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Dá para usar o Motorola Ready For como PC para estudar e trabalhar

Por| Editado por Léo Müller | 31 de Maio de 2022 às 17h01

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Eric Mockaitis/Canaltech
Eric Mockaitis/Canaltech

A Motorola desenvolveu uma plataforma que permite “transformar” alguns celulares da marca em um pequeno computador e utilizá-los no modo desktop. Batizado de "Ready For", ele nada mais é do que uma resposta ao Modo DeX da Samsung — que permite, na teoria, fazer basicamente a mesma coisa.

Com ele, é possível usar quase todos os aplicativos instalados no celular no modo desktop, como se fosse um computador, de fato. A interface das aplicações fica bem parecida com o que é visto em suas versões para PC, o que facilita bastante o uso.

Mas, com isso, surge uma dúvida: se o Ready For permite usar a maioria dos aplicativos dessa forma e ter uma interface parecida com a do PC, é possível utilizar a plataforma para trabalhar ou estudar?

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Fiz um teste por um dia e trago aqui o resultado sobre como foi a minha experiência ao usar um Moto G100 para trabalhar com o modo Ready For ativado. Durante o teste, usei meus aplicativos e serviços cotidianos e também testei outros apps populares que geralmente são usados em Home Office.

Aparelhos compatíveis

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Para começar, é importante destacar que o modo Ready For é uma exclusividade dos aparelhos mais avançados da Motorola, ou seja, os modelos topo de linha ou os intermediários premium.

Da linha Moto G1, apenas o Moto G100 e Motorola Moto G200 são compatíveis com essa funcionalidade. Os demais aparelhos que suportam a plataforma desktop da marca são a linha Edge 20, o Motorola Edge Plus e o Edge 30 Pro.

Também é válido frisar que alguns deles suportam apenas a versão de comunicação sem fio, ou seja, wireless, enquanto outros permitem fazer a ligação com o monitor ou PC apenas por cabo HDMI, mas também há modelos que suportam os dois tipos. Em seu site oficial, a Motorola disponibiliza uma página com a lista completa de aparelhos compatíveis.

Destaco, no entanto, que apesar de lá informar que não é possível utilizar o Moto G100 no modo Wireless, eu consegui fazer a conexão sem fio normalmente após a atualização do smartphone para o Android 12.

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Montando o setup

Primeiramente, se você pensa em usar o modo Ready For para estudar ou trabalhar, é importante deixar claro a necessidade de se montar um setup para isso, para ter uma experiência minimamente confortável.

Isso porque a plataforma não exige o uso de um teclado ou mouse, por exemplo, mas a navegação fica muito ruim se não tiver esses periféricos conectados.

Aqui, eu liguei um teclado e um mouse Bluetooth direto no celular. Dessa forma, pude usá-los normalmente quando o Ready For foi ativado. Para a tela, peguei uma TV de 32 polegadas que já tinha uma entrada HDMI, então não foi obrigatório o uso de um monitor específico.

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Basicamente, é isso — além do próprio kit do Ready For, é claro, que inclui um cabo HDMI/USB-C para conectar o celular ao monitor e um stand para manter o celular em pé durante o uso. O cabo incluso no kit ainda tem um mini hub, que permite ligar o cabo USB-C padrão do celular, para o caso de precisar carregar o smartphone durante o uso do modo desktop.

Por fim, caso você não tenha um mouse para conectar ao celular, é possível utilizar o próprio smartphone como um trackpad, como se fosse um notebook. Mas a navegação é um pouco ruim — apesar de isso ser questão de costume.

Uso do celular e bateria

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O Ready For permite que você utilize o smartphone normalmente enquanto ele estiver conectado ao monitor, no modo desktop. Dessa forma, se você quiser fazer algo direto na tela do smartphone sem desconectar da tela, é possível.

No entanto, só dá para exibir o app em um deles de cada vez. Portanto, se você tiver o Telegram aberto no Ready For, por exemplo, e abri-lo no celular, a aplicação será finalizada no modo desktop.

Quanto ao uso da bateria, o Ready For consome significativamente a carga do aparelho, até porque ele estará em uso constante. E, quanto mais apps abertos, maior o consumo, é claro.

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Aqui, com o Microsoft Edge, Telegram e Slack abertos durante todo o tempo, eu notei um consumo de 85% da bateria em cerca de sete horas e meia de uso, com teclado e mouse Bluetooth conectados ao smartphone.

Durante esse período, eu passei a maior parte do tempo escrevendo no Google Docs, mas também realizei pesquisas e consultas no navegador e fiz videochamadas pelo Google Meet e WhatsApp.

Um ponto importante de se destacar é que, caso a bateria fique muito baixa, é possível recarregar o smartphone sem desconectar do Ready For. Para isso, basta conectar o fio normal do aparelho em uma entrada USB-C disponível no mini hub do cabo HDMI.

Uso de aplicativos e programas populares

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Como eu informei no começo, o Ready For permite o uso de quase qualquer aplicativo disponível no smartphone. Dessa forma, é possível baixar os apps desejados na Play Store e utilizá-los no modo desktop.

A experiência quase sempre fica adaptada, ou seja, você irá executar a versão mobile de um serviço, mas com a exibição ajustada para o modo computador. Isso ajuda a ter uma experiência mais satisfatória ao usar os apps, mas traz algumas desvantagens (que eu vou descrever mais para frente).

Mas, de volta ao assunto principal, aqui eu pude usar muito bem o navegador Edge — ao qual eu já estou mais adaptado — mas é possível usar normalmente outra opção, como o Google Chrome, caso prefira. Como padrão, ele deve iniciar no modo de exibição mobile, mas é possível alterar para o desktop nas configurações do app.

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No Edge, eu pude executar qualquer site que acesso no dia-a-dia, desde os mais básicos para pesquisas ou consultas de notícias, até os mais específicos, usados para trabalho. No geral, tive uma experiência bem satisfatória neste quesito.

Além dele, também testei o uso de editores de texto, planilhas e apresentações. Para isso, executei os mais populares, ou seja, o Google Docs e o Microsoft Word; o Google Sheets e o Microsoft Excel; e o Google Slides e o Microsoft PowerPoint.

A troca de e-mails também é muito simples, principalmente se você usar o próprio Gmail ou o Outlook. Nestes casos, você poderá utilizá-los normalmente, como faz no celular, mas com o benefício de ter uma tela grande e um teclado para digitar, como se estivesse no computador, mesmo.

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Bate papo por vídeo

O Ready For também oferece uma interface dedicada para bate-papo mas, na verdade, ela é apenas um atalho para aplicativos que podem realizar videochamadas, como o Duo, Meet ou mensageiros que suportam esse recurso.

Dessa forma, caso você queira conversar por vídeo ou participar de uma reunião, basta acessar a área dedicada ou simplesmente procurar o aplicativo desejado no menu de aplicações. O resultado, no fim das contas, é o mesmo.

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Para a captação de imagem, o Ready For utiliza a câmera do próprio smartphone de forma automática, e é possível alternar entre os sensores traseiro ou frontal, para escolher qual melhor te atende durante a conversa. Para melhorar a experiência, o uso do stand incluso no kit ajuda bastante para manter o aparelho em pé.

Possíveis problemas e dificuldades na adaptação

Se você está totalmente adaptado a uma interface para trabalho ou estudos no computador, pode encontrar algumas dificuldades ao começar a usar o Ready For com esse propósito.

Para começar, a área de trabalho é extremamente limitada. Ela é, na verdade, como uma tela inicial do celular. Ali pode ficar alguns atalhos para aplicativos e pronto. Nada de criar pastas para agrupar vários apps e muito menos colocar atalhos para arquivos, como fotos ou documentos.

Para isso, você precisará utilizar um gerenciador de arquivos, como o Google Files ou algum outro de sua preferência. Dessa forma, para abrir um documento específico — como um PDF ou arquivo no Word/Docs —, é preciso abrir o gerenciador e procurar por ele (ou simplesmente abrir o Word ou Docs e buscar direto dentro dessas aplicações).

A versão mobile dos aplicativos também traz algumas limitações. Uma delas, por exemplo, é com o aplicativo Edge — e consequentemente com o Chrome. Neles, não é possível adicionar a barra de sites favoritos abaixo da barra de endereço, como fazemos em um computador.

Dessa forma, fica um pouco difícil abrir uma página que sempre usa. É necessário acessar a tela de favoritos e, lá, localizar o site desejado.

Isso, nem com o tempo e o costume fica mais prático. Mas, é importante frisar que não é um problema da interface do Ready For, mas uma limitação dos próprios apps para Android.

Outro ponto que me incomodou bastante foi a impossibilidade de usar atalhos para comandos em editor de textos. No Windows, sempre uso o atalho Alt+0151 para inserir um travessão (—). Na interface do Android, porém, não foi possível usar esse comando e precisei editar todos os travessões no computador, ao final de um texto.

É claro que dá para usar um teclado virtual e copiar/colar os símbolos quando necessário, mas isso não é nada prático. Usei o exemplo do Alt+0151 por ser o que eu mais utilizo no dia-a-dia, mas essa limitação pode atrapalhar bastante quem usa outros comandos do tipo no Windows.

Outro ponto que me atrapalhou um pouco no começo, mas que pode melhorar com a prática, é o uso da tela cheia. Quando maximizado o navegador, por exemplo, e pretendo alternar entre as abas abertas, se o ponteiro do mouse for muito para cima, a interface abre uma barra para fechar, minimizar ou redimensionar a janela, o que confunde um pouco na hora de alternar entre as guias.

Além disso, alternar entre duas janelas abertas — como um mensageiro e um navegador — não é tão prático como no computador, apesar de o atalho Alt+Tab funcionar normalmente.

Isso porque, no Windows, basta apertar o comando uma vez que vai para a outra tela. Já no Ready For é preciso apertar uma vez, esperar aparecer a tela com as outras janelas e, por fim, apertar mais uma vez para alternar.

Essas coisas, porém, não chegam a ser um grande problema, mas apenas uma questão de adaptação que, com o tempo, começa a ficar mais prático.

Modo Ready For “quebra um galho”, mas não é perfeito

O Modo Ready For te ajuda bastante a ter um dia ou outro de trabalho ou estudos caso você fique sem computador ou notebook. Sua interface ajuda bastante a executar várias funções como se fosse um PC.

Mas ele tem suas limitações e não são poucas. Aplicativos, por exemplo, só será possível utilizar o que tiver sua versão dedicada para Android e estiver disponível na Play Store. Caso você precise de algum programa muito específico que só está disponível para computadores Windows, não será possível usar no Ready For.

Mas, se você trabalha mais com planilhas, apresentações ou editores de texto, a plataforma é um ótimo quebra-galho em uma situação de emergência. Para estudos, ele atende ainda melhor, já que suas limitações não atrapalham tanto a experiência.

Já para o profissional, ele não é de muita ajuda para criar uma rotina de trabalho fixa. A impossibilidade de adicionar uma barra de favoritos, a falta de atalhos populares no Windows e a área de trabalho extremamente limitada atrapalham bastante na produtividade a longo prazo.