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Vulcões com erupções moderadas podem provocar uma catástrofe global, diz estudo

Por| Editado por Patricia Gnipper | 10 de Agosto de 2021 às 13h50

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twenty20photos/Envato
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Normalmente, são as grandes erupções vulcânicas que chamam a nossa atenção, principalmente pelo risco que estes fenômenos impactantes podem oferecer. No entanto, embora poderosos, eles são mais raros. Em um novo estudo, cientistas alertam que não seria necessária uma grande erupção vulcânica para desencadear uma catástrofe global — de acordo com a pesquisa, eventos vulcânicos de escala bem menor podem ser suficientes para colocar o mundo moderno em perigo.

Lara Mani, principal autora do estudo conduzido pela Universidade de Cambridge, no Reino Unido, explica que, mesmo uma pequena erupção, dependendo de sua localização, pode gerar tremores e cinzas suficientes para interromper redes fundamentais para o suprimento global e sistemas financeiros. Mani relata que, na literatura vulcânica, os cálculos de risco avaliam mais as grandes explosões, quando os riscos prováveis vêm de eventos moderados.

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Em 1991, a erupção do Monte Pinatubo atingiu magnitude 6, cerca de 100 vezes mais poderosa do que a erupção de Eyjafjallajökull, na Islândia, em 2010. Embora este último fosse o mais “fraco”, foi a erupção mais cara da história, gerando um prejuízo para a economia global estimado em US$ 5 bilhões, enquanto o evento do Monte Pinatubo gerou prejuízo de US$ 740 milhões. Os pesquisadores chamam esta diferença de “assimetria VEI-GCR”, onde o perigo dos vulcões (risco catastrófico global, tradução da sigla GCR) não aumento junto ao poder deles (índice de explosividade vulcânica, VEI).

Antes, as avaliações de risco vulcânico sugeriam que, quanto mais poderosa uma explosão, maior seu perigo em escala global. No entanto, os autores apontam que este pode não ser mais o caso, uma vez que grande parte da infraestrutura do mundo — como passagens marítimas internacionais, cabos de telecomunicação submarinhos e rotas de transporte aéreo — estão próximas de vulcões com potência moderada (VEI 3 a 6). "Essas regiões de interseção, ou "pontos de aperto", apresentam localidades onde priorizamos a eficiência sobre a resiliência e fabricamos um novo cenário global de risco catastrófico", acrescenta Mani.

De acordo com o estudo, existem sete desses “pontos de aperto” ao redor do planeta onde elementos críticos de infraestrutura estão perigosamente próximos às erupções de magnitude moderada. Em Taiwan a produção em grande quantidade de microchips está ameaçada pelo Grupo Vulcânico Tatun (TVG, na sigla em inglês). Nos EUA, os eventos moderados no noroeste do Pacífico podem interromper o comércio e as viagens entre o país e do Canadá.

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Além disso, os vulcões da Islândia têm capacidade de bloquear o tráfego aéreo entre Londe e Nova York, atrasando as redes de comércio e transporte. Outros desses pontos, localizados no Mediterrâneo e ao redor da Malásia, ameaçam uma das rotas marítimas mais importantes do mundo. O Estreito de Luzon, importante rota de cabos de telecomunicações subaquáticos que ligam China, Hong Kong, Taiwan, Japão e Coreia do Sul, também está sob ameaça.

De todo modo, os pesquisadores ressaltam que é hora de mudar a maneira como encaramos o risco vulcânico extremo. "Precisamos deixar de pensar em termos de erupções colossais destruindo o mundo, conforme retratado nos filmes de Hollywood”, acrescenta. As erupções de menor magnitude, ao interagirem com nossas vulnerabilidades sociais, podem provocar catástrofes globais.

A pesquisa foi publicada no dia 6 de agosto deste ano na Nature Communications.

Fonte: ScienceAlert