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AMD Zen 4 | Vale a pena comprar os novos Ryzen 7000?

Por| Editado por Léo Müller | 04 de Novembro de 2022 às 17h27

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AMD/Divulgação
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Apesar das notáveis melhorias em relação aos processadores da geração passada, os Ryzen 7000 chegaram ao mercado com grandes desafios a serem superados, como preços competitivos por parte da concorrência e o sucesso dos chips da geração anterior.

Eu analisei os quatro chips recém-lançados e fiz um apanhado sobre a nova microarquitetura desktop da AMD, apontando suas vantagens e desvantagens, e dizendo para qual tipo de usuário ela é relevante.

Em 30 de agosto, a AMD anunciou sua mais nova geração de processadores desktop, os Ryzen 7000. Os chips chegaram às lojas no dia 27 de setembro, um dia depois de surgirem os primeiros reviews sobre as novas CPUs. Ao todo, apenas quatro chips foram apresentados: são eles o Ryzen 5 7600X, o Ryzen 7 7700X, o Ryzen 9 7900X e o Ryzen 9 7950X.

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Os Ryzen 7000, codinome Raphael, são baseados na arquitetura Zen 4 e na nova plataforma desktop da AMD, chamada AM5. O AM5 foca nas mais recentes tecnologias de hardware disponíveis, como compatibilidade com memórias DDR5 e com o barramento PCIe 5.0, que será o novo padrão de conexão para placas de vídeo e SSDs M.2 de altíssimo desempenho.

Os Ryzen 7000 não possuem retrocompatibilidade com memórias DDR4 e necessitam de placas-mãe mais robustas (ao menos os chips mais potentes), a fim de operarem com performance otimizada. Por isso, a plataforma em si chegou ao mercado por valores bem salgados, contrariando a fama da AMD de oferecer produtos com o melhor custo-benefício do mercado.

AMD AM5: uma plataforma para entusiastas

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Uma das primeiras coisas que chamou a atenção dos especialistas é que a AMD lançou o soquete AM5 com uma plataforma voltada para entusiastas. E isso vale mesmo para o chip mais simples dentre os quatro primeiros apresentados. É a primeira vez que a companhia adota um soquete do tipo LGA para seus processadores desktop, neste caso, o LGA-1718.

Outra novidade é a linha “Extreme” de placas-mãe, que usam os chipsets X670E e B650E, que são variantes dos chipsets X670 e B650. Todas as placas-mãe equipadas com esses chipsets suportam overclock de CPU e memórias RAM, além de contarem com ao menos um slot PCIe 5.0 para SSDs M.2, pelo menos 24 linhas PCIe para o processador e Wi-Fi 6E.

Enquanto que o barramento PCIe 5.0 é obrigatório no slot para a GPU, para as placas com chipsets “Extreme”, ele é opcional nas placas com chipsets convencionais. De resto, quanto mais avançada a placa-mãe, maior será o número de conexões de entrada e saída e a facilidade de essas placas lidarem com CPUs com TDPS mais altos e overclocks extremos.

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Algo que chama a atenção no AM5, e que está relacionado com uma nova estratégia de aumento bruto de desempenho, é o novo limite energético de 230 W. No AM4, esse limite era de apenas 142 W.

Compatibilidade com coolers

Um ponto positivo do AM5 é que ele mantém a compatibilidade com a maioria dos coolers desenvolvidos para o soquete AM4. Eu mesmo pude usar meu antigo air cooler para refrigerar os Ryzen 7000.

Microarquitetura AMD Zen 4

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Com a microarquitetura Zen 4, a AMD trouxe diversas melhorias para seus processadores, como um incremento de 13% de IPC sobre o Zen 3. A partir de um novo I/O Die que usa a litografia de 6 nm da TSMC, os novos chips conseguem atingir frequências muito mais altas. Os processadores usam o processo de fabricação de 5 nm, também da TSMC, oferecendo ganhos surpreendentes de desempenho, tanto em single-core quanto em multi-core.

Principais melhorias da microarquitetura Zen 4:

  • Clock turbo de até 5,7 GHz;
  • +13% de IPC;
  • CCX com até 8 núcleos;
  • Topologia com cache L3 de 32 MB;
  • Cache L2 de 1 MB em 8 vias;
  • Gráficos integrados RDNA2;
  • Litografia de 5 nm;
  • Aumento de até 29% de desempenho em single-core;
  • Novas instruções, incluindo suporte para extensões AVX-512.
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Além disso, os Ryzen 7000 são extremamente eficientes em relação à geração anterior. Quando comparados com seus equivalentes da geração passada, usando o mesmo limite energético, os novos chips conseguem entregar muito mais desempenho por Watt consumido.

Ao contrário das gerações anteriores, todos os Ryzen 7000 trazem gráficos integrados, baseados na microarquitetura RDNA2. Essa iGPU não é voltada para jogos, mas é um recurso interessante para ajudar a diagnosticar problemas com placas de vídeo dedicadas.

O Zen 4 suporta memórias DDR5 de até 5200 MHz, ou até 6666 MHz em overclock. A nova microarquitetura também traz um novo recurso de overclocking de RAM, chamado EXPO, que garante frequências mais altas, latência mais baixa e maior estabilidade.

Escalonamento de desempenho e altas temperaturas

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Os Ryzen 7000 atingem temperaturas muito mais altas que os chips das gerações anteriores. Nos meus testes, e nos testes realizados por canais e sites especializados em hardware, as novas CPUs chegaram a passar dos 95° C em full load.

Isso não ocorre porque os processadores são realmente quentes, ou seja, não é exatamente uma falha da plataforma AM5. A partir da microarquitetura Zen 4, a AMD adotou uma nova abordagem de escalonamento de desempenho, onde o chip busca atingir a temperatura máxima de funcionamento seguro (Tjmax) para o componente, que é de cerca de 95º C.

De acordo com a AMD, os Ryzen 7000 podem funcionar com essa temperatura durante 24h por dia, sete dias por semana. Os processadores buscam atingir o limite térmico subindo a frequência, com o objetivo de oferecer mais desempenho.

O ponto positivo dessa estratégia é que usuários que possuem soluções de refrigeração mais parrudas, como water coolers com radiadores de 360 mm, podem obter desempenho extra de suas CPUs sem necessidade de overclocking.

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No entanto, esse comportamento do chip, de funcionar com temperaturas mais elevadas, reduz a eficiência energética do componente, e contribui para aumentar a temperatura de todo o setup.

De qualquer forma, mesmo usando um Ninja 5, da Scythe, que, apesar de ter um dissipador bem grande, é um air cooler com foco no silêncio, eu não tive problemas para refrigerar os Ryzen 7000. Nem mesmo o R9 7950X apresentou thermal throttling em full load.

Processadores AMD Ryzen 7000

Vamos recapitular as especificações e performance de cada um dos processadores Ryzen da série 7000 lançado até aqui. De forma resumida, a nova geração de chips AMD representa um enorme salto de desempenho sobre a geração passada, tanto em jogos quanto em multitarefa.

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Apesar de registrar temperaturas mais altas, os chips da nova geração são incrivelmente mais eficientes quanto ao consumo de energia, em relação aos processadores da geração anterior. Os usuários podem, inclusive, optar por perfis de consumo inferiores ao padrão do chip, por meio do software Ryzen Master.

E não é só contra seus equivalentes da geração anterior que os Ryzen 7000 são mais eficientes. Os novos processadores da AMD também apresentam melhor relação de desempenho por Watt consumido frente seus concorrentes diretos fabricados pela Intel, os chips de 13ª geração, codinome Raptor Lake.

Ryzen 5 7600X

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  • Núcleos / threads: 6 / 12;
  • Clock base / turbo: 4,7 GHz / 5,3 GHz;
  • Cache L3 total: 32 MB;
  • TDP: 105 W.

O Ryzen 5 7600X se saiu muito bem em jogos, surgindo, talvez, como o processador gamer de melhor custo-benefício da plataforma AM5. Com 6 núcleos e 12 threads, o chip empata tecnicamente com o Core i5-13600K na maioria dos títulos, mas perde em multitarefa, já que seu rival conta com 20 threads.

Por outro lado, em cargas de trabalho mais pesadas, uma máquina equipada com um R5 7600X chega a consumir mais de 100 W a menos que um setup montado com o i5-13600K.

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Ryzen 7 7700X

  • Núcleos / threads: 8 / 16;
  • Clock base / turbo: 4,5 GHz / 5,4 GHz;
  • Cache L3 total: 32 MB;
  • TDP: 105 W.

O R7 7700X é incrível em jogos, batendo até o R9 7950X em vários títulos. Com seus 8 núcleos e 16 threads, o processador também consegue bater de frente com seu rival da Intel, o Core i7-13700K, em jogos. Porém, em multitarefa, o chip da AMD fica 10 mil pontos atrás.

Ainda assim, para quem vai usar a CPU para trabalhar, deve atentar para o fato de o 7700X ser muito mais econômico do que o i7-13700K.

Ryzen 9 7900X

  • Núcleos / threads: 12 / 24;
  • Clock base / turbo: 4,7 GHz / 5,6 GHz;
  • Cache L3 total: 64 MB;
  • TDP: 170 W.

Como eu comparei o R9 7900X com o R9 5900X, pude constatar a evolução direta de uma geração para outra. O salto de desempenho foi enorme em todos os sentidos.

Diante do i7-13700K, o R9 7900X oferece praticamente o mesmo desempenho em jogos e é um pouco superior em multitarefa. Os pontos a se considerar são: seu preço mais elevado e seu consumo energético, que é bem inferior.

Ryzen 9 7950X

  • Núcleos / threads: 16 / 32;
  • Clock base / turbo: 4,5 GHz / 5,7 GHz;
  • Cache L3 total: 64 MB;
  • TDP: 170 W.

O R9 7950X também oferece desempenho incrível em jogos, mas a CPU impressiona mesmo é em produtividade. O processador topo de linha da AMD é ligeiramente inferior em games que seu rival, o Core i9-13900K, e apresenta desempenho semelhante em multitarefa.

Os pontos-chave quando comparamos as duas CPUs são em relação ao preço e ao consumo de energia. O chip da AMD é mais caro, mas é muito mais eficiente em cargas de trabalho mais pesadas. Quando todos os núcleos e threads são exigidos, o R9 7950X chega a consumir menos energia até mesmo que o i9-12900K, que é muito inferior em multitarefa.

Vale a pena comprar os Ryzen 7000?

Não há dúvidas de que a nova microarquitetura da AMD consegue oferecer desempenho de sobra para todo tipo de tarefa, seja jogos ou aplicativos voltados para a produtividade. Como alguns dos Ryzen 7000 possuem menos núcleos e threads que seus concorrentes, eles têm performance inferior em multitarefa, com a ressalva de consumirem muito menos energia.

No momento, a adoção dos novos chips AM5 enfrenta três obstáculos principais. O primeiro deles é o alto preço dos processadores e da plataforma como um todo, já que ela é um lançamento, e não tem compatibilidade com memórias DDR4. O segundo impasse é em relação aos preços praticados pela Intel, que lançou seus novos chips com valores mais convidativos.

O terceiro empecilho para a popularização dos Ryzen 7000 é a excelente relação de custo-benefício da plataforma anterior da própria AMD, ou seja, os chips baseados no soquete AM4. Os Ryzen 5000 foram muito bem recebidos no mercado, e ainda apresentam ótimo desempenho em jogos e em produtividade.

Introduzida em 2017, a plataforma AM4 conta com chips de quatro microarquiteturas desktop (Zen, Ze+, Zen 2 e Zen3). Cada uma delas trouxe um bom incremento de desempenho sobre a anterior, ao passo em que se tornava mais energeticamente eficiente e mais estável. O maior trunfo do AM4 é sua longevidade, com as placas-mãe lançadas em 2017 sendo totalmente compatíveis com a última família de processadores da plataforma.

No momento, os Ryzen 7000 estão mais caros que seus concorrentes diretos, os Intel Raptor Lake, oferecendo praticamente o mesmo desempenho em jogos, sendo inferiores em multitarefa (alguns modelos) e sendo muito mais eficientes no consumo de energia (em full load). Para quem vai montar um PC do zero e está na dúvida sobre qual plataforma escolher, basicamente, fará sua opção com base em duas considerações: o custo-benefício da Intel ou a longevidade do AM5.