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COP28 | Como evitar a chegada ao ponto de não retorno na Amazônia?

Por| Editado por Luciana Zaramela | 08 de Dezembro de 2023 às 20h05

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Nathalia Segato/Unsplash
Nathalia Segato/Unsplash

Diante da emergência das mudanças climáticas e da crise social na Amazônia, cientistas do Painel Científico para a Amazônia (SPA) compartilham estratégias para evitar que a maior floresta tropical do mundo chegue ao ponto de não retorno. Previsto para sábado (9), o lançamento de uma série de documentos com estas orientações ocorre na 28ª Conferência das Partes realizada pela Organização das Nações Unidas (COP28), em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos.

Aqui, vale explicar que o ponto de não retorno para uma floresta é o momento em que as mudanças, provocadas pelo desmatamento, por exemplo, se tornam irreversíveis. Em outras palavras, quando não é mais possível recuperá-la ao estado anterior. Considerando os indicadores da Amazônia, este risco está cada vez maior.

Buscando sensibilizar os tomadores de decisão na área das políticas públicas, os membros do SPA indicam quais medidas emergenciais devem ser adotadas na Amazônia para que o bioma continue a existir na forma como é hoje, o que inclui frear as emissões de carbono e combater as ilegalidades. Também é preciso impedir mudanças no uso do solo, provocadas pelo desmatamento, o que reduz a resiliência dessas regiões.

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Dentro desse processo de proteção da Amazônia, é fundamental que “a infraestrutura deva ser planejada e implementada por e pelos amazônidas [população natural e/ou que habita a região]”, afirma Ana Carolina Fiorini, pesquisadora vinculada à Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e uma das autoras dos documentos, para a Agência Bori.

Medidas urgentes na Amazônia

Quando se analisa a questão da Amazônia, é preciso pensar em um conjunto de ações. Entre as mais urgentes, estão: frear as emissões de gás carbônico provenientes das queimadas, investir em programa de armazenamento de carbono e priorizar as soluções locais e sustentáveis nos projetos de desenvolvimento regional.

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Considerando as áreas já desmatadas dentro da floresta tropical, é fundamental pensar em como promover a regeneração natural e o reflorestamento em grande escala. Isso ajudará a impedir a chegada de ponto de não retorno na recuperação do bioma.

Em paralelo, é necessário coibir ilegalidades, o que inclui a apropriação indevida de terras públicas florestadas. No oposto desta mesma questão, é importante estimular a recuperação das reservas de madeira. Apenas as comunidades locais devem poder realizar o manejo sustentável nessas áreas. Como um todo, os órgãos ambientais e as lideranças de povos e comunidades tradicionais da região devem ser fortalecidos.

Fontes de energia?

Na visão dos especialistas do SPA, as soluções energéticas devem ser baseadas em recursos renováveis, mas é preciso evitar grandes projetos como barragens, que geram conflitos socioambientais.

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“Soluções energéticas para as comunidades que não têm acesso à eletricidade, por exemplo, devem ser descentralizadas”, orienta a cientista Fiorini. É possível viabilizar o uso da energia solar, através de projetos em pequena escala, nesses casos.

“A Amazônia já sente o efeito das mudanças climáticas, então toda infraestrutura deve ser pensada para ser resiliente a essas mudanças, além de ser adaptada para a variação sazonal da região”, acrescenta.

Questão dos transportes

No caso dos transportes, as mesmas questões devem ser ponderadas, sempre priorizando os modais com menor impacto ambiental e emissão de carbono. Nesse caso, são os barcos e os pequenos aviões elétricos.

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É importante desestimular a dependência do transporte por rodovias. Isso porque a construção desse tipo de estrada exige muitos recursos, enquanto pode estimular o desmatamento e a degradação florestal.

Saneamento básico

Considerando a saúde das populações locais da Amazônia e a preservação da biota aquática — os seres vivos que habitam estes ambientes —, é preciso investir no saneamento básico.

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Nesse processo de implementação, “características e necessidades específicas de cada comunidade devem ser levadas em consideração, e a população local deve ser empoderada para participar do desenvolvimento de novos projetos”, recomendam os pesquisadores, no documento.

Fonte: Agência Bori