Movimento de icebergs gigantes pode afetar vida marinha e rotas de navios
Por Rodilei Morais • Editado por Patricia Gnipper |
A equipe da Pesquisa Antártica Britânica (British Antarctic Survey - BAS) divulgou as primeiras imagens aéreas do enorme iceberg A81 desde seu rompimento da Plataforma de Gelo de Brunt — com mais de 1.550 quilômetros quadrados, o bloco de gelo é maior do que a cidade de São Paulo. Os cientistas monitoram o movimento deste iceberg e do A76a, ainda maior que o A81.
Tanto o A76a quanto o A81 estão a centenas de quilômetros de seus pontos de origem. O deslocamento dos icebergs preocupa os cientistas pois ele pode representar problemas para as espécies animais no sul do globo, além de afetar o deslocamento de navios na região.
Enquanto derretem, os icebergs liberam água doce no oceano, contribuindo não só para o aumento do nível dos oceanos, mas também alterando a composição química local. A queda na salinidade pode afetar organismos aquáticos e gerar um desequilíbrio no ecossistema. Por outro lado, o derretimento também libera minerais contidos no gelo, o que pode facilitar o desenvolvimento do fitoplâncton — seres aquáticos microscópicos capazes de realizar fotossíntese.
Se o derretimento é uma faca de dois gumes para a biodiversidade, o deslocamento dos icebergs por si só é um problema à parte. Os blocos de gelo estão em rota para as ilhas Sandwich e Geórgia do Sul. Ao chegarem em águas mais rasas, eles também apresentam o potencial de “encalharem” no leito oceânico, potencialmente destruindo habitats, como corais e locais de reprodução de peixes, abaixo deles.
As ilhas Sandwich e Geórgia do Sul são um destino comum para os icebergs que se desprendem da Antártida. Em 2021, o A68a já chegou à região, quebrando rapidamente em pedaços menores que derreteram com o tempo. A liberação de água doce nesse processo chegou a 152 milhões de toneladas.