Água oxigenada e soda cáustica no leite: entenda por que fazem mal à saúde
Por Fidel Forato • Editado por Luciana Zaramela |

Nesta semana, uma investigação do Ministério Público do Rio Grande do Sul (MPRS) identificou um esquema de adulteração de laticínios. Entre as estratégias adotadas, estava a inclusão de água oxigenada e soda cáustica no leite destinado para a venda em mercados. A mistura faz mal à saúde e, em casos extremos de contaminação, pode causar a morte de quem bebe o produto.
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"Toda substância química em excesso pode levar a óbito e com essas duas, água oxigenada e soda cáustica, não seria diferente", explica Joaquim Dantas Neto, químico e professor da disciplina no Colégio Presbiteriano Mackenzie Brasília, para o Canaltech. Como o produto é ingerido, há risco de contaminação interna, o que torna o quadro mais grave.
Água oxigenada e soda cáustica no leite?
A adição desses dois produtos na fórmula do leite é uma estratégia para tentar aumentar o prazo de validade do produto, afirma o químico Joaquim. Assim, a empresa buscava mandar de volta para o mercado produtos laticínios que deveriam ser descartados.
Neste caso de adulteração, "a adição de água oxigenada (peróxido de hidrogênio) mata microrganismos presentes no leite. Essa substância é utilizada em outros tipos de alimentos, mas em concentrações extremamente controladas", pontua.
"Já a adição de soda cáustica (hidróxido de sódio) serve para controlar a acidez do produto, deixando o pH do leite menos ácido", complementa. Isso busca enganar a percepção e os sentidos do consumidor.
Por que fazem mal à saúde?
Mesmo que a água oxigenada e a soda cáustica tenham sido bem diluídas, a mistura ainda é nociva para o corpo humano. Nestes casos mais leves, a pessoa que ingeriu o leite adulterado pode apresentar vômitos e irritação gastrointestinal, principalmente no esôfago.
"Agora, caso a concentração desses produtos químicos se encontre alta, a ingestão leva a queimaduras sérias [internas] e até a morte", reforça o especialista Joaquim sobre a seriedade do problema.
No caso da soda cáustica, existe o adendo de que o efeito corrosivo pode ser mantido nessa mistura com leite. Como é uma base inorgânica forte, há um elevado poder de reação, dentro ou fora do corpo.
"Quando entramos em contato com a soda cáustica externamente, tipo na pele, devemos lavar abundantemente com água, até ter a certeza que toda a base foi diluída ou removida", explica. "Quando esse processo ocorre internamente, não conseguimos lavar imediatamente e nem abundantemente", pontua. Isso causa uma queimadura que vai progredindo lentamente e de maneira constante. "Essa queimadura interna vai se perpetuando, o que torna essa contaminação cada vez mais séria", acrescenta. Além disso, a soda é considerada como cancerígena.
Importância da vigilância do leite
Diante do risco dessas misturas, a melhor forma dos consumidores estarem protegidos é a partir da vigilância ativa dos órgãos responsáveis. Para isso, Joaquim explica que existem diferentes tipos de testes, que são aplicados de acordo com a concentração utilizada.
Caso seja acrescentado de maneira grosseira e em grande quantidade, os testes organolépticos (avaliação sensorial) identificam com facilidade. O próprio cheiro e o sabor já indicam a adulteração. Caso a concentração seja baixa, são necessários testes quantitativos. Nesse caso, uma análise físico-química em um laboratório especializado é o mais recomendado para identificar fraudes.
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