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Paleobotânicos brasileiros descobrem fóssil de planta de 280 milhões de anos

Por| Editado por Luciana Zaramela | 14 de Junho de 2021 às 16h00

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Rafael Spiekermann
Rafael Spiekermann

Pesquisadores anunciaram a descoberta do fóssil de uma planta de 280 milhões de anos atrás, encontrada em Rio Claro, município do estado de São Paulo. A planta em questão é a sagu-de-jardim (Cycas revoluta), da família cicadácea e da ordem cicadales, bastante conhecida no Brasil e que já serviu de alimento para dinossauros herbívoros durante milhões de anos.

De acordo com os paleobotânicos responsáveis pela descoberta, a planta pertence à linhagem que sobreviveu às três extinções em massa que atingiram o planeta nos últimos 280 milhões de anos, incluindo o desaparecimento dos dinossauros. Rio Claro, naquela época, era parte do supercontinente Gondwana. Os especialistas explicam que as cicadales nunca chegaram a dominar o reino vegetal, pois não são angiospermas, ou seja, não produzem flores ou frutos. Elas são, portanto, classificadas como gimnospermas, que se espalham através das sementes.

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O fóssil que foi identificado se trata de um pequeno pedaço de madeira, que mede 12 centímetros de comprimento e 2,5 centímetros de diâmetro. Inicialmente, foi descrito pelos paleobotânicos como um licopódio, parente das samambaias, mas contando com características externas parecidas com os detalhes das cicadales, que também eram comuns na Gondwana.

Após mais estudos, esses liderados por Rafael Spiekermann, estudante de doutorado, foi descoberto que o fóssil se tratava, então, de uma cicadácea. "O fóssil possui uma anatomia totalmente diferente. Se você cortar uma cicadácea hoje, verá que os padrões anatômicos são semelhantes", explicou o pesquisador em entrevista ao The New York Times.

André Jasper, professor e pesquisador da Universidade do Vale do Taquari (Univates) e um dos autores do estudo, conta que o material é o exemplar mais antigo de madeira fossilizada que ainda preserva as características anatômicas da planta. O cientista explica ainda que a identificação do vegetal deixa bastante claro que ele era dominante há 280 milhões de anos. 

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"Na área da paleobiologia, esse fóssil é muito importante, pois ele permite indicar que todo grupo de cicas surgiu antes do que se imaginava", conta o cientista, dizendo ainda diz que, com a descoberta, surgem novos questionamentos relacionados à migração, ou se elas realmente surgiram em Gondwana e se espalharam a outras localidades.

O fóssil foi batizado de Iratinia australis por ter sido encontrado na formação Irati, que abrange os estados do Sul, Sudeste e Centro-Oeste do país. Por lá, também são encontrados afloramentos fósseis de vegetais que existiram no período Permiano, de 252,1 a 298, 9 milhões de anos atrás, antes mesmo dos primeiros registros de dinossauros.

O estudo completo pode ser conferido na revista científica Review of Paleobotany e Palynology.