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Degelo do permafrost vai despertar mais vírus "zumbis" com milhares de anos

Por  • Editado por Luciana Zaramela | 

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Imagesourcecurated/Envato
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Os riscos das mudanças climáticas na saúde vão muito além do que se pode imaginar — a exemplo da desidratação e de problemas respiratórios, segundo alertam especialistas. Com o degelo do permafrost nas áreas mais frias do planeta, os vírus “zumbis” com milhares de anos podem descongelar e uma nova onda de infecções pode se proliferar entre os humanos, na pior das hipóteses.

Bastante popular, a expressão vírus zumbi se refere aos agentes infecciosos que podem voltar à "vida" após milhares de anos "mortos". Estes são descritos cientificamente como vírus gigantes, já que têm dimensões maiores que os outros e podem ser analisados em microscópios simples. Entre os mais famosos, está o Pandoravius ​​yedoma, com idade estimada de 48,5 mil anos, mas que é capaz apenas de infectar amebas.

A questão é que o permafrost da Sibéria, por exemplo, esconde outros inúmeros patógenos ainda, como vermes de 46 mil anos, conhecidos como Panagrolaimus kolymaensis. Até o momento, nenhum desses agentes infecciosos identificados parece infectar seres humanos. No entanto, o risco aumenta conforme a velocidade de derretimento do gelo cresce.

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O que é permafrost?

Antes de seguir, vale explicar o que é o permafrost, também conhecido como pergelissolo. É uma das camadas do subsolo da crosta terrestre que está permanentemente e há milhares de anos congelada, composta por gelo, rocha, matéria orgânica e potenciais patógenos. Por causa das condições climáticas, estão quase que majoritariamente localizados no Hemisfério Norte, próximos do Ártico, como na Rússia (Sibéria), Dinamarca, EUA e Canadá.

Com a crise climática e a entrada na Era da Ebulição, o derretimento do permafrost está aumentando. Inclusive, previsões estimam que o gelo do Ártico pode desaparecer já na próxima década.

Risco do degelo do permafrost

O alerta sobre os riscos do derretimento do permafrost para a saúde é feito por inúmeros cientistas no mundo, incluindo Jean-Michel Claverie, pesquisador da Universidade de Aix-Marseille, França, e um dos principais estudiosos de vírus zumbis.

“Com as alterações climáticas, estamos habituados a pensar em perigos que vêm do [Hemisfério] Sul”, afirma Claverie, para o site Bloomberg. Por este risco, ele se refere às doenças tropicais, como malária e dengue, já que os casos globais de ambas devem aumentar com o aquecimento.

Só que este não é o único risco relacionado aos agentes infecciosos. “Agora, percebemos que pode haver algum perigo vindo do Norte, à medida que o permafrost descongela e libera micróbios, bactérias e vírus”, pontua Claverie.

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O quão perigoso essa liberação de patógenos com milhares de anos pode ser ainda é desconhecido, mas é um risco que precisa ser melhor investigado. Neste ponto, Claverie lembra que, na história do planeta, a extinção dos neandertais aconteceu há cerca de 50 mil anos — período próximo dos vírus zumbis já encontrados. “Se os neandertais morressem de uma doença viral desconhecida e este vírus ressurgisse, poderia ser um perigo para nós”, sugere o cientista.

OMS investiga vírus zumbis

As ideias de Claverie estão longe de ser teoria da conspiração, e a própria Organização Mundial de Saúde (OMS) está constantemente investigando possíveis ameaças à saúde humana, independente da origem. Estas atividades foram intensificadas desde a descoberta do coronavírus SARS-CoV-2 e da pandemia da covid-19.

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“A OMS trabalha com mais de 300 cientistas para analisar as evidências sobre todas as famílias virais e bacterianos que podem causar epidemias e pandemias, incluindo aquelas que podem ser libertadas com o degelo do permafrost”, reforça Margaret Harris, porta-voz da OMS.

Fonte: Bloomberg