Review Realme 7 5G | muitos sacrifícios para ter conectividade 5G
Por Diego Sousa • Editado por Léo Müller

O 5G ainda não é uma realidade no Brasil, mas essa é a proposta do Realme 7 5G, smartphone intermediário da Realme lançado no Brasil em 2021. Eu tive a oportunidade de usá-lo como meu aparelho principal por alguns dias e conto neste review se vale a pena gastar um pouco mais para ter a tecnologia de rede móvel.
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Antes de começarmos, aviso sempre que, caso você se interesse pelo Realme 7 5G ao final desta análise, deixaremos links de compra confiáveis para você adquiri-lo. Vamos nessa?
Prós
- Bastante memória RAM
- Ótima autonomia de bateria
- Carregamento rápido
- Bom desempenho em jogos
Contras
- Conjunto fotográfico muito básico
- Interface confusa e pouco intuitiva
- Alto-falante mono ruim
- Tela IPS com cores lavadas
Construção e design
O Realme 7 5G não muda muito quando comparado com o seu irmão “gêmeo” sem 5G. Ele mantém a tampa traseira e a moldura feitas de plástico, enquanto a tela traz vidro Corning Gorilla Glass, infelizmente sem geração definida pela Realme.
Apesar dos materiais teoricamente mais simples, o smartphone da marca chinesa tem uma pegada robusta. Ele é bem espesso, com 9,1 milímetros (mm), e pesado, com cerca de 195 gramas, graças à bateria de 5.000 mAh.
No dia a dia, entretanto, as dimensões maiores não foram um ponto negativo, pois me passou uma sensação de durabilidade. A Realme ainda envia uma capinha de silicone na caixa para uma proteção extra.
- Dimensões: 162,2 x 75,1 x 9,1 mm;
- Peso: +/- 195 gramas.
No design, o Realme 7 5G também apostou no mesmo acabamento fosco de dois tons na tampa traseira do Realme 7. A diferença é separada por uma linha vertical que vai do conjunto fotográfico até a lateral inferior do aparelho, uma escolha de design diferente em relação a outros smartphones de mesma categoria.
O modelo que recebemos para testes veio na cor Baltic Blue, uma espécie de azul-marinho. Quando refletida na luz, a tampa traseira ganha detalhes prateados e escuros em algumas áreas, resultando em um efeito muito interessante no dia a dia.
Basicamente, a novidade no design em relação ao Realme 7 tradicional é o módulo fotográfico diferente. Os sensores, aqui, são organizados no já conhecido “cooktop” (ou “peça de dominó”), já visto em inúmeros aparelhos lançados nos últimos dois anos.
Eu considero essa estética um retrocesso se compararmos com o agrupamento vertical do seu irmão mais básico.
Embora as diferenças sejam poucas, senti que o Realme 7 5G trouxe um visual menos original que o Realme 7, algo que não deveria acontecer considerando a sua proposta.
Particularmente, acredito que isso influencia na identidade visual, pois você não consegue diferenciá-lo de outros modelos equivalentes e mais simples.
Vale mencionar que a Realme lançou o Realme 7 5G no Brasil em duas opções de cor.
Além desse modelo em azul-marinho usados nos testes, há uma variante prata que possui o nome da marca ocupando grande parte da tampa traseira. Essa é uma prática comum entre companhias orientais, mas eu acho bem feia.
Conexões e slots
O Realme 7 5G traz dois botões de volume e uma bandeja na lateral esquerda para dois chips e um cartão de memória, ou seja, não será preciso escolher entre um segundo número ou expandir a memória interna.
A novidade desse modelo, e que leva o seu nome, é o suporte às redes 5G nos dois chips.
Na prática, isso significa que você pode usar todos os benefícios da rede móvel mais veloz independente de qual chip estiver ativo, alternando entre as duas linhas para usar a internet que estiver melhor no momento, por exemplo.
A tecnologia ainda não está disponível no Brasil, o que deve acontecer somente a partir de algum momento de 2022.
Contudo já é importante considerá-la em um aparelho atualmente se você estiver pensando em ficar com um smartphone por muito tempo.
Na lateral inferior, temos uma porta USB-C, uma de 3,5 mm para fone de ouvido e os furinhos para saída de som. Infelizmente, o Realme 7 5G não possui som estéreo, porém comentarei sobre a qualidade sonora mais abaixo.
Na lateral direita, há apenas o botão de energia que também funciona como leitor de digitais. Durante os testes, o sensor foi bastante preciso, mas achei a sensibilidade muito alta, fazendo com que o smartphone bloqueasse o método de desbloqueio por “excesso de tentativas”.
Uma boa notícia é que a interface da Realme traz um recurso que te faz clicar no botão de energia para o sensor ler sua digital, em vez de somente encostar.
Ainda na parte de conectividade, o Realme 7 5G é equipado com Wi-Fi 5 dual band, Bluetooth 5.1 e NFC, para pagamentos por aproximação.
O Realme 7 5G repete a sensação de robustez do seu irmão Realme 7, porém não traz um design original. No fim ele parece só mais um entre muitos smartphones básicos com visuais semelhantes.
— Diego Sousa
Tela
A tela do Realme 7 5G não se destaca em relação a do Realme 7 e de outros smartphones intermediários à venda no Brasil. Ela tem 6,5 polegadas com resolução Full HD+ (2.400 por 1.080 pixels) e tecnologia IPS LCD, características muito comuns entre dispositivos de mesma faixa de preço.
A qualidade do visor é boa, porém nada impressionante. A definição é ótima para consumo de mídias e os ângulos de visão são excelentes, cortesia do painel IPS.
Em contrapartida, as cores apresentam tons um pouco mais lavados, revelando uma certa limitação no painel que os aparelhos equivalentes da Motorola não possuem, por exemplo.
No dia a dia, o que mais me incomodou no Realme 7 5G foi o brilho. Num dia ensolarado, saí às ruas com o smartphone, e a luminosidade não foi suficiente para me garantir uma visualização muito agradável — muitas vezes me obrigando a fazer uma “cabaninha” com a mão para fazer sombra.
Além disso, ao dormir, o brilho mínimo ainda era forte e nunca me deixava ficar muito tempo no celular antes cair no sono. O smartphone até oferece um modo que reduz a emissão de luz azul da tela, mas ele prejudica a qualidade do display.
Muito escondido em uma das opções de tela do Realme 7 5G está a taxa de atualização. Ela vai até 120 Hz, que resumidamente significa a quantidade de vezes por segundo que um conteúdo é atualizado.
O sistema Realme UI 2.0 se adapta muito bem ao recurso, apresentando animações suaves na maioria dos aplicativos.
Se preferir, é possível deixar que o sistema selecione automaticamente a frequência da tela conforme o conteúdo exibido. Na prática, o recurso promete economizar energia, já que o aparelho não estará trabalhando com altas taxas de atualização sem necessidade.
A tela também não é um ponto de destaque do Realme 7 5G. O painel IPS LCD tem boa definição e ótimos ângulos de visão, mas as cores são muito lavadas e o brilho não é intenso.
— Diego Sousa
Configuração e desempenho
Internamente, o Realme 7 5G roda o chipset MediaTek Dimensity 800U, com oito núcleos de processamento trabalhando a até 2,4 GHz. A única variante vendida no Brasil traz 8 GB de RAM e 128 GB de armazenamento interno, expansíveis via cartão microSD.
No dia a dia, o Realme 7 5G não decepciona. Aplicativos básicos mais comuns, como Instagram, Twitter, WhatsApp e YouTube, abrem relativamente rápido, e não notei engasgos que prejudicassem a experiência.
Os 8 GB de memória RAM são um diferencial muito bem-vindo por aqui, já que mantêm aplicações abertas por mais tempo, além de deixarem a multitarefa bem suave.
O Dimensity 800U 5G não é melhor chipset 5G intermediário do mercado, mas ele é o típico “bom e barato”. Para comparação, a plataforma da MediaTek é equivalente ao Snapdragon 750G 5G, presente em outros smartphones 5G no Brasil, tanto em aplicações diárias como em jogos.
Por falar em games, a GPU ARM Mali-G57 presente no Realme 7 5G faz um bom trabalho, mas não notei uma diferença muito significativa em relação ao Realme 7. Ele segurou Dead By Daylight, um dos títulos mais pesados para Android, por alguns minutos nas configurações máximas a 30 fps.
Em Genshin Impact, outro game pesado para celular, tive um desempenho razoavelmente bom com gráficos setados no médio. Ocorreram alguns travamentos nos primeiros minutos na jogatina, mas ele aguentou um pouco mais que seu irmão sem 5G, principalmente nas configurações mínimas.
Call of Duty Mobile e PUGB Mobile, por outro lado, funcionaram de forma estável mesmo nas configurações avançadas. Houve um leve aquecimento na parte traseira, principalmente na região das câmeras, mas a experiência não foi prejudicada.
Para quem curte números e comparações, o Realme 7 5G performou bem no 3DMark, plataforma de benchmark, alcançando 1.588 pontos em um dos cenários. O resultado o coloca um pouco abaixo do OnePlus Nord, mas acima do Moto G 5G Plus, por exemplo.
Interface e sistema
O Realme 7 5G que eu testei veio com o Android 10 e a interface Realme UI. Alguns dias depois foi disponibilizada uma atualização para o Android 11 junto da atual Realme 2.0.
A personalização da chinesa continua muito bem otimizada e gostei bastante das opções de customização do sistema, indo desde os ícones dos aplicativos até as cores predominantes do sistema.
Entretanto, encontrei alguns problemas muito comuns em skins personalizadas de marcas chinesas. Além de falhas de tradução para o português do Brasil, as configurações do aparelho são extremamente confusas e cheias de submenus.
Por exemplo, há uma aba chamada “brilho da tela” que possui não só os controles de luminosidade, mas também a rotação automática e modos de cores, algo que não faz sentido. Além disso, foi muito difícil encontrar aonde se alterava a taxa de atualização da tela, opção que deveria ser de fácil acesso.
Câmeras
Curiosamente, o Realme 7 5G traz um conjunto fotográfico teoricamente inferior ao do seu irmão sem 5G. São quatro câmeras traseiras, sendo três muito parecidas com a do Realme 7: ultrawide de 8 MP, macro de 2 MP e profundidade, também de 2 MP.
O principal corte do Realme 7 5G está no sensor primário, já que as fotos são tiradas por uma lente de 48 MP, abertura de f/1.8 e foco por detecção de fase. O Realme 7, por sua vez, usa uma peça de 64 MP nas mesmas propriedades.
Câmera principal | 48 MP
Bom, apesar de trazer uma câmera principal inferior em relação ao seu irmão, as fotos com o sensor de 48 MP me impressionaram positivamente. Em boas condições de iluminação eu obtive ótimo alcance dinâmico, excelente definição e baixos níveis de ruído.
Talvez o mérito seja da ISP (processamento de sinal de imagem) do chipset Dimensity 800U, que compensa o hardware mais simples com um pouco saturação e contraste para conquistar o usuário. Particularmente, eu gosto muito dessas alterações, desde que não sejam agressivas.
Diferentemente do Realme 7, que teve um modo retrato eficiente na maioria das fotografias, o Realme 7 5G não apresentou uma qualidade semelhante a do irmão. Em muitos casos o software da câmera focou no fundo, deixando o objeto principal borrado. Além disso, as cores ficaram mais lavadas nesse modo.
Com relação ao modo noturno, notei uma leve exagero na nitidez e no brilho, resultando em ruídos mais visíveis, principalmente nos cantos das imagens. Entretanto, quando há uma incidência de luz para o sensor se basear, temos fotos boas para postar nas redes sociais.
Câmera ultrawide | 8 MP
Com 8 MP de resolução, a câmera ultrawide do Realme 7 5G não é boa. Assim como acontece em outros smartphones básicos, a definição é precária, principalmente nos cantos, e há bastante distorção. Além disso, a temperatura das imagens ficou quente, algo que não me agradou.
Câmera macro | 2 MP
A câmera macro do Realme 7 5G é daquelas que não faria falta se não tivesse no aparelho, assim como aconteceu em muitos modelos de entrada. Por ser um smartphone um pouco mais caro, esperava, pelo menos, um sensor de 5 MP para se aproximar dos resultados do Galaxy A52, por exemplo, que faz ótimas fotos macro.
Câmera frontal (selfie) | 16 MP
A câmera frontal de 16 MP também não me impressionou e repetiu alguns defeitos do Realme 7. O pós-processamento, por exemplo, tenta aplicar um efeito para deixar o rosto mais liso, mesmo com todos os filtros e modos de embelezamento desligados.
Pelo menos, em boas condições de luz o sensor capta bastante detalhes e deixa as imagens agradáveis, embora um pouco quentes.
Vídeos
Em vídeos, o Realme 7 5G consegue gravar em 4K a 30 fps ou 1080p a até 120 fps. Em condições de iluminação favoráveis obtive bons resultados, com ótima definição e cores vivas. Nenhuma das lentes possuem estabilização óptica de imagem, portanto as gravações não se mantêm estáveis.
Bateria
Com 5.000 mAh, a bateria do Realme 7 5G é um grande destaque do aparelho. Em um dos dias de teste, saí de casa por volta das 13h com o aparelho conectado tanto no 4G quanto no 5G em alguns momentos, tela setada em 120 Hz e brilho máximo. Às 19h, cheguei em casa e o smartphone ainda estava com 49%, uma autonomia excelente.
E eu não economizei nas tarefas durante esse período: usei bastante o Twitter, fiz alguns stories no Instagram, fotografei e gravei vídeos, e naveguei na web ocasionalmente.
No nosso teste padrão de Netflix, reproduzindo um filme de três horas, conectado ao Wi-Fi e brilho setado em 50%, o Realme 7 5G gastou 22% de carga, resultando em uma autonomia estimada de cerca de 13 horas. O resultado foi o mesmo obtido pelo seu sucessor, o Realme 8 5G, nas mesmas condições.
Vale mencionar que, para o nosso tradicional teste de Netflix, eu removi o chip de operadora para eliminar a interferência da flutuação de sinal de celular na autonomia de bateria. Contudo, isso influencia positivamente nos resultados de autonomia.
Com relação ao carregamento, o Realme 7 5G também faz um ótimo trabalho. Compatível com a tecnologia 30 W Dart Charge da própria Realme, o intermediário foi de 10% a 100% em cerca de 55 minutos, uma boa velocidade.
Entretanto, importante deixar claro que o modelo testado veio com um carregador no padrão americano. Ou seja, provavelmente você terá que comprar um adaptador.
A bateria do Realme 7 5G é um dos principais destaques. Mesmo com a tela no modo 120 Hz e conectado ao 5G em alguns momentos, o aparelho aguentou 1,5 dia sem problemas.
— Diego Sousa
Sistema de som
O Realme 7 5G compartilha muitas características com o seu irmão sem 5G, e uma delas é a qualidade sonora. Com apenas um alto-falante localizado na lateral inferior do aparelho, o smartphone não consegue dividir os instrumentos e os vocais, resultando em uma confusão sonora desagradável.
Entretanto, se a ideia for assistir a vídeos sem músicas e transmissões ao vivo, até que o aparelho oferece vocais definidos e potentes. Mas é aquilo, não espere uma qualidade muito diferente de outros aparelhos intermediários básicos.
Concorrentes diretos
Smartphones com 5G estão ficando cada vez mais acessíveis. O Realme 7 5G foi lançado em abril de 2021 como o “celular 5G mais barato do Brasil”, mas alguns modelos concorrentes já conseguem ser ainda mais populares.
O Moto G 5G é um deles. Equipado com o Snapdragon 750G, o intermediário da Motorola tem um desempenho equivalente ao Realme 7 5G, 6 GB de RAM e 128 GB de armazenamento interno.
A tela, por sua vez, é IPS LCD e tem 6,7 polegadas, maior que as 6,5” do Realme 7 5G, além de mais esticada verticalmente. O display agrupa ainda um sensor frontal de 16 MP que grava em até 1080p a 30 fps.
Nas câmeras, o Moto G 5G tem três, com destaque para a principal de 48 MP com tecnologia Quad Pixel. A qualidade das imagens é bem superior a do rival da Realme, e oferece mais modos de fotos.
Outro concorrente do Realme 7 5G é o Samsung Galaxy M52 5G. Lançado no Brasil em outubro de 2021, o smartphone é superior em quase todos os quesitos e não custa muito mais que o modelo da chinesa.
Entre os destaques há: chipset Snapdragon 778G, 6 GB de RAM, 128 GB de armazenamento e tela Super AMOLED de 6,7 polegadas com taxa de atualização de 120 Hz. O conjunto fotográfico também é muito superior, incluindo um sensor principal de 64 MP, um ultrawide de 12 MP e um macro de 5 MP.
Conclusão
O Realme 7 5G é um smartphone 5G barato que precisou economizar em muitas coisas para oferecer a nova tecnologia de rede móvel a um preço baixo.
Isso fica muito claro quando olhamos para ele como um todo. Tirando o desempenho ótimo em jogos e a bateria interessante, não sobra muito para destacar. A tela é de baixa qualidade, as câmeras são básicas, o software é confuso e o design, nada original.
Ainda assim, acredito que a Realme vem mostrando a cada lançamento que está no caminho certo para brigar com a Motorola no mercado de intermediários aqui no Brasil. Eu só penso que ela precisa rever a sua estratégia de lançamentos por aqui, porque já está ficando um pouco confuso.
Por exemplo, o Realme 7 5G foi lançado em território nacional em abril de 2021 com o título de "celular 5G mais barato". No entanto, em agosto do mesmo ano a chinesa apresentou o seu sucessor, o Realme 8 5G, com o mesmo slogan.
E é curioso que, apesar de ser um modelo da nova geração, o Realme 8 5G é teoricamente inferior em quase tudo se comparado com o Realme 7 5G — que já não é grande coisa: o chipset é mais básico, a tela é de 90 Hz e as câmeras são mais simples. Basicamente, só o visual recebeu novidades.
Outro detalhe que não faz sentido é a disponibilidade. Com o lançamento do Realme 8 5G, o modelo da geração passada basicamente sumiu dos estoques.
Dito tudo isso, eu ainda não recomendo um celular Realme para quem mora aqui no Brasil. A menos que você consiga importar um bom topo de linha custo-benefício da marca no exterior, as apostas da chinesa vendidas oficialmente no Brasil ainda não competem frente a frente com a concorrência local.
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