Review ASUS ROG Ally X | O melhor console portátil com Windows e Ryzen Z1
Por Jones Oliveira • Editado por Jones Oliveira |
O ASUS ROG Ally chegou ao mercado em 2023 como um forte concorrente ao até então soberano Steam Deck, mas sofreu com algumas falhas básicas de projeto e deixou a sensação de que poderia ser melhor. Tanto é que a companhia ouviu as queixas dos usuários e agora trouxe ao Brasil o ROG Ally X.
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O console portátil chega ao mercado nacional com uma série de melhorias em relação ao modelo original. De questões de ergonomia e usabilidade a melhorias de hardware, essa revisão do aparelho promete entregar experiência e desempenho em jogo aprimorados. Mas será que ela consegue?
Eu testei o ROG Ally X por cerca de duas semanas e conto para você neste review se esse portátil conseguiu rodar jogos recentes e populares em boa qualidade.
Especificações do ROG Ally X
O ROG Ally X traz o mesmo chip processador e tela da versão original. Ou seja: temos aqui um console portátil equipado com AMD Ryzen Z1 Extreme e display IPS Full HD (1920 x 1080) de 7 polegadas e 120 Hz. No geral, esse é um excelente conjunto, capaz de rodar uma variedade enorme de jogos em 1080p na faixa dos 60 FPS.
Os gráficos ficam a cargo da GPU integrada baseada na arquitetura RDNA 3. Graças a isso, o ROG Ally X tem boa compatibilidade com técnicas de upscaling e tecnologias de geração de quadros. Isso é importante para dar fôlego extra ao portátil e auxiliar o usuário a alcançar os 60 FPS ou até mesmo 120 FPS, dependendo do título que ele quer jogar.
Contudo, foram as mudanças que a ASUS fez na memória RAM do ROG Ally X que garantem mais fôlego e poder de fogo ao portátil. Nesta versão aprimorada, o console vem equipado com 24 GB de memória RAM (8 GB a mais que o original) com velocidade de 7.500 MT/s (1.100 MT/s a mais). Em sistemas como este, processador e vídeo integrado dependem fortemente de quantidade e velocidade de memória RAM — basicamente, quanto mais disponível, maior o desempenho.
Outra melhoria considerável é que o ROG Ally X tem bateria com o dobro de capacidade: sai de cena um modelo de 40 Whr e entra outro de 80 Whr. Apesar desse incremento, a autonomia da versão repaginada do portátil não chega a dobrar (provavelmente pelo incremento de RAM), mas tem um aumento importante.
A ASUS promoveu outras melhorias e ajustes importantes que impactam diretamente a experiência do usuário. É o caso, por exemplo, do armazenamento interno, que subiu de 512 GB para 1 TB. O sistema de resfriamento do ROG Ally X também foi revisto e retocado, empregando ventoinhas menores que promovem fluxo de ar maior. Graças a isso, o Ryzen Z1 Extreme tem mais folga térmica e consegue operar em frequências maiores por mais tempo.
Com essa série de melhorias a nível técnico, o ROG Ally X se apresenta não só como uma versão repaginada do portátil, como também mais avançada e com mais poder de fogo.
Ficha técnica ROG Ally X
- Processador: AMD Ryzen Z1 Extreme de 8 núcleos e 16 treads
- Clock máximo: 5,10 GHz
- GPU: Gráfico integrado AMD Radeon
- Clock máximo GPU: 2,7 GHz
- Unidades computacionais: 16
- Tela: IPS FHD (1920 x 1080) de 7 polegadas e 120 HZ sensível ao toque
- Memória RAM: 2x 12 GB LPDDR5-7500
- Armazenamento: 1 TB SSD NVMe PCIe 4.0 (2280), expansível até 8 TB
- Conectividade: 1x P2 para fone de ouvido e microfone, 1x USB-C 3.2 Gen 2 com DisplayPort e Power Delivery, 1x USB-C Thunderbolt 4 com DisplayPort 1.4 e Power Delivery 3.0, 1x leitor de cartão microSD
- Conectividade sem fio: Bluetooth 5.2 e Wi-Fi 6E
- Sistema operacional: Windows 11
- Bateria: 80 Whr
- Carregamento: Fonte de alimentação 65W
- Dimensões: 28 x 11,1 x 3,69 cm
- Peso: 678g
Design e construção
Após as críticas que o ROG Ally original recebeu, a ASUS foi bastante cuidadosa com o design e construção do ROG Ally X. Porém isso não significa que a companhia fez mudanças radicais no portátil.
Ele segue fabricado em plástico duro, embora tenha recebido a coloração preta para se diferenciar do seu irmão. O design é bastante semelhante à versão anterior: formato, tamanho e disposição dos botões parecem idênticos, sem alterações. No entanto, basta um olhar mais atento para perceber o que mudou de verdade aqui.
O ROG Ally X abandona as linhas retas e adota cantos arredondados, oferecendo mais conforto à pegada e aprimorando a ergonomia. As empunhaduras foram refeitas e agora estão maiores, proporcionando conforto às longas horas de gameplay com o portátil.
Curiosamente, essa mudança associada ao tamanho e peso ligeiramente maiores do ROG Ally X (devido principalmente à nova bateria de 80 Whr) não o tornam desconfortável. O portátil da ASUS ainda está dentro de um nível aceitável e, no geral, oferece experiência de uso confortável, sem cansar as mãos ou braços durante gameplays mais longas.
O aparelho também traz analógicos maiores, mais fáceis de manusear; e reduz os botões de memória posicionados em sua parte traseira — os antigos eram grandalhões e muitas vezes eram acionados por engano durante partidas mais agitadas. O D-Pad também foi revisado e está mais suave e preciso, bem como os botões de ação, que quase simulam um acionamento mecânico.
O ROG Ally lançado em 2023 foi duramente criticado por posicionar a porta para cartões microSD muito próxima aos VRMs, que sobreaquecem e não só derretiam os cartões de memória, como queimavam o leitor. A ASUS reposicionou essa entrada no ROG Ally X e parece ter solucionado o problema.
Esses pequenos ajustes têm um grande impacto na experiência de uso do ROG Ally X. No geral, ele é um console muito mais confortável e gostoso de usar que o modelo original, capaz de proporcionar longas horas de jogatina sem que o usuário se queixe de incômodos.
Conectividade
O ROG Ally X trouxe uma ligeira melhoria de conectividade. Aqui, talvez a maior mudança seja a remoção da antiga porta XG Mobile e adição de uma nova USB-C. Além de ainda permitir a conexão de uma eGPU caso o usuário queira incrementar o processamento gráfico do aparelho, ela faz muito mais sentido quando lembramos que o portátil é carregado via porta USB.
Então, antes era impossível utilizar qualquer outro acessório quando o aparelho estivesse ligado à tomada. Agora, mesmo quem não tem um hub USB pode jogar conectado à tomada ao mesmo tempo que usa um SSD externo, por exemplo.
Para além disso, o portátil se mantém democrático ao trazer porta P2 para conexão de fones de ouvido e microfone e atende usuários mais exigentes acrescentando compatibilidade com Thunderbolt 4 em uma de suas portas USB-C.
Com isso, é possível conectar HUBs USB de altíssimo desempenho (40 Gpbs) para expandir ainda mais a conectividade do produto, ligando monitor, dispositivos de armazenamento e periféricos em uma única porta.
Em termos de conexão sem fio, o ROG Ally X mantém a compatibilidade com Bluetooth 5.2 e Wi-Fi 6, alcançando com facilidade taxas de download de 1 Gb/s — essencial para o download rápido de aplicações e jogos.
Tela
A tela foi uma das poucas características que não receberam qualquer melhoria no ROG Ally X. O display é igual ao empregado na versão original do aparelho: um modelo IPS Full HD sensível ao toque de 120 Hz com 7 polegadas capaz de cobrir 100% do espectro sRGB.
A falta de novidades aqui pode incomodar algumas pessoas, mas a verdade é que essa tela é mais do que suficiente para oferecer uma boa experiência de gameplay. As 7 polegadas com resolução Full HD e 500 nits de brilho máximo são ideais para o que o ROG Ally X oferece: jogatina fluida em um dispositivo de pequenas proporções.
É verdade que já há opções com painel OLED (Steam Deck) e resolução QHD (Legion Go), mas a verdade é que todas elas são desperdício de recurso — sobretudo porque o hardware atual dos portáteis não conseguem tirar o máximo proveito dessas tecnologias.
Assim, tendo em vista que o ROG Ally X é uma versão aprimorada do ROG Ally, e não necessariamente um novo modelo, faz sentido manter um aspecto que já era suficiente e funcionava muito bem.
Usabilidade
Consoles portáteis como o ROG Ally X têm um grande apelo com o público por apresentarem um fator de forma compacto e potente o suficiente para rodar o Windows e qualquer tipo de jogo na palma da mão. O problema é que essa invenção apresenta problemas e tenta contorná-los com alguns artifícios que nem sempre funcionam.
E isso é curioso, pois ao mesmo tempo que o Windows 11 é um dos principais atrativos do ROG Ally X, também é a principal fonte de seus problemas. Isso acontece porque o SO da Microsoft foi feito especificamente para ser usado com mouse e teclado e qualquer tentativa de fazer isso de um jeito diferente é bastante complicado.
Ícones e fontes pequenos, funcionamento baseado em dois cliques diferentes, posicionamento pouco intuitivo dos botões... Essas e outras características do sistema empobrecem a usabilidade do portátil da ASUS, mesmo que a fabricante tenha disponibilizado diferentes formas de interação.
A tela sensível ao toque do ROG Ally X é bastante competente, mas simplesmente não funciona com o Windows 11. E embora seja possível simular o uso do mouse com o analógico direito do console, operações como clicar e arrastar, copiar e colar ou até mesmo selecionar múltiplos arquivos são desafios muito particulares e que me fizeram lembrar das minhas primeiras aulas de informática no início dos anos 1990.
E aí chegamos ao que parece ser a solução perfeita para tudo isso: o Armoury Crate. Software proprietário da ASUS, ele atua como um hub que reúne em um só lugar todas as lojas de games e todos os jogos instalados no ROG Ally X. Quando inicia junto ao sistema, o app atua como uma camada intermediária que melhora consideravelmente a usabilidade do portátil, sobretudo se seu uso for exclusivamente para jogos.
Nesse cenário, não é preciso sequer sair do Armoury Crate para selecionar o título para jogar — tudo é feito ali, dentro do app, sem ter de recorrer a touchscreen ou ponteiro do mouse.
O usuário também pode personalizar e fazer ajustes importantes no ROG Ally X a partir do Armoury Crate. É possível, por exemplo, definir o perfil de desempenho do console, modificar quanto de memória RAM vai ser alocada para VRAM, customizar a iluminação RGB dos analógicos, calibrar a sensibilidade dos gatilhos etc.
Porém, a experiência no app da ASUS degrada quando temos de recorrer às lojas para baixar e instalar os jogos. Cada uma apresenta uma usabilidade diferente, a maioria das vezes nos puxando de volta para a experiência sofrida do Windows sem mouse nem teclado, dificultando processos que são simples e confundindo o usuário.
A exceção a essa regra é a Steam, que sempre abre no modo Big Picture, com interface feita sob medida para esse tipo de aparelho e navegabilidade 100% compatível com os controles do ROG Ally X.
É importante reforçar que o problema de usabilidade não é um defeito inerente ao ROG Ally X, e sim do Windows, que está longe de conseguir atender os consoles portáteis. A ASUS até se esforça para contornar esse problema, mas acaba sendo vítima da escolha que fez de apostar em um sistema amplamente popular e consolidado, mas que impõe uma curva de aprendizado íngreme nesse fator de forma.
Bateria e temperatura
A bateria do ROG Ally X dobrou de capacidade em relação ao modelo original de 2023. Apesar desse salto considerável de 40 Whr para 80 Whr, o componente não necessariamente entrega o dobro de autonomia.
Isso acontece devido à memória RAM mais rápida e sistema de refrigeração mais eficiente, que permite que CPU e GPU operem em frequências mais altas por mais tempo e, consequentemente, consumam mais energia.
Mesmo assim, o ROG Ally X me agradou bastante durante meus testes. No teste padronizado de autonomia de bateria do Procyon que executo para os reviews do Canaltech, com volume e brilho de tela em 50% e perfil energético no modo "Desempenho" (15W), o portátil da ASUS executou rotinas de escritório por pouco mais de 4 horas e meia, ficando bem acima do Lenovo Legion Go, que registrou apenas uma hora e meia.
Em outra bateria de benchmark executando teste sintético de execução de jogos do PCMark 10, o dispositivo da ASUS permaneceu longe da tomada por quase 2 horas e 10 minutos.
Em relação às temperaturas de operação, não senti nenhum desconforto durante as sessões de gameplay. Isso mostra quanto a estrutura do ROG Ally X é capaz de isolar e dissipar as altas temperaturas dos componentes sem que o usuário sinta qualquer inconveniência.
Ainda assim, nem de longe isso significa que o ROG Ally X não esquenta. Apesar de oferecer uma solução de refrigeração mais robusta e silenciosa, o portátil da ASUS alcança temperaturas elevadas durante as gameplays. Nos meus testes, o Ryzen Z1 Extreme alcançou máxima de 89°C, enquanto os gráficos integrados alcançaram um teto de 67°C.
Muito embora as temperaturas possam surpreender algumas pessoas, elas são perfeitamente normais. Refrigerar aparelhos com essas dimensões é um grande desafio, algo que a ASUS conseguiu gerenciar — seja mantendo um teto de operação térmica seguro, com 10°C de folga; seja não transferindo qualquer desconforto ao usuário.
Desempenho em jogos
Por não estar avaliando um dispositivo projetado para trabalho, eu não realizei testes de produtividade com o ROG Ally X, mesmo sabendo que em uma emergência ele poderia ser utilizado para essa finalidade.
Assim, o foco dos testes é mostrar o desempenho do ROG Ally X fazendo aquilo para o que ele foi projetado: rodar jogos. Como a proposta do portátil é oferecer experiência de gameplay em Full HD, todos os benchmarks foram executados em 1080p, com passagens em qualidade mínima e máxima, ambas no perfil energético "Turbo", de 30W, com o aparelho ligado à tomada.
Com isso, o objetivo é mostrar os dois extremos de desempenho do aparelho, dando uma noção de quantos FPS você obterá sacrificando qualidade gráfica ou quanto de qualidade poderá ter sacrificando a fluidez do gameplay.
Analisando os gráficos, chama bastante atenção quanto o ROG Ally X se desprende do Legion Go. Apesar de ambos usarem Ryzen Z1 Extreme, os 24 GB de memória RAM LPDDR5-7500 conferiram uma vantagem de desempenho de 29% ao portátil da ASUS.
Outro fato relevante e que merece destacar é como o ROG Ally X se aproxima do desempenho de notebooks equipados com gráficos dedicados. Jogos como o RTS Ashes of the Singularity, o simulador de corridas Forza Horizon 5 e o FPS Metro Exodus parecem tirar mais proveito da frequência mais alta da memória RAM do portátil, que performou muito próximo de laptops com RTX 3050 e até RTX 4060.
Os testes que eu executei mostram que o ROG Ally X tem bastante potencial e é capaz de entregar taxas de FPS maiores. Recorrendo a tecnologias de upscaling e geração de quadros, é possível ampliar ainda mais a quantidade de quadros renderizados por segundo, incrementando sensivelmente a fluidez da gameplay.
Prova disso é que, em outra bateria de testes, eu ativei o AMD FSR em modo desempenho e obtive melhoras consideráveis em Cyberpunk 2077 (26 para 52 FPS no mínimo), Far Cry 6 (37 para 57 FPS no máximo) e Shadow of the Tomb Raider (36 para 50 FPS no máximo).
Concorrentes diretos
A concorrência no mercado de consoles portáteis ainda é bastante restrita, e ainda menor quando levamos em consideração apenas modelos lançados oficialmente no Brasil.
Com isso em mente, o principal concorrente do ASUS ROG Ally X no Brasil atualmente é o Legion Go. Portátil da Lenovo, ele se destaca pela tela QHD de 8,8 polegadas e por oferecer versões com 512 GB ou 1 TB de armazenamento. Seus pontos fracos são a bateria com baixa autonomia e usabilidade ainda mais comprometido no Windows 11.
Ainda no mercado nacional, o ROG Ally original também se apresenta como um potencial concorrente do ROG Ally X. Com especificações mais modestas, essa versão agora se posiciona como uma boa opção de entrada no mundo dos portáteis, ainda mais agora que seu preço foi reajustado e ficou bem mais atraente.
Quem se aventura nas importações, o Steam Deck é referência no mercado de portáteis e o principal concorrente do ROG Ally X. Embora tenha ficha técnica muito mais simples, o portátil da Valve funciona com o SteamOS, uma distro Linux feita sob medida para rodar a Steam e seus jogos e que oferece uma experiência de uso extremamente agradável.
Vale à pena comprar o ASUS ROG Ally X?
O ASUS ROG Ally X entrega o que promete, apresentando-se como um dos portáteis mais potentes da categoria, capaz de oferecer uma boa experiência de gameplay em Full HD na faixa dos 60 FPS.
Os ajustes feitos pela ASUS também tornaram esta versão repaginada do console extremamente prazerosa de usar. A pegada está muito mais confortável e permite que o ROG Ally X seja usado em qualquer ambiente, seja dentro ou fora de casa, parado ou em trânsito. A autonomia de bateria de mais de 2 horas em gameplay é outro ponto alto e tornou o console referência entre os portáteis no quesito.
Há, sim, alguns problemas de usabilidade, mas eles não desabonam o ROG Ally X, e na verdade não são inerentes a ele, e sim ao Windows. Por isso, é mais justo afirmar que se você comprar o portátil da ASUS, terá de passar por um período de adaptação para reaprender a usar o sistema da Microsoft.
No fim, o saldo é positivo e o ROG Ally X desponta como o melhor console portátil equipado com Ryzen Z1 Extreme e com Windows. Tanto é que a ASUS cobra caro por isso: no Brasil, o console foi lançado por R$ 7.999 na loja oficial da marca. Se isso não for um impeditivo, vale à pena comprar um ROG Ally X.