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Cientistas descongelam "vírus zumbi" inativo há mais de 48 mil anos

Por  • Editado por Luciana Zaramela | 

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Microgen/Envato
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Com as mudanças climáticas e o degelo de regiões que estiveram congeladas por centenas de milhares de anos, cientistas querem entender quais desafios precisarão ser encarados pela espécie humana. Afinal, o gelo dessas regiões inóspitas não preserva apenas água. Ali, também estão concentrados gases associados ao efeito estufa, vestígios de matéria orgânica e uma variedade enorme de agentes infecciosos, incluindo os "vírus zumbis", como é o caso de uma espécie recém-descoberto por cientistas.

Na última expedição para a Sibéria, os pesquisadores da Universidade Aix-Marseille, vindos da França, identificaram um vírus (até então) desconhecido, com 48,5 mil anos, localizado 16 metros abaixo da superfície. Quando descongelado, o patógeno milenar "ressuscitou" e conseguiu infectar uma ameba em laboratório, conforme o grupo relata em estudo publicado na revista científica Viruses. Anteriormente, estava disponível apenas o preprint — versão preliminar na pesquisa, não revisada.

"Este estudo confirma a capacidade de grandes vírus de DNA que infectam a Acanthamoeba spp. [a ameba] de permanecerem infecciosos após mais de 48.500 anos passados ​​no permafrost [uma das camadas de solo congelado] profundo", afirmam os pesquisadores no artigo. O risco para os humanos e outras espécies é incerto.

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Por que os cientistas querem descongelar vírus milenares?

Descongelar vírus tão antigos parece uma ideia de quem flerta com o apocalipse, mas, na verdade, o degelo e a liberação desses patógenos já está ocorrendo "naturalmente" em alguma escala. No caso dos pesquisadores franceses, a ideia é alertar para este risco e entender quais podem ser os impactos do ressurgimento desses agentes infecciosos dormentes.

Liderado pelo cientista Jean-Michel Claverie, o grupo foca na identificação de vírus que são informalmente apelidados de zumbis. O nome é uma referência ao voltar à "vida" após milhares de anos "mortos", mas são cientificamente descritos como vírus gigantes, já que têm dimensões maiores que os outros e podem ser analisados em microscópios simples.

Para capturá-los, foram coletadas amostras de diferentes pontos da Sibéria e de regiões próximas, como a Península de Kamchatka. Na mais recente expedição, foram identificadas cinco famílias de vírus, sendo que quatro são totalmente novas para a ciência. A mais antiga foi revelada em pesquisas anteriores de Claverie.

Quais os nomes dos vírus que estavam congelados na Sibéria?

Anteriormente, o grupo de cientistas descreveu a descoberta da família de vírus Pithovirus (em 2014) e da Mollivirus (em 2015). Na nova pesquisa, foram detectados nove agentes infecciosos diferentes, vindo das novas famílias Pandoravirus, Cedratvirus, Megavirus e Pacmanvirus, além de uma nova cepa de Pithovirus. Em comum, todos infectam amebas. Só que as idades são diferentes, e apenas um tem 48 mil anos.

"Dada a diversidade desses vírus, tanto em sua estrutura de partículas quanto em seu modo de replicação, pode-se inferir razoavelmente que muitos outros vírus eucarióticos que infectam uma variedade de hospedeiros muito além de Acanthamoeba spp. também podem permanecer infecciosos em condições semelhantes", afirmam os autores.

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Vírus zumbis podem ser um risco para a espécie humana?

É verdade que vírus, bactérias e outros patógenos que habitam o permafrost podem ser um risco para as mais diferentes formas de vida que habitam a Terra hoje. Só que existem diferentes variantes que podem impedir a capacidade de infectar seres mais complexos, como humanos ou animais.

"Quanto tempo esses vírus podem permanecer infecciosos uma vez expostos a condições externas (luz ultravioleta, oxigênio, calor) e a probabilidade de encontrar e infectar um hospedeiro adequado nesse intervalo ainda é impossível de estimar", completam os autores.

Fonte: Viruses