Construção de usina no Ceará pode derrubar internet do Brasil, aponta Anatel
Por Vinícius Moschen • Editado por Wallace Moté |
A construção de uma usina de dessalinização tem gerado um embate entre as operadoras de telefonia e o governo do estado do Ceará. A questão envolve a possibilidade de quebra dos cabos submarinos de fibra óptica, que passam pela cidade de Fortaleza e garantem a estabilidade da conexão à Internet no Brasil todo.
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O projeto para a construção da instalação é de responsabilidade da Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece), com o objetivo de converter a água do mar na região da Praia do Futuro em água potável. De acordo com as estimativas divulgadas, a oferta de água na Grande Fortaleza poderá ser aumentada em 12%.
Contudo, há a preocupação de que as obras possam romper os cabos submarinos da grande rede que passa pela região. Por conta de sua localização geográfica, Fortaleza é o ponto de conexão do Brasil com o resto do mundo, e é responsável por até 99% do tráfego de dados em território nacional.
A manutenção dos cabos submarinos é considerada essencial para manter a estabilidade de conexão em todo o país, já que são eles os responsáveis por transmitir informações em alta quantidade e velocidade. Todo o planeta é interconectado por estes cabos, que costumam ser gerenciados pelas operadoras e/ou grandes empresas de tecnologia.
Portanto, estima-se que a quebra dos cabos possa fazer com que a internet brasileira seja completamente desligada, ou pelo menos fique bem mais lenta do que se está acostumado.
Anatel emitiu recomendação contra usina, mas Cagece afirmou que já fez revisões no projeto
A Anatel emitiu uma recomendação contrária à construção da usina, o que parou o andamento do projeto e deve atrasar a finalização em pelo menos seis meses. Inicialmente, era previsto que o início das atividades de dessalinização aconteceriam em 2025.
A Cagece afirmou que já realizou revisões no seu projeto, que incluem o afastamento da infraestrutura de 40 para 500 metros dos cabos. As mudanças teriam custado cerca de R$ 35 a 40 milhões, e seriam capazes de garantir que o funcionamento dos cabos não seja afetado.
No passado, já foram registradas ocasiões em que grandes regiões ficaram completamente sem internet por danos nos cabos. É o que aconteceu na Mauritânia em 2018, em que a população ficou 48 horas sem internet por conta de uma quebra.
Porém, é improvável que o Brasil seja afetado nessa magnitude, já que há uma infraestrutura mais completa por meio de cabos adicionais ou por satélite.
Caso cabos submarinos sejam rompidos ou danificados, o processo de manutenção costuma ser caro e complicado. Afinal, é preciso usar uma série de equipamentos específicos para puxar o cabo do fundo do mar até a superfície, e então realizar o conserto necessário.
Fonte: via G1