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Como o Banco Original e a Shipay querem popularizar o Pix no varejo

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Agência Brasil/Marcello Casal Jr
Agência Brasil/Marcello Casal Jr

Lançado em 16 de novembro do ano passado, o Pix - sistema de pagamentos e transferências instantâneas do Banco Central (BC) - caiu nas graças do público brasileiro mais rapidamente do que muitos esperavam. Em janeiro deste ano, ele já respondia por 78% de todas as transferências bancárias feitas no Brasil, segundo dados tanto do BC e da Câmara Interbancária de Pagamentos (CIP).

De acordo com os dados averiguados, entre os dia 1º e 17 de janeiro deste ano, foram efetuadas 87,1 milhões de transferências por meio do Pix no país, o que corresponde a 77,9% do total de transações dessa natureza. Os TEDs ficaram na segunda colocação, com 18 milhões de operações, seguido pelos DOCs, com 6,5 milhões. Para efeito de comparação, o uso do Pix em dezembro do ano passado representava 68,5% do total de transferências. Ainda conforme o levantamento, o valor médio das transferências pela plataforma do BC é de R$ 700 nos dados parciais de janeiro, um ticket médio 1302% maior do que os TEDs (R$ 49,90).

No entanto, se entre os consumidores o uso do Pix mostra uma adesão acelerada, o mesmo não se pode dizer quanto ao seu uso no varejo em geral. Um das causas segundo vários especialistas é o desafio tecnológico de integrar a plataforma aos softwares das lojas e também com seus respectivos centros de distribuição e logística de entrega. Com isso, no começo deste ano, segundo dados do próprio BC, o Pix representava menos de 7% de todas as operações realizadas entre pessoa física e estabelecimentos comerciais. Mas esse cenário começa a mudar.

Aos poucos, grandes varejistas, incluindo e-commerces, começam a adotar a solução do BC. No último dia 15 de abril, o Mercado Livre anunciou que passou a aceitar pagamentos via Pix, a partir do checkout de seu marketplace - de forma progressiva, a solução também será ofertada para outros fluxos, como as compras com carrinho.

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O uso do Pix traz vantagens para consumidores e vendedores online: no primeiro grupo, a utilização da plataforma do Banco Central substitui (e deve extinguir em breve) a emissão de boletos. Com isso, a entrega dos pedidos tende a se tornar mais rápida, já que o valor cai na conta do estabelecimento na mesma hora e ele pode enviar o produto mais rapidamente.

Já para o segundo grupo, com o Pix, os e-commerces também não terão mais despesas com a emissão de boletos, principalmente quando o usuário gera o documento em questão, mas não efetua a compra. Eles também não precisarão mais segurar o produto, esperando que o boleto seja pago, perdendo vendas em potencial, principalmente em casos de desistência.

E o uso do Pix tanto para varejistas físico, quanto online, também significa taxas mais competitivas, rapidez na transação e o fim de pagamento de juros aos bancos por antecipação de pagamentos. Não por acaso, a Lojas Americanas também já aderiu à solução do BC, a partir da sua fintech, a Ame Digital.

Por fim, nos últimos meses, o BC vem liberando novas funções do Pix que podem incentivar os estabelecimentos a adotar a plataforma com mais afinco nos próximos meses. Entre os novos recursos estão o Pix Agendado, que permitirá ao usuário pagador marcar a operação de pagamento para uma data futura. E também o QR Code do Pagador, que possibilitará a realização de pagamentos via Pix mesmo se o usuário estiver offline, encorajando aqueles que têm um pacote de dados mais restrito a usar a solução do BC sem gastar seus preciosos MBs.

E além do BC, as instituições bancárias também estão fazendo seus movimentos para promover um maior uso do Pix no varejo físico e online. Um deles é o Banco Original que, em parceria com a fintech Shipay, desenvolveu um modelo de QR Code dinâmico que permite aos estabelecimentos usarem a solução do BC para realizar as transações de pagamento no ponto de venda.

A solução permite que o varejista gere um QR Code para cada transação que o consumidor deseje pagar via Pix. Basta que o cliente aponte a câmera do celular para finalizar a operação. A inovação criada possibilita o recebimento pelo varejista independentemente da instituição financeira que utiliza.

E para explicar melhor como esse QR Code dinâmico funciona e qual o potencial dele a partir do Pix no varejo brasileiro, o Canaltech conversou com Carlos Rudnei, superintendente executivo Head de Baas (Banking as a Service) do Banco Original.

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Confira como foi o papo:


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- O Pix ainda não foi massificado no varejo, como vem acontecendo entre os correntistas. Quais são as causas para essa adoção mais lenta?

Carlos Rudnei: O Pix começou como uma onda forte focada em transferências e atualmente estamos na fase de incorporar novas soluções que envolvam a utilização de QR Codes no dia a dia dos clientes. O mercado está se preparando para esse novo movimento e, segundo o BACEN, a partir de 14 de maio, inicia-se a obrigatoriedade de todas as instituições regulamentadas a estarem aptas a pagar a partir dos QR Codes Pix.


CT - Falando um pouco do futuro do Pix no varejo, que outras soluções de pagamento o Original e a Shipay vislumbram usando a plataforma do BC e que ajudariam a popularizar a tecnologia?

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C.R.: A API Pix é uma novidade para todo o mercado e está num processo constante de evolução. Dada as oportunidades sugeridas no próprio roadmap do BACEN, disponibilizaremos em breve a opção de geração de QRCodes para cobrança com vencimento, ideal para situação que entram nos casos de uso de boletos e carnês. Nesse sentido visamos uma grande oportunidade de atingir estabelecimentos que trabalhem com cobranças recorrentes (serviços escolares, assinaturas, academias etc.), que exigem um vencimento sujeito a incorrência de juros, multas, abatimentos e descontos.

Além disso, vemos no futuro a oportunidade de oferta de serviços que envolvam o Saque Pix nos estabelecimentos comerciais e o uso da API de Pagamentos Pix (EC poderá pagar fornecedores diretamente do seu sistema integrado com a Shipay) que serão especificados dentro da agenda evolutiva do BACEN, prevista para o próximo ano.

CT - De forma prática, como funciona o QR Code dinâmico desenvolvido a partir da parceria Original / Shipay?

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C.R.: Para o consumidor, é a possibilidade de pagar as compras à vista de produtos e serviços no varejo através do PIX, mediante a leitura do QRCode. Para o comerciante, é a possibilidade de receber suas vendas à vista instantaneamente, com um custo muito baixo, aproveitando uma solução oferecida no software disponibilizado pela Shipay, que ele já usa no dia-a-dia e sem a necessidade de abrir uma nova conta bancária.


CT - Quais as vantagens do uso do QR Code dinâmico tanto para os varejistas, quanto paras os usuários? Haverá algum tipo de cobrança pelo seu uso para os dois lados?

C.R.: Para os varejistas, as vantagens são: recebimentos no mesmo dia, taxa mais competitiva que as de débito e crédito, além da antecipação de recebíveis, rapidez na transação, evita o contato (pandemia), há a conciliação integrada e simplicidade na operação.

Para os clientes as vantagens são: pagamento rápido, sem contato, conta atualizada em tempo real, totalmente gratuito (inclusive em casos de devolução também não é tarifado).

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CT - Já uma estimativa de quantos varejistas poderão usar esse QR Code dinâmico nos próximos meses? Como ele será promovido entre os estabelecimentos?

C.R.: Dentro do ecossistema de nossa parceria vislumbramos um mar aberto de mais de 100 mil estabelecimentos espalhados por todo Brasil. Estimamos nos próximos meses que algumas dezenas de milhares de estabelecimentos operarão com nossa solução, pela parceria e engajamento potencial que a Shipay tem.

Estar presente em um estabelecimento comercial como sistema de gestão financeira requer confiança e sabemos que a Shipay tem essa confiança com seus estabelecimentos comerciais, agregando o preço justo e a solução de qualidade que praticamos. Logo, acreditamos que o produto terá uma grande aderência.

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CT - Esse QR Code dinâmico desenvolvido pelo Original / Shipay poderá ser usado também em e-commerces? Em caso negativo há a possibilidade utilizarmos mais para frente?

C.R.: Sem dúvida. Já temos inclusive um projeto piloto com um e-commerce parceiro da Shipay. Nossa proposta é oferecer serviços de integração de API que permitem a oferta de produtos bancários tanto a estabelecimentos que são do segmento, quanto aos que não são. Dentro desse universo de APIs podemos atender diversos tipos de parceiros, inclusive e-commerces / Marketplaces.


CT - O uso do QR Code dinâmico criado em parceria com a Shipay é restrito aos correntistas do Banco Original ou pode ser usado também por clientes de outros bancos?

C.R.: O pagamento via QR Code dinâmico é disponível para clientes de qualquer instituição financeira.

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CT - E como esse QR Dinâmico trabalha a questão de segurança e o tráfego de dados ao ser utilizado?

C.R.: A nossa API Pix segue todos os padrões e critérios de segurança já existentes e adotados nas demais APIs que desenvolvemos, como, por exemplo, a API de Boletos e Arrecadações, Débito Automático, Saques, dentre outras. Além disso, seguimos todas as recomendações dispostas nos manuais publicados pelo BACEN.


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