Pela 1ª vez, cientistas estimam altura e densidade de "bolhas" no manto da Terra
Por Wyllian Torres | Editado por Patricia Gnipper | 11 de Março de 2022 às 15h09
Observações sísmicas passadas descobriram duas “bolhas” densas no manto da Terra, uma sob a África e outra logo abaixo do Oceano Pacifico. Agora, um estudo liderado pela Arizona State University conseguiu determinar a altura máxima dessas estruturas e a densidade delas, ajudando a compreender como elas teriam surgido.
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Conhecidas como Grandes Províncias de Baixa Velocidade de Cisalhamento (LLSVPs, na sigla em inglês), cada uma dessas bolhas tem o tamanho de um continente e são 100 vezes mais altas do que o Monte Everest — o topo do mundo, que alcança quase 9 km de altura.
A descoberta dessas bolhas foi possível graças aos instrumentos que medem as ondas sísmicas que atravessam o interior da Terra. Por mais que essas estruturas sejam gigantes, ainda não se sabe ao certo quais as dinâmicas envolvidas na formação delas.
O estudo descobriu que a bolha abaixo da África é até 1.000 km mais alta do que a localizada sob o Pacífico. “A altura das bolhas é controlada principalmente pela densidade e viscosidade do manto circundante”, explicou o pesquisador Qian Yuan, principal autor da descoberta. A diferença de densidade também pode indicar que ambas tenham composições distintas.
Para o estudo, Yuan e sua equipe executaram inúmeras simulações de convecção do manto para testar os principais fatores que podem afetar a altura das bolhas, incluindo informações como volume e o contraste de densidade da região ao redor delas.
O LLVP da África, de acordo com o coautor Mingming Li, pode ter crescimento em um tempo geológico recente. “Isso pode explicar a topografia da superfície elevada e o intenso vulcanismo na África Oriental”, acrescentou Li. As descobertas ajudarão a entender como esses processos no manto afetam a superfície terrestre.
A instabilidade dessas bolhas pode estar relacionada a mudanças continentais na topografia, na gravidade, no vulcanismo superficial ou no movimento das placas. Para Yuan, o trabalho traz implicações de longo alcance para a compreensão do atual estado e a evolução do manto profundo e natureza da convecção.
A pesquisa foi publicada na revista Nature Geoscience.
Fonte: Nature Geoscience, Via ASU