7 conquistas em prol do meio ambiente e do clima em 2023
Por Fidel Forato • Editado por Luciana Zaramela |
O ano de 2023 entrou para a história como o mais quente do planeta, segundo relatório da Organização das Nações Unidas (ONU). No Brasil, ondas de calor se espalharam por diversas regiões, fazendo os termômetros ultrapassarem os 40 °C. Toda essa situação provocada pela crise climática pode causar angústia, mas pelo menos sete importantes conquistas em prol do meio ambiente e do clima foram alcançadas neste período e merecem ser lembradas.
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Entre os marcos de 2023, estão: a queda no desmatamento na maior floresta tropical do mundo — a Amazônia —, um tratado para a preservação dos oceanos, o compromisso mundial em reduzir o uso de combustíveis fósseis e ações no judiciário contra poluidores.
A seguir, confira os sete principais marcos na defesa do meio ambiente e do clima:
1. Redução dos combustíveis fósseis
O ano de 2023 foi marcado pelo consenso entre as principais economias do mundo de que é preciso iniciar a fase de transição energética dos combustíveis fósseis para as renováveis. Esta foi a principal conclusão da 28ª sessão da Conferência das Partes (COP28) da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima (Unfccc).
A transição deverá ser feita de forma justa, ordenada e equitativa, com o objetivo de, até 2050, ser alcançada a neutralidade de carbono. Em consequência, isso deve limitar o aumento da temperatura a 1,5 °C acima dos níveis pré-industriais, como propõe o Acordo de Paris.
2. Impulso por energias limpas
Ainda no campo das energias renováveis e limpas, este ano foi marcado por um boom no financiamento de pesquisa. Entre os destaques, estão os EUA com a Lei de Redução da Inflação (IRA), que destina milhões de dólares para ações que visam reduzir a emissão de gases do efeito estufa e apoiar o uso de combustíveis renováveis.
Embora a lei norte-americana tenha sido aprovada no ano passado, os resultados são observados só agora. Nos últimos meses, o setor privado anunciou mais de US$ 110 bilhões (cerca de 543 bilhões de reais) em novos investimentos na produção de energia limpa, sendo que US$ 70 bilhões (346 bilhões de reais) são destinados para a produção de veículos elétricos
3. Ajuda contra a crise climática
Como resultado da COP28, as nações pobres que mais sofrem com os efeitos da crise climática, como secas e inundações frequentes, conseguiram que os países ricos criassem um fundo destinado para a reconstrução e prevenção dessas catástrofes, um marco para a resiliência climática. Para este fim, serão destinados cerca de US$ 100 bilhões (493 bilhões de reais).
4. Menos desmatamento na Amazônia
No campo da preservação, boas notícias chegam da Amazônia, já que as taxas de desmatamento associdadas com a extração ilegal de madeira caíram tanto na parte da Colômbia quanto do Brasil.
No caso brasileiro, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) aponta que a área total de desmatamento caiu 22,3% entre os meses de agosto de 2022 a julho de 2023, sendo calculada em 9.001 quilômetros quadrados. No período anterior, entre agosto de 2021 e julho de 2022, a área perdida foi de 11.594 quilômetros quadrados.
Na análise histórica, é o menor índice de desmatamento na Amazônia Legal desde 2019. Apesar da conquista, ainda há muito a ser feito no campo da preservação, como propõem os cientistas do Painel Científico para a Amazônia (SPA).
5. União Europeia contra o desmatamento
Na luta por manter as florestas em pé e continuar a sequestrar altas quantidades de carbono, a União Europeia firmou um compromisso em não estimular o desmatamento destas áreas.
A partir da nova regulamentação, em vigor desde junho deste ano, a compra de commodities — como soja, madeira, café, borracha e madeira — só pode ser feita com a comprovação de que o cultivo desses produtos não ocorreu em áreas desmatadas e nem contribuiu com a degradação florestal.
6. Proteção dos oceanos
Pela primeira vez, a maioria dos países também concordou em firmar um tratado para proteger pelo menos 30% os oceanos que estão fora das fronteiras nacionais e, por isso, desprotegidos.
As áreas não poderão ser exploradas comercialmente, e servirão como uma rica fonte para pesquisas científicas. Este é o acordo sobre conservação e uso sustentável da biodiversidade marinha em áreas além da jurisdição nacional (BBNJ), apelidado de Tratado do Alto-Mar.
7. Disputa jurídica contra poluidores
Por ano, são produzidas 460 milhões de toneladas de resíduos plásticos, e não há garantias que o montante será reciclado. Nesse campo, para impedir que grandes palyers do mercado contribuam com o aumento da poluição, especialmente a invasão dos plásticos e microplásticos no meio ambiente, os ambientalistas têm levado estas questões para os tribunais.
No começo deste ano, a Danone foi alvo de processo na Justiça francesa por grupos ambientalistas em decorrência do suposto uso excessivo de plástico, o que a corporação nega. Em novembro, o estado de Nova York entrou na justiça alegando que a PepsiCo está poluindo as águas e prejudicando a vida selvagem nos arredores do Rio Buffalo por causa da produção de plásticos. Aparentemente, este é só o começo da busca por responsabilização, e caberá às autoridades determinar quem é, de fato, culpado.
Com tantos movimentos em prol do meio ambiente e do controle do clima, o ano de 2024 chega com uma perspectiva mais otimista e favorável, o que não significa que será mais fácil. A crise climática já está posta, e resta à humanidade saber como irá enfrentá-la.
Fonte: BBC Future, MRE e INPE