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Devastação industrial ameaça florestas no Brasil, Gana, Suriname e Indonésia

Por| Editado por Patricia Gnipper | 14 de Setembro de 2022 às 18h35

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Tom Fisk/Pexels
Tom Fisk/Pexels

Não só a Amazônia, mas florestas de diversos outros países estão sendo gravemente ameaçadas por atividades industriais como a mineração, principalmente nos trópicos. Entre os anos 2000 e 2019, 3.264 km² de floresta tropical foram perdidos para a mineração intensiva, aproximadamente metade da região metropolitana de São Paulo.

Com dados de satélites, pesquisadores descobriram que 4/5 de todo o desmatamento ocorreu apenas em quatro países: Brasil, Gana, Suriname e Indonésia, sendo que este último foi o mais arrasado, sendo responsável por 58,2% da perda de floresta tropical causado pela expansão de minas industriais.

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Impactos da mineração em florestas

Com atividade mineradora em florestas, perdemos ecossistemas e biodiversidade, prejudicamos fontes de água e produzimos lixo tóxico e poluição. Os cientistas alertam que governos deveriam levar esses dados em consideração na hora de expedir licenças. A mineração industrial, além de prejudicar paisagens e ecossistemas, é uma fraqueza escondida entre as estratégias para combater impactos ambientais causados pelo ser humano.

Os dados desse estudo em particular, publicado na revista científica PNAS, incluem 26 países e levam em consideração 76,7% de toda o desmatamento tropical relacionado à mineração nos 19 anos que cobrem. Os metais extraídos são carvão, outro, ferro e bauxita. A atividade também afeta florestas indiretamente: em 2/3 dos países, o desmatamento dentro de um raio de 50 km das minas vinha da infraestrutura de transporte, armazenamento e moradia de funcionários.

Em alguns países, o nível de desmatamento diminuiu: no Brasil e em Gana, por exemplo, os picos foram identificados entre 2010 e 2014. Na Indonésia, no entanto, a mineração de carvão continua a crescer. Em alguns países tropicais, outras atividades causam mais desmatamento, como a atividade agropecuária e a produção de óleo de palma (ou azeite de dendê) e de soja.

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Outras ameaças às florestas

Na Amazônia, em especial, outra pesquisa identificou uma ameaça à biodiversidade e aos ecossistemas locais: as barragens, como a da Usina Hidrelétrica de Balbina, construída nos anos 1980. Visualmente, a Bacia Amazônica ainda parece conservar bastante área verde após o represamento da água, mas análises diretas mostram como as ilhas verdes foram realmente afetadas.

No caso de Balbina, a represa criou um dos maiores reservatórios da América do Sul, com quase 100 km de extensão e 3.500 ilhas formadas, tornando a crista de morros em florestas insulares. Analisando 22 ilhas e 608 espécies animais, os pesquisadores notaram que apenas poucas ilhas grandes mantiveram a diversidade encontrada em áreas de referência não represadas, sobrevivendo por 3 décadas.

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Em ilhas menores, apenas espécies mais adaptáveis como tatus-bola, cutiaias e abelhas-das-orquídeas sobreviveram. Mamíferos grandes como onças e antas, que precisam de mais espaço, sumiram até mesmo de ilhas de tamanho médio. Em algumas ilhas, espécies se extinguiram, enquanto outras estava por todos os lugares, como as abelhas Eulaema bombiformis e Eulaema meriana.

A maioria das ilhas, no entanto, é pequena, com 95% tendo menos de 1 km². Nelas, há pouca biodiversidade, com apenas as espécies que podem ser encontradas em qualquer lugar. Com mais planos de construir usinas hidrelétricas na Amazônia, os países que fazem parte dessa área florestal podem perturbar ainda mais o ecossistema.

Há uma saída?

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Como solução para combater o desmatamento, cientistas recomendam reconhecer e aplicar os direitos de terra de comunidades locais e indígenas, que vivem nas florestas muito antes das companhias mineradoras chegarem, além de identificar mineração artesanal não detectada por análises generalizadas.

Em ambos casos, fica o alerta para que instituições governamentais e organizações de conservação reforcem a necessidade de considerar os danos ambientais causados por projetos como esses, pensando primeiro nos ecossistemas e biodiversidade da Terra e depois nos lucros e necessidades secundárias dos seres humanos.

Fonte: PNAS, Science Advances