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Microsoft, Mozilla e Opera também se opõem ao FLoC, os "novos cookies" do Google

Por  • Editado por  Douglas Ciriaco  | 

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Igor Almenara/Canaltech
Igor Almenara/Canaltech

O movimento contra o “novo modelo de cookies” do Google tomou proporções ainda maiores na sexta-feira (16). A Microsoft, Mozilla e Opera se juntaram ao Vivaldi, Brave e DuckDuckGo na luta contra o Federated Learning of Cohorts (FLoC), medida elaborada pelo Google que caminha a passos largos para remodelar o mercado de anúncios da internet.

Esse seria o primeiro duro golpe contra a iniciativa do Google, visto que seus dois maiores concorrentes se opuseram ao seu padrão e seus esforços enfraquecer a adesão do FLoC no segmento de anúncios. Juntos, a ação tem maior chance de chamar a atenção da Gigante das Pesquisas e motivar mudanças no padrão antes que chegue à versão final.

Da dupla, talvez o mais impactante seja o Edge. Criado sobre o Chromium, “motor” de código aberto do Google, o navegador da Microsoft seria de grande ajuda para popularizar os “novos cookies” — mais ainda devido a sua vice-liderança em popularidade. Contudo, em nota enviada ao site The Verge, a companhia nega a adoção da ferramenta.

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“Nós acreditamos num futuro em que a internet proporcionará privacidade, transparência e controle para as pessoas, ao mesmo tempo que favorecendo pequenas empresas na criação de um ecossistema diverso e aberto”, explica a Microsoft. “Como o Google, nós adotamos apoiamos soluções com que levem em conta o consentimento do usuário, e não aquelas que sobrepõem as suas escolhas.”, complementa.

Diferente das demais companhias que integram a oposição ao FLoC, a Microsoft não foi tão direta quanto a sua falta de apoio. A companhia menciona alguns dos problemas contidos no padrão centralizado de cookies, como a falta de consentimento e a facilitação para métodos de rastreamento como fingerprinting. Entretanto, o comunicado reitera que o segmento de navegadores esteja caminhando para um modelo de propagandas “não identificável”, um dos pilares que sustenta o modelo do Google.

"Consentimento" é a palavra de ordem

Junto da Microsoft está a Mozilla. Também em resposta a questionamentos do The Verge, a companhia não parece interessada na proposta de unificação de cookies do Google.

“Nós não compraremos a ideia de que a indústria precisa de bilhões de fontes de dados sobre pessoas, que são coletados e compartilhados sem seu conhecimento para gerar anúncios mais relevantes. Para [evitar] isso, criamos o Enhanced Tracking Protection e o habilitamos como padrão para barrar bilhões de rastreadores diariamente, e continuamos inovando em novos meios para proteger as pessoas que utilizam o Firefox”, defende a Mozilla em comunicado.

Para ela, privacidade e propaganda podem coexistir e a indústria de anúncios é capaz de operar diferente do que fez nos últimos anos. A Mozilla se colocou em posição para ajudar na elaboração de soluções, mas respeitando seus pilares sobre privacidade.

Para finalizar, a resposta do Opera assumiu o mesmo tom. Sua detentora Opera Softwares ressalta o compromisso com a preservação da privacidade da sua base de usuários, exaltando no processo alguns dos recursos integrados ao browser que reforçam essa visão.

“Como vocês devem saber, o Opera tem um longo histórico na introdução de ferramentas de privacidade que beneficiam os usuários: ele foi o primeiro grande navegador a introduzir um bloqueador de anúncios nativo, VPN e várias outras medidas direcionadas a isso”, revela a companhia

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“O mais importante agora é dar um fim aos cookies de terceiros, algo que reduzirá significativamente o rastreamento entre sites na internet. Enquanto nós e outros navegadores estamos discutindo alternativas melhores para a preservação de privacidade em anúncios incluindo o FLoC, nós não temos planos para habilitá-lo nos navegadores Opera em seu atual formato.", finaliza a Opera.

Por que o FLoC pode ser nocivo?

As grandes críticas acerca do FLoC do Google envolvem aspectos comerciais e sobre a privacidade dos usuários da internet como um todo. A coleta de dados centralizada do Google começou a ganhar notoriedade a partir do seu anúncio, logo seguido da introdução discreta em distribuições de teste do Chrome, indicando desenvolvimento acelerado de uma iniciativa cujos desdobramentos não pareciam bem explorados.

O padrão de “cookies centralizados” do Google visa substituir a vastidão de cookies da internet com recursos integrados ao navegador que coletam informações baseadas no histórico de navegação para encaminhar propagandas. Contudo, diferente dos mecanismos atuais, a medida busca “mascarar” a identidade das ações em coortes: grandes aglomerados de usuários com os mesmos hábitos online.

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Embora pareça atrativa no papel, a medida pode ferir a liberdade dos usuários. Por se tratar de uma coleta integrada ao browser e, no caso do Chrome, de ativação quase invisível, a “autorização” para o fornecimento de dados é quase imperceptível. Além disso, a unificação de usuários em coortes, se mal implementado, geraria o efeito oposto, facilitando a prática de fingerprinting e expondo toda a internet no processo.

Em aspectos comerciais, isso impacta significativamente a distribuição desse mercado. O Google assumiria um papel ainda mais relevante no direcionamento de propagandas, o que seria bom para a própria recente receita — mas sufocando concorrentes menores no processo.

Ainda não há previsão para que o FLoC chegue à versão final, tampouco se passará por mudanças antes desse momento. A medida é encarada como uma “proposta” para o ecossistema de navegadores, não somente um recurso do Chrome. Por isso, todas as empresas que concorrem nesse setor precisam estudar a possibilidade de adotá-la.

Os desdobramentos causados pelo FLoC podem acontecer por mais alguns meses. Por agora, resta aguardar a manifestação de outras empresas envolvidas e possíveis reflexões sobre a iniciativa por parte do Google.

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Fonte: The Verge