Publicidade

Geleiras suíças perderam metade do volume em 85 anos

Por  • Editado por  Rafael Rigues  | 

Compartilhe:
swisstopo und VAW / ETH Zurich
swisstopo und VAW / ETH Zurich

Uma equipe de pesquisadores do Instituto Federal de Tecnologia de Zurique (ETH Zurique), junto do Instituto Federal Suíço de Pesquisas em Florestas, Neve e Paisagens (WLS), reconstituíram pela primeira vez a dimensão da perda de gelo das geleiras suíças no século XX. Através de imagens históricas, eles concluíram que as geleiras perderam metade do volume entre 1931 e 2016.

Desde os anos 2000, os cientistas vêm registrando e pesquisando as mudanças no volume das geleiras com precisão crescente; mas, em contraste, ainda não se sabe muito sobre as mudanças que as geleiras passaram durante o século XX. Assim, para o estudo, a equipe de pesquisadores se voltou para a estereofotogrametria, uma técnica que permite determinar a natureza, forma e posição de qualquer objeto com base em pares de imagens.

Canaltech
O Canaltech está no WhatsApp!Entre no canal e acompanhe notícias e dicas de tecnologia
Continua após a publicidade

A técnica é usada na Suíça desde a época da Primeira Guerra Mundial, e permitiu que os engenheiros do Levantamento Nacional da Suíça estudassem grandes áreas dos alpes suíços em cerca de 7 mil locais. Esse trabalho foi realizado com fototeodolitos, dispositivos que combinam câmeras e equipamentos de medidas de ângulos. As placas fotográficas criadas por este trabalho foram digitalizadas e reunidas no arquivo TerrA.

Os pesquisadores usaram o material do arquivo, que representa cerca de 86% da área congelada do país, e analisaram mais de 21 mil fotos tiradas entre 1916 e 1947. “Com base nestas fotos, determinamos a topografia da superfície das geleiras”, disse Erik Schytt Mannerfelt, autor principal do estudo. “Se soubermos a topografia da superfície de uma geleira em dois pontos diferentes no tempo, podemos calcular a diferença no volume do gelo”, explicou ele.

Como as fotos foram tiradas em anos diferentes, os pesquisadores usaram o ano 1931 como referência e recriaram a topografia da superfície de todas as geleiras daquele ano. Eles descobriram que nem todas as geleiras estão perdendo massa na mesma taxa, e a diminuição do volume depende de três fatores: a altitude da geleira, o quão achatada é a parte superior dela e a quantidade de detritos que as geleiras contêm.

Eles concluíram também que, embora o clima do século XX tenha sido, de forma geral, desfavorável para as geleiras, elas tiveram um crescimento esporádico de massa durante as décadas de 1920 e 1930. “Nossa comparação entre os anos 1931 e 2016 claramente mostra que houve um recuo glacial significativo neste período”, observou Daniel Farinotti, professor no ETH. Já a rede de monitoramento GLAMOS, gerenciada pelo ETH, mostrou que o volume total das geleiras está caindo a uma taxa ainda mais rápida.

É que, embora as geleiras tenham perdido metade do volume entre 1931 e 2016, elas perderam 12% do volume no intervalo de 2016 a 2021. “O recuo do gelo está acelerando. Observar atentamente este fenômeno e quantificar suas dimensões históricas é importante, porque nos permite inferir as respostas das geleiras para um clima em constante mudança”, ressaltou ele. “Essa informação é necessária para desenvolver cenários confiáveis para futuras mudanças nas geleiras”.

O artigo com os resultados do estudo foi publicado na revista The Cryosphere.

Fonte: The Cryosphere; Via: ETH