ESG: o que é e por que as big techs estão de olho nisto?
Por Stephanie Kohn | •

Se você acompanha as notícias do mercado financeiro já teve ter ouvido falar de ESG, mas se nunca ouviu o termo, fique tranquilo, vamos explicar. Estas três siglas têm sido utilizadas por consultores financeiros, bancos e fundos de investimento para avaliar empresas de acordo com seus impactos e desempenho em três áreas: Meio Ambiente, Social e Governança Corporativa, ou, em inglês: Environment, Social and Governance (ESG).
Sendo assim, nos últimos anos, especialmente nos últimos meses, as big techs têm surfado a onda ESG e anunciado compromissos globais com o meio ambiente, iniciativas para ajudar a comunidade a sua volta, e metas para aumentar a diversidade de seus colaboradores. Isso demonstra que o setor de tecnologia está empenhado em aplicar práticas e a cultura ESG em suas operações.
Apple e Microsoft, por exemplo, anunciaram nas últimas semanas que querem se tornar neutras em carbono até 2030. A Amazon declarou que, até 2040, não irá mais emitir CO2 e terá até 2025 para substituir toda energia de suas operações para renováveis. A Intel pretende ter 40% de mulheres em posições técnicas até 2030 e a SAP quer ter 30% de mulheres em cargos de liderança em cinco anos. HP, Dell, Google, IBM e outras também se mostraram engajadas com os temas, cada uma a sua maneira.
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Velho Capitalismo x Novo Capitalismo
Antigamente o que era visto como uma boa empresa para se investir era uma corporação que apenas maximizava os lucros e o instrumento para isso era apertar os fornecedores, reduzir custos, colocar o colaborador para trabalhar mais e etc. Contudo, a maneira como as empresas tentavam aumentar os ganhos onerava todos a sua volta e uma hora o modelo se esgotou.
"O turnover [substituição] de funcionários era grande, a relação com o fornecedor era ruim. Tudo aquilo que parecia ser redutor de lucro se mostrou justamente o contrário. Com menos trocas de funcionários, havia mais produtividade, os clientes e fornecedores ficavam mais felizes e o lucro aumentava. Eles entenderam que esse jogo é mais bem jogado", ressalta o gestor.
Assim, aos poucos foram surgindo empresas que antagonizam com o capitalismo tradicional. As corporações começaram a entender que, ao contemplar todos os stekeholders [todas as partes interessadas na empresa], tudo melhora, especialmente os resultados.
"ESG é sobre treinar pessoas, tratar clientes, fornecedores e colaboradores bem, ajudar a comunidade a sua volta, criar um bom ambiente de trabalho, não comprometer a natureza. É uma virada de chave que muda da velha economia para a nova", completa.
O comentário de Fabio corrobora com um estudo realizado pela Nielsen, feito há cinco anos. A consultoria entrevistou cerca de 30 mil pessoas de 60 países diferentes e descobriu que 66% dos entrevistados estavam dispostos a pagar mais por produtos e serviços de companhias responsáveis - seja em relação ao meio ambiente ou social. Quer dizer, não são somente os investidores que estão cobrando as companhias por mais engajamento, mas a demanda vem dos próprios clientes.
"O consumidor tem o maior poder. E com a troca geracional esse poder será ainda maior. O poder das redes sociais, da conversa… Se a escuta das empresas for genuína, se a área pública conseguir escutar as demandas, vai entender o que deve ser feito. E se a empresa não escutar os consumidores já é prenúncio de que não entenderam muito bem", finaliza o gestor.
Para explorar mais esta tendência que veio para ficar, o Canaltech falou com grandes empresas do setor e vai apresentar, em uma série inédita, os projetos de cada uma delas nos segmentos mencionados (Meio Ambiente, Social e Governança). Não deixe de nos acompanhar para conhecer mais profundamente as estratégias das companhias que fazem parte do nosso dia a dia. No primeiro episódio, mostraremos as propostas da SAP. Até lá!