PS6 e Xbox Magnus podem estar ameaçados com a crise de memória e SSD
Por Raphael Giannotti • Editado por Jones Oliveira |

A atual geração de consoles teve um lançamento turbulento. Quando o PS5 e o Xbox Series chegaram, a pandemia estava acontecendo já há alguns meses e isso afetou drasticamente a estreia desses hardware com escassez de componentes. Ao que tudo indica, os sucessores desses consoles devem passar pelo mesmo, desta vez por causa da falta de memória RAM e SSD no mercado.
A indústria de chips DRAM e NAND está passando por uma das piores crises da história da tecnologia. Isso acontece por causa do boom da IA, com gigantes como Microsoft, Google, Meta e OpenAI exigindo todo o estoque desses componentes para abastecerem seus data centers de IA e nuvem para atender a crescente demanda pelo usuário.
Micron é crucial para os consoles
Isso tem drenado quase tudo o que as maiores fabricantes como Samsung, SK hynix e Micron conseguem produzir. A maior empresa da Coreia do Sul já disse que não vai investir em expansão agora e vai aproveitar a demanda colossal para lucrar. Já a empresa estadunidense anunciou recentemente que está deixando de investir no segmento de PC com sua linha gamer Crucial.
A Micron é quem abastece o PlayStation 5 e os dois Xbox Series, assim como o fez na geração anterior, sendo uma player extremamente importante para os consoles. O possível lançamento conturbado do PS6 e o Xbox Magnus pode acontecer justamente pela mudança de foco da fabricante de DRAM e NAND para o mercado de IA, deixando os consoles a ver navios.
Apesar de o foco da crise ser memória RAM e SSD, ela também afeta placas de vídeo porque as memórias GDDR, independentemente da geração, usam chips DRAM. Ou seja, estamos falando aqui de uma escassez que afeta os principais componentes de uma máquina completa. Somente CPU e placa-mãe não são afetados diretamente, mas são atingidas de forma indireta.
Isso significa que mesmo a AMD entregando o cérebro do PS6 e Xbox Magnus, que é a APU (CPU + GPU), ela corre o risco de ser limitada na hora de implementar as memórias de vídeo (VRAM), principalmente em maiores quantidades, que é o que se espera da próxima geração de consoles.
Crise de DRAM e NAND pode atrasar e encarecer novos consoles
Com a cadeia quase toda afetada, os novos consoles da Sony e Microsoft podem até sofrer algum adiamento interno, ou podem até chegar em 2027 como já disseram, mas com preços altíssimos, já que precisarão comprar módulos de memória mais caros por conta da escassez. Vale lembrar que as gigantes de IA estão pagando o valor que seja para abastecerem os seus servidores.
A disputa é bastante injusta, já que estamos falando de uma indústria de centenas de bilhões de dólares, chegando até mesmo na casa dos trilhões, contra uma indústria muito menor, que fica na casa dos US$ 100 bilhões. Isso significa que as gigantes que lidam com inteligência artificial têm dinheiro para pagar o que for preciso para que seu negócio continue em operação.
E isso coloca a Samsung, SK hynix e Micron em uma posição muito confortável, já que eles descobriram a mina de ouro que foi até eles, sem nem precisarem procurar e explorar. Essas empresas registraram crescimento de quase 50% no faturamento nos últimos 12 meses, período em que a situação começou a se intensificar, por isso o mercado de games não é mais prioridade. Lembrando que elas ainda não dão conta da demanda por falta de infraestrutura, algo que não deve mudar em menos de três anos, que é o tempo necessário para construir uma nova fábrica.
Situação deve amenizar só no fim da década
Executivos dessa indústria já alertaram que a situação nem atingiu seu pico negativo ainda, e que a crise ganhará força em 2026 e deve se estender por todo 2027, que é mais ou menos quando o PS6 e Xbox Magnus podem chegar ao mercado.
Muitos acreditam que a próxima geração de consoles pode ser a última na forma como conhecemos: com um hardware dedicado ali no raque da TV. O foco em cloud gaming tem sido cada vez maior por parte da Sony e, principalmente, da Microsoft, e essa pode ser uma saída para a escassez de componentes, que leva a uma dificuldade na hora da produção do hardware e também a preços elevados.
E olha que nem mencionei as tensões geopolíticas que só crescem e isso não deve amenizar tão cedo (ou talvez nunca mais), questão que afeta a cadeia de produção inteira de chips que é espalhada entre países Ásia e os EUA.
Análises feitas por especialistas sempre nos dão um norte do que esperar de determinado segmento no futuro, mas a verdade é que o que vem por aí está em meio a uma neblina densa, em que só é possível ver um metro a frente e devemos nos preparar para isso.
Como essa situação vai de mal a pior, confira os destaques da nossa cobertura sobre o assunto:
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