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Homem-Aranha | Conheça a curiosa adulteração do uniforme preto no Brasil

Por| 25 de Maio de 2023 às 16h50

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Marvel Comics
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O evento Playstation Showcase mostrou uma longa apresentação sobre a trama e a jogabilidade de Spider-Man 2, título exclusivo para o PlayStation 5 com lançamento previsto para o segundo semestre deste ano. E um dos destaques na revelação foi o game ter habilitado parte da aventura com Peter Parker trajando o simbionte que caracterizou a famosa “Era do Uniforme Negro”. E há uma curiosa história sobre esse assunto na trajetória de publicações da Marvel Entertainment Comics no Brasil.

Os fãs veteranos devem se lembrar bem de episódios em que as editoras, em especial a Editora Abril, adulteravam o material original da Marvel Comics no passado. Era o “jeitinho brasileiro” de sincronizar tramas de diversos títulos, lançados de forma fasciculada nos Estados Unidos, de forma a fazer sentido com o que dava para ser resumido nos famosos gibis “formatinhos” disponíveis nas bancas daqui.

Até hoje, as publicações da Marvel e DC chegam compiladas em volumes que fazem sentido para cada cantinho, assim como para toda a cronologia das editoras. Isso, invariavelmente, obriga os editores a deixar de publicar algumas coisas, já que não dá para trazer tudo exatamente do jeito que sai lá fora.

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O leitor brasileiro não tem o hábito de consumir tudo fasciculado, e o modelo de negócios que “resume” sagas e arcos de diferentes personagens e títulos em uma única edição é mais viável — assim, você não precisa ler absolutamente tudo e nem gastar tanto para acompanhar.

Atualmente, há um grande equilíbrio na edição da Panini Comics, que reúne as obras originais fasciculadas em apenas uma revista com mais páginas — tudo de mais importante nas sagas e personagens de destaque da Marvel Entertainment e DC chegam aos brasileiros, ainda que com um atraso de alguns meses.

Contudo, nos anos 1980, sem internet, sem Photoshop e com limitações de tecnologia, comunicação e do próprio mercado, manter os leitores ligados nos principais arcos, destaques, personagens e sagas, era uma tarefa muito mais árdua. Ainda mais com as pouquíssimas páginas, em um formato menor do que o original, para abrigar tudo o que acontecia, de acordo com a cronologia de lançamentos nos Estados Unidos.

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Guerras Secretas revelam mudanças do uniforme preto do Homem-Aranha no Brasil

Só para ilustrar melhor o cenário do mercado brasileiro, Entre os anos 1970 e 1990, principalmente nos anos 1980, era comum vermos curiosas e engraçadas “geolocalização” e falta de continuidade em diversas histórias. Alguns personagens, ruas e expressões eram brasileiras; e, vez ou outra, alguns eventos aconteciam em uma linha temporal própria da Editora Abril, que publicava o material da Marvel e DC por aqui na época.

Sem internet, a maioria dos leitores brasileiros sequer imaginava as adulterações realizadas pela Abril para manter tudo coeso e bem adaptado em poucos títulos mensais, que espremiam várias histórias e personagens no famoso formatinho. Somente quem tinha acesso ao material original importado, e os fãs mais hardcore, sabiam ou notavam que essas alterações eram feitas.

Só que, em 1985, essas mudanças “vazaram” durante a publicação da saga Guerras Secretas no Brasil. O evento, embora tenha sido um sucesso editorial e seja até hoje um marco para a Marvel Comics, foi encomendado como parte de uma ação promocional de merchandising da parceria entre a Marvel Entertainment e uma empresa de brinquedos.

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A ativação da campanha global tinha que ter sincronia com o lançamento de Guerras Secretas nos Estados Unidos, para que os brinquedos fossem comercializados em todas as praças simultaneamente. A trama levava em conta o status quo dos principais personagens da Marvel, e mudanças que a saga traria faziam parte do próprio design dos novos produtos.

Como as histórias costumavam chegar ao Brasil cerca de dois anos após serem veiculadas em solo ianque, a Editora Abril teve que rebolar para adaptar Guerras Secretas. Personagens, diálogos e sequências de ação inteiras sumiram; e, posteriormente, o uniforme do Homem-Aranha chegou a ser pintado, de preto ou nas cores originais, de acordo com a publicação e a fase que ela retratava quando foi impressa por aqui.

“Uniforme preto brasileiro” do Homem-Aranha marcou trajetória das HQs no Brasil

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Depois que muito material passou a ser publicado no tamanho original, revisado, a partir de meados dos anos 1990, todo mundo pôde ter acesso ao conteúdo que foi limado — e, para muitos veteranos, foi até divertido ver o que “sumiu” nesse processo de adaptação limitado dos anos 1980.

Com o tempo, vários leitores, fãs, pesquisadores e entusiastas passaram a publicar na internet e em livros suas descobertas e comparações sobre o material original e o que chegava para os brasileiros no período dos formatinhos da Editora Abril, da Ebal, e de outras empresas. Vale destacar que, embora essa “mutilação” tenha até mesmo comprometido o conteúdo gringo, havia um grande esforço dessas companhias para poder trazer tanta coisa, de forma inteligível e a um preço bastante acessível.

Os colegas do canal Pipoca e Nanquim chegaram a dedicar um vídeo somente sobre isso, vale dar uma olhada:

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Outros pesquisadores também já citaram esse episódio da trajetória de publicação de quadrinhos no Brasil, a exemplo de Manoel de Souza e Maurício Muniz, em O Império dos Gibis: a incrível história dos quadrinhos da Editora Abril.

Olhando para Peter Parker de uniforme preto no PlayStation 5, é impossível não lembrar desse episódio, que, embora revele adulterações no conteúdo original, torna um capítulo importante da trajetória do Amigo da Vizinhança em uma parte curiosa e única da história de publicação dos quadrinhos no mundo, e, especialmente, no Brasil.