação ao consumo de bebidas alcoólicas e a vacina contra a COVID-19. “Não há nenhuma evidência sobre a relação do álcool com o comprometimento da formação de anticorpos promovida pela vacina Covid-19”, disse o Ministério da Saúde, em nota.
A SBIm alerta que uma resposta menor do sistema imunológico só deve ser uma questão entre as pessoas que fazem consumo pesado de álcool, especialmente aquelas que já têm uma doença hepática. Mas, ainda assim, não há contraindicações.
Em contrapartida, no que diz respeito a bebidas em excesso, a orientação do Centro de Informações sobre Saúde e Álcool (Cisa) é a de diminuição do consumo durante o processo de imunização. "A preocupação que a gente tem não é só com a vacina, é por toda a questão do consumo pesado de álcool em tempos de pandemia. É importante que as pessoas tenham um controle do consumo", apontou a biomédica Erica Siu, vice-presidente do Cisa.
Fonte: O Globo