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Lixo no mar | Como se formam as ilhas de plástico no oceano?

Por| Editado por Patricia Gnipper | 05 de Março de 2022 às 15h00

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Unsplash/Nariman Mosharrafa
Unsplash/Nariman Mosharrafa

Fora dos mapas, estão localizadas extensas áreas nos oceanos que acumulam grandes quantidades de lixo no mar, conhecidas como as ilhas de plástico. Elas são formadas, em sua maioria, por pequenas partículas de plástico transportadas pelos ventos e correntes oceânicas, que concentram o lixo em pontos relativamente fixos.

Provavelmente você já ouviu falar sobre a Grande Ilha de Lixo do Pacífico, localizada na parte norte do Oceano Pacífico, usada como o maior exemplo do que o lixo no mar pode produzir em larga escala, além das consequências negativas para os ecossistemas marinhos.

No entanto, estima-se que existam outras ilhas de lixo espalhadas pela Terra dada a quantidade de lixo lançados aos oceanos os quais, cedo ou tarde, acabam se concentrando em determinados pontos pelo movimento das cinco maiores correntes oceânicas.

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Como se formam as ilhas de plástico?

Embora essa massa de detritos seja chamada "ilha", sua densidade é relativamente baixa porque a maior parte do lixo marinho não passa de minúsculos pedaços de plásticos que não podem ser observados, de imediato, a olho nu. Portanto, a ilha de plástico no mar não possui margens definidas.

O oceano global é bem dinâmico, onde suas correntes são responsáveis por distribuir águas quentes e frias, além de nutrientes que abastecem diversos ecossistemas marinhos. No entanto, dada a grande quantidade de lixo lançada anualmente aos mares, os giros oceânicos também transportam essa poluição.

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Os giros são grandes sistemas de correntes oceânicas que circulam como redemoinhos lentos por todo o oceano global. Existem vários, mas cinco deles se destacam por suas influências em escala global, localizados nos Oceanos: Atlântico Norte e Sul, Pacífico Norte e Sul e no Pacífico.

Enquanto as correntes circulam, cedo ou tarde elas trazem o lixo humano lançado nas áreas costeiras para determinadas áreas do oceano, onde esses detritos marinhos ficam aprisionados nos giros oceânicos, formando a maior delas, a Grande Ilha de Lixo do Pacífico.

Pesquisas recentes estimam que a ilha de plástico do Pacífico cubra uma área de 1,6 milhões de quilômetros quadrados, mas estimar o real tamanho dessa mancha de lixo em meio a vastidão do oceano — especialmente o Pacífico, o maior de todos — é um desafio, sobretudo porque os detritos estão bem espalhados nesses pontos.

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É nessa mesma região do Pacífico que está localizado o Ponto Nemo, a mais de 4.000 km da Nova Zelândia e mais de 3.200 km do norte da Antártida, o ponto mais remoto do planeta. Ele é usado como um “cemitério espacial”, onde as agências espaciais enviam naves e estágios de foguete fora de operação.

Aliás, essas ilhas não são pontos fixos, pois variam de acordo com a dinâmica das correntes oceânicas que transporta os detritos e os aprisiona, criando as ilhas de lixo no mar.

O que é de onde vem o lixo do mar?

Sem dúvidas, todo lixo encontrado no mar é de natureza humana. Estima-se que, a cada ano, até 8 milhões de toneladas métricas de plásticos cheguem aos oceanos, seja de fontes terrestres ou pelo escoamentos dos rios globais.

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Ainda assim, não é apenas o plástico que compõe as ilhas de lixo. Nessas manchas de detritos que flutuam pelos oceanos, são encontrados objetos como pedaços de aparelhos eletrônicos, equipamentos de pesca e, depois da pandemia de 2020, muitas máscaras.

Segundo relatório feito em 2016 pelo Fórum Econômico Mundial, até 2050 a massa de lixo marinho será igual ou maior do que a massa de peixeis em todo o oceano. Só nos últimos 20 anos, o uso mundial de plástico aumentou 20 vezes, mas essa taxa deve dobrar nas próximas décadas.

Mas o plástico é o maior dos problemas devido a sua durabilidade na natureza. Enquanto a maior parte dos materiais, como madeira e ferro, são facilmente corroídos pelo tempo, o plástico é gradualmente quebrado em pedaços cada vez menores.

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Esses pequenos pedaços são conhecidos como microplásticos, os quais medem menos de 5 milímetros. Por serem tão pequenos, eles são consumidos por criaturas minúsculas, como os fitoplânctons e zooplânctons, os quais formam a base da cadeia alimentar de toda a vida marinha.

Dessa maneira, é natural encontrar microplásticos ao longo de todo o ecossistema marinho, desde anêmonas a baleias. Na verdade, nos últimos anos, tornou-se frequente encontrar plásticos no estômago de animais mortos, entre eles os golfinhos e até mesmo de aves.

Mas os impactos superam os limites da vida marinha. Há tempos, a Organização das Nações Unidas (ONU) alerta sobre os danos econômicos, pois atrapalha os esforços de conservação dos oceanos, além de comprometer os meios de subsistências dos quais milhões de pessoas nas regiões costeiras dependem.

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Como a quantidade lixo no mar é estimada?

Os satélites de observação da Terra conseguem detectar as correntes oceânicas e os fluxos de vento responsáveis pelo transporte e acumulo do lixo marítimo em meio aos oceanos. Se os detritos fossem grandes e secos, o sensoriamento remoto conseguiria detectar, mas não é o caso.

Como a maior parte do lixo oceânico é formado por pequenos detritos e microplásticos, os cientistas usam os dados sobre as correntes oceânicas e ventos em modelos sofisticados, incluindo também as características dos detritos, para prever o comportamento do acúmulo do lixo por todo o oceano.

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Ao longo de décadas a Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA, na sigla em inglês) dos EUA, distribuiu boias científicas flutuantes pelos oceanos. O objetivo era prever como essas boias seriam conduzidas pelas principais correntes oceânicas.

O estudo descobriu que as boias, com o passar dos anos, eram conduzidos para o interior dos giros oceânicos, sugerindo que qualquer objeto que esteja flutuando pelos oceanos, cedo ou tarde, são trasportados e depositados nesses pontos que, hoje, são conhecidos como as ilhas de lixo.

Desafios e soluções para a poluição marinha

Segundo Dianna Parker, pesquisadora do Programa de Detritos Marinhos da NOAA, para limpar pelo menos 1% do Oceano Pacífico, seriam necessários 67 navios trabalhando ao longo de um ano para remover apenas a porção de lixo nesse oceano.

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No entanto, essa remoção não seria suficiente, porque o fluxo de lixo lançado aos oceanos é contínuo, e os detritos inevitavelmente acabariam se acumulando nos mesmos giros oceânicos. Além disso, remover das águas partículas tão pequenas como os microplásticos não é uma tarefa simples.

O problema não é, necessariamente, o lixo plástico, mas o destino final desses resíduos que deveriam ser descartados em locais adequados para, então, serem reciclados. Diversas iniciativas trabalham para isso, mas acabam sendo soluções em pequena escala.

Além da tecnologia, é necessário pesquisa científica, ações políticas e iniciativas internacionais que trabalhem juntas para o mesmo propósito. Nem o plástico ou qualquer outro lixo foi feito para o oceano. Mais do que isso, os lixos sequer deveriam chegar a essas águas.

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Individualmente, as respostas mais eficazes de enfrentamento a um problema tão grande quanto as próprias ilhas de lixo, continuam sendo o consumo e descarte consciente de seu próprio lixo:

  • Reduzir o consumo de plástico: reaproveitando ao máximo embalagens e recipientes de plástico. Posteriormente, procurar por estações de reciclagem;
  • Separar o lixo seco do orgânico: no Brasil, muitas pessoas garimpam os lixos das cidades à procura de materiais que possam ser reciclados. Separar esses materiais dos restos de comida, ajuda essas pessoas a recolherem o lixo que será levado para a reciclagem;
  • Apoiar organizações: diversas iniciativas trabalham para erradicar o lixo plástico dos oceanos e apoia-las é dar mais espaço para o tema ser disseminado;
  • Divulgue o problema: a informação sempre será a melhor aliada ao combate de problemas como este. Sempre que possível, aborde o tema com as pessoas mais próximas, aponte fonte e indique o que pode ser feito.

De modo geral, é necessário aumentar a conscientização sobre a reciclagem e reutilização do plástico, pois o descarte correto desse lixo é essencial para a saúde do oceano global, bem como seus importantes ecossistemas — o lixo não foi feito para o mar.

Fonte: NOAA (1, 2), NASA (1, 2), Iberdrola