Sentinel-6: o avançado satélite de monitoramento dos oceanos entra em operação
Por Wyllian Torres • Editado por Patricia Gnipper |
Lançado em novembro de 2020, o satélite Sentinel-6 Michael Freilich (ou apenas Sentinel-6) passou os seis meses seguintes sendo cuidadosamente calibrado. A partir do dia 22 de julho, ele passa a fornecer dados precisos sobre o aumento do nível do mar, bem como a velocidade do vento na superfície dos oceanos e até mesmo a altura das ondas. O satélite faz parte da missão Copernicus Sentinel-6 — parceria entre a NASA e a Agência Espacial Europeia (ESA).
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O novo satélite em operação foi batizado em homenagem a Michael Freilich, cientista climático da NASA. Ao longo dos próximos meses, o Sentinel-6 passará a fornecer dados mais precisos sobre a superfície dos oceanos do que seu antecessor, o satélite Poseidon-4. A partir disso, cientistas poderão rastrear e entender melhor os padrões climáticos, bem como os efeitos das mudanças climáticas.
Embora o Sentinel-6 esteja apenas no início de seu trabalho, Josh Willis, líder do projeto no Laboratório de Propulsão a Jato, da NASA, diz ser um alívio saber que o satélite está funcionando e que seus dados parecem bons. "Daqui a alguns meses, o Sentinel-6 Michael Freilich assumirá o lugar de seu antecessor, Jason-3, e este lançamento de dados é a primeira etapa desse processo", acrescenta Willis.
O Sentinel-6 é apenas o mais recente lançamento de uma série de satélites que observam o oceano desde 1992, através da missão TOPEX/Poseidon, a qual permitiu que cientistas observassem pela primeira o oceano em escala global com maior frequência. Em seguida, missão Jason enviou mais três satélites, um a cada ano — 2001, 2008 e 2016. O terceiro enviado, o Jason-3, ainda fornece dados sobre o nível dos mares que ajudam os meteorologistas.
Em relação ao antecessor Poseidon-4, o Sentinel-6 apesenta um avançado altímetro, tecnologia capaz de fazer medições bem mais precisas do que os modelos convencionais. Conforme os sinais do satélite refletem na superfície do mar e retornam, ele compara as distâncias a partir do efeito Doppler — como a sirene da ambulância, que tem uma frequência alta quando próxima do observador, e mais fraca à medida que se distancia dele.
Craig Donlon, cientista da ESA e responsável pelo projeto Sentinel-6, explica que os dados do novo satélite são comparados com os dos outros dois já em operação, o Jason-3 e o Poseidon-4. "Estamos muito satisfeitos em ver que os dados do Sentinel-6 mostram um ótimo desempenho com base na validação por medições independentes no terreno", acrescenta Craig. Além da NASA e ESA, outras instituições também participaram da missão, como Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA) e o Centro Nacional de Estudos Espaciais da França.
E a missão não para por aqui: em 2025, será lançado o sucessor do Sentinel-6, chamado Sentinel-6B. Juntos, eles garantirão que cientistas continuem a registrar dados precisos sobre o nível dos oceanos, ruamo à quarta década de observações feitas a partir do espaço. "Esses dados iniciais mostram que o Sentinel-6 Michael Freilich é uma nova ferramenta incrível e que ajudará a melhorar as previsões marinhas e meteorológicas", aponta Eric Leuliette, cientista da NOAA.