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Mistério das crateras gigantes da Sibéria pode ter sido solucionado

Por  • Editado por Luciana Zaramela | 

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Jean-Daniel Paris/LSCE/IPSL
Jean-Daniel Paris/LSCE/IPSL

Enormes crateras do permafrost da Sibéria são resultado de explosões, mas ninguém sabe qual evento causa esse tipo de evento único no Ártico. As penínsulas de Yamal e Gydan são os únicos lugares a abrigar os intrigantes buracos de até 50 metros de profundidade, descobertos há mais de dez anos, com uma explicação definitiva ainda escapando aos cientistas. Uma nova teoria, no entanto, pode explicar melhor sua possível origem.

Pré-publicado na última sexta-feira (12) — ou seja, ainda sem revisão por pares — o artigo junta algumas hipóteses já consideradas para tentar desvendar o fenômeno. Cientistas já sugeriram quedas de meteoros, explosões de gás natural e envolvimento com lagos históricos que teriam secado e selado a ventilação de gases, que se acumulariam e explodiriam após não conseguirem mais ficar no permafrost.

O que criou as crateras na Rússia?

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O problema das teorias anteriores é que elas não explicam vários fatores envolvidos. Um deles é que as crateras ficam em diversos ambientes geológicos de ambas as penínsulas, e nem todos eram cobertos por lagos no passado. Já a explicação que envolve gás natural não soluciona o fato de que os buracos são encontrados apenas no norte da Rússia — caso gases pudessem fazer isso, crateras teriam surgido em outros lugares do mundo.

O permafrost das penínsulas de Yamal e Gydan varia na espessura, indo de algumas dezenas de metros a até meio quilômetro (500 m). Na região, o solo congelou há mais de 40.000 anos, prendendo sedimentos marinhos ricos em metano. Com o tempo, eles viraram reservatórios de gás natural, produzindo calor gradativamente, o que começou a descongelar o permafrost a partir da parte de baixo. Bolsões de gás, então, teriam se formado na base.

Além disso, o permafrost russo e de outros locais do Ártico têm derretido na superfície graças às mudanças climáticas. Em locais onde o gelo já está fino nas duas penínsulas, o derretimento em ambas as extremidades e a pressão do gás podem causar, eventualmente, o colapso do permafrost restante, causando uma explosão.

Chamado de “efeito champagne”, esse fenômeno explicaria a presença de crateras menores além das oito gigantes mais conhecidas, já que pedaços enormes de gelo jogados pelas explosões teriam marcado o chão. Como água e sedimentos podem ter coberto algumas dessas crateras, os cientistas acreditam que possa haver mais delas.

Com as mudanças climáticas, acredita-se que um ciclo de explosões e lançamento de gás natural na atmosfera possa acabar se criando, acelerando ainda mais o derretimento. Cerca de 1.700 bilhões de toneladas métricas de gases do efeito estufa, incluindo dióxido de carbono e metano, ficam guardados no permafrost do ártico, então emissões vindas do gelo são especialmente preocupantes.

Fonte: Earth ArXiv, Geosciences