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Degelo do permafrost pode liberar bactérias e vírus nocivos à saúde humana

Por| Editado por Patricia Gnipper | 22 de Outubro de 2021 às 18h10

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Pixabay
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O derretimento do permafrost lançará uma grande quantidade de metano na atmosfera da Terra, agravando mais o aquecimento global. Isto já seria motivo suficiente de preocupação, mas, um novo estudo, conduzido pelo Laboratório de Propulsão a Jato (JPL, na sigla em inglês) da NASA, revela que os danos deste degelo se estendem também à saúde humana, pois há um grande potencial de que bactérias resistentes a antibióticos, vírus desconhecidos e até mesmo resíduos radioativos sejam também liberados.

O permafrost é caracterizado pela camada de terra permanentemente congelada que cobre até 23 milhões de quilômetros quadrados do hemisfério Norte. A maior parte dele fica no Ártico e chega a ter um milhão de anos — quanto mais fundo, mais antigo. Ao longo de vários milênios, esta camada abrigou uma variedade de compostos químicos, sejam naturais, acidentais ou deliberados.

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As mudanças climáticas têm aquecido o Ártico com mais velocidade do que em qualquer outro lugar do mundo. Estima-se que, até o ano de 2100, até dois terços do permafrost próximos à superfície serão perdidos. Isso significa também que o degelo liberará gases de efeito estufa, como dióxido de carbono e metano, que ficaram guardados ali por milhares de anos.

No entanto, o permafrost guarda muitos outros elementos nocivos. A pesquisa utilizou os dados do programa Arctic Methane and Permafrost Challenge, fruto da parceria entre NASA e Agência Espacial Europeia (ESA), e descobriu que o degelo tem potencial de liberar bactérias, vírus jamais vistos, lixo nuclear da Guerra Fria e radiação de outros produtos químicos. Mais de 100 microorganismos resistentes a antibióticos modernos foram encontrados na profunda terra congelada da Sibéria.

Conforme o degelo aumenta, a tendência é que estas bactérias sejam levadas pela água e criem cepas resistentes aos antibióticos modernos. Outro risco apontado pela pesquisa são os subprodutos de combustíveis fósseis introduzidos ao ambiente desde o início da Revolução Industrial. As décadas de extração dos depósitos de metais naturais do Ártico, como arsênio, mercúrio e níquel, causaram uma contaminação de resíduos por milhares de hectares.

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A principal autora do estudo, Kimberley Miner, cientista do JPL, disse que “temos uma compreensão muito pequena de que tipo de extremófilos — micróbios que vivem em muitas condições diferentes por um longo tempo — têm o potencial de ressurgir”. Em outras palavras, estamos longe de prever exatamente quando e onde estes impactos podem surgir, pois é necessário que mais estudos sejam realizados na região. “Esta pesquisa é crítica”, acrescentou Miner.

O cientista Diego Fernandez, da ESA, ressaltou que a pesquisa conduzida pelo programa entre as duas agências espaciais é fundamental para compreender a ciência de um Ártico em mutação. “O descongelamento do permafrost claramente apresenta enormes desafios, mas são necessárias mais pesquisas”, acrescentou Fernandez.

O estudo foi publicado em 30 de setembro deste ano, na revista Nature Climate Change.

Fonte: ESA