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Por que a morte dos dinossauros tem tudo a ver com uvas e vinho

Por  • Editado por Luciana Zaramela | 

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PickPik/Domínio Público
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Gosta de vinho? Pois na próxima vez que abrir uma garrafa da bebida, lembre-se de agradecer ao asteroide que exterminou os dinossauros, há 66 milhões de anos. Pesquisadores encontraram alguns dos fósseis mais antigos de uvas do mundo, os primeiros das Américas, e descobriram como o sumiço dos grandes répteis ajudou o fruto a se desenvolver plenamente.

Especialistas de diversos museus americanos descreveram o achado na revista científica Nature Plants — são sementes de uva fossilizadas que variam entre 19 e 60 milhões de anos de idade, vindas da Colômbia, Panamá e Peru. Elas mostram como a família da planta se espalhou após a queda dos dinos, sendo alguns milhões de anos mais jovens que as mais antigas encontradas no hemisfério leste.

Uvas, sementes e dinossauros

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Os tecidos moles dos frutos raramente ficam preservados, então sementes de uva são o que encontramos em estado fóssil. As mais antigas do mundo foram encontradas na Índia, com 66 milhões de anos, não por coincidência — foi nessa época que o asteroide caiu, nas proximidades da Península de Yucatán. Como isso está ligado às plantas, no entanto?

Segundo os cientistas, os dinossauros alteravam o meio-ambiente, especialmente as florestas: os maiores deles, ao andar pela vegetação, derrubavam árvores, tornando os ambientes muito mais abertos do que são hoje.

Sem a “poda” saurópode, no entanto, as florestas tropicais puderam se desenvolver plenamente, como as da América do Sul, ficando densas e criando o dossel, acima, e o sub-bosque, ou floresta de baixa estatura, abaixo.

A partir da extinção dos répteis massivos, a ciência começa a notar mais plantas que usam vinhas para subir nas árvores em busca de luz, como as uvas. Pássaros e mamíferos também se diversificaram na época, ajudando as uvas a dispersar suas sementes com mais eficiência.

O fóssil sul-americano encontrado primeiro, em 2022, está na casa dos 60 milhões de anos, e foi nomeado Lithouva susmanii após confirmar ter pertencido a uma antiga uva. O nome homenageia Arthur T. Susman, apoiador da paleobotânica da América do Sul no Museu de Campo de História Natural de Chicago, um dos participantes do estudo. O significado do nome científico é “uva de pedra de Susman”.

O curioso é que a semente é parente distante das uvas modernas das Américas, algumas das espécies mais novas encontradas posteriormente (Leea) só podem ser encontradas no hemisfério leste, mostrando a jornada tumultuosa das uvas na evolução.

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Elas já foram extintas diversas vezes nas Américas Central e Sul, mas seguem sobrevivendo e se adaptando. Isso revela aos cientistas como as crises de biodiversidade ocorrem, o que pode nos ajudar a entender e prevenir extinções em massa — e nos conta um pouco mais sobre a história da evolução das florestas.

Fonte: Nature Plants, Field Museum