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Mar de plástico em Almería, Espanha, pode ser visto do Espaço; saiba o que é

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NASA/Estação Espacial Internacional
NASA/Estação Espacial Internacional

A comarca Poniente Almeriense, na província de Almería, na Espanha, tem um nome popular curioso: Mar de Plástico, uma referência ao enorme número de estufas para o cultivo de vegetais. São mais de 328 km² (32.800 hectares) de horticultura, prática que cresceu exponencialmente no local a partir dos anos 1960.

O número de estufas é tão grande que seu conjunto é visível da Estação Espacial Internacional, sendo a única estrutura construída pelo homem que pode ser vista do espaço. Apesar de lendas urbanas afirmarem que construções como a Grande Muralha da China seriam vistas da órbita da Terra, isso não é verdade.

O Mar de Plástico e a natureza

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O aglomerado de estufas em Almería é relativamente recente: nos anos 1950, a região costeira que as concentra, chamada Campo de Dalías, ainda era composta de pasto e vegetação esparsa. 

Fazendeiros locais experimentaram usar areia e cobertura morta, junto a coberturas plásticas, para proteger as plantações nos anos 1960. Descobrindo uma produtividade muito maior devido ao aquecimento do solo e retenção de umidade, a prática evoluiu para as estufas, se espalhando rapidamente nas décadas seguintes.

Estimativas colocam a produção das estufas de Almería entre 2,5 e 3,5 milhões de toneladas de frutas e vegetais por ano, como tomates, pepinos, berinjelas, melancias, abobrinhas, pimentões, melões e alfaces. A produção vem de alguns fazendeiros individuais, com pequenas fazendas familiares, e grandes multinacionais, que representam a maior parte das estruturas cobertas por plástico.

O impacto do Mar de Plástico na natureza é misto. Como a cobertura plástica é branca e os fazendeiros utilizam cal no verão, a luz solar é refletida, o que diminui a temperatura da região. Pesquisadores da Universidade de Almería usaram os satélites Aqua e Terra, da NASA, para descobrir que o albedo (fração de radiação solar refletida) da superfície local aumentou em quase 10% entre 1983 e 2006.

O impacto da reflexão solar levou a um resfriamento de 0,3 ºC por década em Almería, enquanto a região ao redor esquentou em 0,5 ºC no mesmo período. Há, no entanto, impactos negativos, como a chegada do plástico no mar.

O plástico que compõe a maior parte das estufas tem tempo de vida curto: cerca de 85% dele (de um total de 33,5 mil toneladas) é reciclado, segundo o governo de Andaluzia, mas cinco mil toneladas acabam sendo descartadas na costa.

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O plástico abandonado passa a deteriorar, chegando ao mar — segundo a organização espanhola Instituto de Diagnóstico Ambiental e Estudos da Água, a costa de Almería apresenta três vezes mais microplásticos do que o restante do mar. O material também chega ao sistema de água das cidades e aos aquíferos, que, por sua vez, estão ficando quase secos devido à irrigação das plantações.

Para completar, abundam denúncias de imigrantes ilegais trabalhando em condições precárias, com salários abaixo do mínimo e sem contrato de trabalho, muitos deles oriundos de países africanos próximos. Sua habitação também é um problema, já que muitos moram em barracos improvisados e sequer têm acesso à água potável.

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Fonte: NASA Earth Observatory, Diario de Almería, Journal of Geophysical Research, Atlas Obscura