Este componente, encontrado nos celulares, está lentamente nos envenenando
Por Nathan Vieira • Editado por Luciana Zaramela |
Um novo estudo da Universidade Hebraica de Jerusalém (HU) revelou uma preocupante ligação entre as taxas de produção de metal e a exposição ao chumbo tóxico em humanos. A equipe de pesquisa examinou de perto os restos mortais de um cemitério no centro da Itália, que estava em uso consecutivo por 12 mil anos.
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O grupo observou que os efeitos tóxicos da poluição por metais têm implicações de amplo alcance para a saúde pública, dado o aumento previsto na produção de chumbo e outros metais para atender às demandas de fabricação de dispositivos eletrônicos, baterias, painéis solares, turbinas eólicas, entre outros. Eles concluíram que os níveis de chumbo absorvidos pelo corpo humano aumentaram significativamente de lá para cá.
As concentrações do metal em ossos e dentes humanos raramente contavam a história das taxas de produção mundial de chumbo — até agora. Como parte de sua pesquisa, os cientistas analisaram fragmentos de ossos de 130 pessoas que viviam em Roma, desde 12 mil anos atrás, bem antes do advento da produção de metal.
Assim, os cientistas analisaram a concentração dos elementos encontrada nas amostras e conseguiram calcular o nível de poluição por chumbo ao longo do tempo. Foi a partir daí que os pesquisadores notaram a semelhança com a taxa de produção de chumbo no mundo atual.
Segundo o grupo, a poluição por chumbo em humanos tem seguido de perto suas taxas de produção, ou seja, quanto mais chumbo produzimos, mais pessoas provavelmente o absorvem em seus corpos, por mera exposição ao material. Isso tem um efeito altamente tóxico.
“A estreita relação entre as taxas de produção de chumbo e as concentrações de chumbo em humanos no passado sugere que, sem regulamentação adequada, continuaremos a sofrer os impactos prejudiciais à saúde da contaminação por metais tóxicos”, alertam os pesquisadores.
Chumbo e outros metais pesados (e tóxicos) nos gadgets
Você provavelmente lê o Canaltech e curte tecnologia, então também deve saber que celulares e baterias, bem como outros produtos eletrônicos, não podem ser descartados diretamente no lixo comum por terem altíssimo potencial contaminante do solo, do ar e do meio-ambiente em geral. O lixo eletrônico, em outras palavras, é prejudicial pois é rico em componentes que fazem mal ao organismo e ao planeta.
Nesse sentido, o chumbo (bem como outros metais pesados como mercúrio, arsênico, cádmio e fósforo) é comumente encontrado nas soldas das placas de circuito, em baterias de celular e outros aparelhos eletrônicos. Além de ser cancerígeno, pode contaminar e danificar o meio-ambiente — desde o solo até as plantas, consumidas pelos animais, formando uma grande reação em cadeia.
O que o chumbo pode causar no organismo?
Como o chumbo integra o grupo de metais pesados na tabela periódica, podemos entender que é um metal tóxico e capaz de causar doenças e até mesmo a morte em animais e humanos. O acúmulo do metal no nosso organismo pode afetar desde as funções cerebrais até o sistema reprodutor, além de produzir mutações genéticas e causar câncer.
O chumbo não é um metal absorvido pelo organismo, portanto a exposição ao elemento eleva o acúmulo dele no sangue, nos ossos e nos tecidos com o passar do tempo. É por causa do descarte incorreto e do uso indiscriminado de chumbo em produtos do dia a dia que ocorre a contaminação, seja por meio de emissões na atmosfera, por concentração após descarte no solo (resíduos industriais) ou até mesmo pelo contato direto com o material.
Os sintomas mais comuns decorrentes da contaminação por chumbo incluem:
- Irritabilidade
- Dor de cabeça
- Perda de concentração
- Tremores musculares
- Perda de memória
- Alucinações e delírios
- Convulsões
- Paralisia
- Coma
Fonte: EurekAlert; Gestão & Produção (artigo científico); Senado