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Processo físico que repara as fissuras no gelo da Antártica começa a falhar

Por  • Editado por  Patricia Gnipper  | 

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Reprodução: ESA
Reprodução: ESA

Com o agravamento das mudanças climáticas, o gelo localizado nos polos da Terra está perdendo seu volume e cada vez mais em um ritmo acelerado. Um grupo de pesquisadores analisou o que tem provocado a quebra das plataformas de gelo da Antártida para além do aquecimento global, descobrindo que uma espécie de "cola", responsável por manter o gelo quebrado ainda unido, é tão vulnerável à crise climática quanto os grandes blocos congelados.

O maior problema com a fragmentação dos blocos de gelo é que, ao se partirem de vez, uma vez no mar, o iceberg se torna mais vulnerável ao derretimento. Antes disso, quando o gelo começa a se tornar fino, a cola gelada (formada pela água já derretida) conhecida como mélange, preenche as fissuras que eventualmente vão surgindo com o desgaste. Com isso, o gelo quebrado é fundido, mas essa cola também está ameaçada pelo aumento da temperatura global.

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Na pesquisa, os cientistas conduziram três simulações com cenários distintos. Primeiro com a plataforma de gelo diminuindo, depois com o mélange e, então, com ambos. Quando a cola permanecia inteira, o gelo foi reparado, mas, quando ela começou a enfraquecer, as fraturas aumentaram rapidamente. “É outra maneira pela qual a mudança climática pode causar um rápido recuo das plataformas de gelo da Antártica”, explica o glaciologista Irvine Eric Rignot, co-autor do estudo.

Com esta nova informação, Rignot ressalta a necessidade de que as atuais projeções climáticas, assim como o padrão de derretimento do gelo nos polos, sejam revalidadas. “O momento e a extensão do aumento do nível do mar devido à perda de gelo polar - ou seja, pode ocorrer mais cedo e com um estrondo maior do que o esperado”, acrescenta o glaciologista. Uma vez que a cola gelada derrete, ela não desempenha mais seu papel reparador.

Os pesquisadores concluíram que a perda do mélange já é suficiente para explicar a causa de muitas fraturas nas plataformas de gelo ocorridas nas últimas décadas; afinal, o aquecimento global é um problema de longa data. Infelizmente, a temperatura global não para de subir e, com isso, não apenas a Antártida, como também o Ártico, perderão ainda mais seu mecanismo natural de reparação, acentuando o derretimento em curso.

A pesquisa foi integralmente publicada no período científico PNAS.

Fonte: Futurism