Múltiplas ameaças colocam histórico delta do Rio Nilo em risco
Por Rodilei Morais • Editado por Patricia Gnipper |
O icônico delta do Rio Nilo — base da antiga civilização egípcia e até hoje importante para a região — está ameaçado por uma série de fatores ambientais, indica estudo da Universidade do Sul da Califórnia (USC). Poluição por metais pesados, erosão costeira e intrusão de água salgada estão entre os processos que podem afetar a vida de diversas espécies animais e de mais de 60 milhões de pessoas.
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O árido país do Egito é altamente dependente da fertilidade que o Nilo fornece à região, provendo água para a irrigação da agricultura e abastecimento da população. Uma diminuição dessa capacidade, porém, está acontecendo há décadas e, até hoje, ela vem sendo subestimada.
Essam Heggy, cientista espacial egípcio e pesquisador da NASA e da USC, liderou um estudo para avaliar o impacto ambiental no do delta do rio — região onde o corpo d’água se divide em diversos braços e encontra o mar. Heggy afirma que “a civilização que prosperou neste cenário por mais de 7.000 anos deve encarar a realidade de uma degradação irreversível em larga escala.”
O Nilo está recebendo contaminantes de resíduos agrícolas, municipais e industriais não tratados. Isso vem deixando na água e em seu leito poluentes como cádmio, níquel, cromo, cobre, chumbo e zinco. Os cientistas temem que não haja volta para a poluição por estes metais — diferentemente do que acontece com poluentes orgânicos, eles não se degradam com o tempo e podem ficar permanentemente impregnados no solo.
As concentrações destes metais vem aumentando graças a projetos de barragens, que transformam o fluxo natural do rio e diminuem sua capacidade de dispersar os poluentes, permitindo que eles se acumulem com o tempo. Com um tratamento adequado da água utilizada pelas indústrias e pela agricultura, pode não ser tarde demais para salvar o mais extenso rio do mundo — embora o rio Amazonas tenha mais volume de água, o Nilo o supera em comprimento.
Heggy afirma que “nosso estudo destaca a necessidade de mais pesquisas nos impactos que a água não-tratada tem causado no rio”. O cientista também reforça a importância da colaboração entre todas as nações que integram a bacia do Nilo para manter o ecossistema saudável.
Além do Egito, o Nilo passa por mais dez países, como Quênia, Etiópia, Sudão e Sudão do Sul. Para estes dois últimos e para o próprio Egito, o rio é a principal fonte de água potável.
Fonte: Earth's Future Via: Phys.org