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Rio perdido foi indispensável para construir pirâmides no Egito

Por| Editado por Luciana Zaramela | 17 de Maio de 2024 às 14h11

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Ghoneim et al./Nature Communications Earth & Environment
Ghoneim et al./Nature Communications Earth & Environment

Qualquer um que observe o mapa de todas as pirâmides no Egito vai notar um padrão curioso: uma linha mais ou menos vertical das construções em meio ao deserto, a quilômetros do atual curso do rio Nilo. Em pesquisas recentes, incluindo uma descoberta geográfica do ano passado, cientistas descobriram que um braço extinto do principal rio do Egito passava por essa linha piramidal.

Foi só na última quinta-feira (16), no entanto, que publicou-se na revista científica Nature a versão final da pesquisa que explora o antigo curso do Nilo. A autoria é da equipe de Eman Ghoneim, pesquisadora da Universidade da Carolina do Norte. A novidade inclui a descoberta de que o corpo d’água não era um mero córrego, mas sim um veio principal do rio, chegando a rivalizar com suas medidas atuais. 

O extinto rio e as Pirâmides

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Na linha que o extinto rio seguia, estão localizadas mais de 30 pirâmides, algumas construídas há mais de 4.500 anos. Ela vai de Gizé até a cidade de Lixte, ficando no atualmente inabitável Deserto Ocidental egípcio, que faz parte do Saara. A Grande Pirâmide de Gizé e suas irmãs próximas estão incluídas nesta conta.

O achado foi feito graças a imagens de satélite, com posterior pesquisa geofísica e coleta de amostras sedimentares. Em alguns trechos, o braço do Nilo chegava a 500 metros de largura, equivalente às medidas do próprio Nilo em muitos locais. Com 64 quilômetros de extensão, a extinta extensão fluvial ganhou o nome de Ahramat pelos pesquisadores, que significa “pirâmide” em árabe.

Segundo análises, o Ahramat começou a ser engolido pelo deserto há cerca de 4.200 anos, séculos após a construção das pirâmides. Uma forte seca teria deixado o curso de água exaurido, e a faixa teria sido coberta com areia trazida pelo vento, ficando enterrado sob as dunas do deserto.

Cidades e vilas egípcias acabaram abandonadas e engolidas pela areia, e não temos ideia de onde encontrá-las, de acordo com os cientistas. Foi em torno da mesma época que os saurópodes cresceram até o tamanho colossal que conhecemos — eles são os famosos “pescoçudos” da família —, provavelmente também por conta das mudanças climáticas.

Eles viviam em biomas de campo relativamente áridos, o que, segundo os pesquisadores, refuta a ideia de que não teriam ido aos polos para comer o alimento disponível nas florestas úmidas. O rio teria sido indispensável para a construção das pirâmides, já que permitia o transporte de pedras e trabalhadores por todo o Egito — fazer o mesmo pelo deserto requer muito esforço adicional.

Fonte: Nature Communications earth & environment