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Análise | WD Black P10 é o disco rígido gamer que peca por falta de diferenciais

Por| 01 de Janeiro de 2020 às 10h20

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Sergio Oliveira
Sergio Oliveira
Tudo sobre Western Digital

Atualmente, um problema assola praticamente todos os gamers, sejam eles de PC ou de console: armazenamento. Com a popularização da banda larga e o avanço da distribuição digital de jogos, é fácil se ver escolhendo qual jogo apagar para dar espaço para aquele lançamento tão aguardado. E não importa se você joga no Xbox One ou PlayStation 4 e prefere adquirir seus títulos em mídia física, pois basicamente ela só serve para "adiantar" o download, instalando o jogo no dispositivo de armazenamento do console de toda forma.

Agora adicione a essa fórmula o fato de os jogos mais recentes baterem fácil os 100 GB de tamanho e os 500 GB, 1 TB e até 2 TB de armazenamento do seu computador ou videogame vão embora mais rápido do que você imagina. A solução óbvia, então, é trocar o dispositivo de armazenamento por um maior. Só que aí esbarramos em mais um problema: instalar um disco rígido (HDD) ou SSD interno não é tão trivial assim para a maioria dos usuários, que fogem da ideia de ter de abrir o PC ou o console, desparafusar e retirar o componente para substitui-lo por um novo.

Para resolver essa situação do jeito mais fácil possível, a Western Digital recentemente lançou o WD Black P10 Game Drive, um "disco rígido gamer" que promete expandir o potencial do seu Xbox One, PlayStation 4 ou PC de um jeito bem prático e adequado para deslocamento: basta conectar o cabo USB do HDD no computador ou videogame e pronto, ele já está pronto para usar.

Mas qual exatamente é o diferencial do WD Black P10 em relação a um disco rígido externo "comum"? Mais importante do que isso: ele vale a pena? É isso o que iremos discutir nesta análise.

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WD Black P10: o produto

A caixa do WD Black P10 não tem nada de mais e se limita a apresentar rapidamente o visual e principais características do produto. Observando-a, o consumidor já se dá conta de que vai encontrar um disco rígido sóbrio e sem firulas. Além da imagem que mostra o dispositivo, há inscrições que destacam que ele é compatível com PlayStation 4, Xbox One e PC, espaço de armazenamento e taxa máxima de transferência.

Abrindo a embalagem, nenhuma surpresa: encontramos manuais, cabo e o WD Black P10 em si. Os manuais são bem básicos e servem apenas para tirar a dúvida de usuários leigos, já que contêm apenas informações básicas e indicações de como conectar o cabo USB do componente ao computador ou ao videogame.

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Falando em cabo, ele possui 40 cm de comprimento, o suficiente para deixar o aparelho acomodado ao lado ou acima da máquina a que ele estará conectado. A ponta que vai no computador possui conector do Tipo A, enquanto a que se conecta ao WD Black P10 é do tipo Micro-B, obedecendo ao padrão USB 3.2 de primeira geração.

Quanto ao HDD em si, ele segue o estilo visual da linha WD Black, com corpo todo negro, o que lhe dá um ar de produto premium, maior robustez e durabilidade. E isso não é só aparência: a parte superior da carcaça é feita de metal, servindo como arrefecimento passivo do produto. Na parte de baixo, a Western Digital optou por utilizar um plástico duro, de alta qualidade, que está alinhado com a ideia de resistência do produto.

Na parte de trás, vemos a entrada USB Micro-B do WD Black P10 e seu LED indicador de atividade. O interessante aqui é que ele é relativamente grande, mas tem um brilho balanceado para não incomodar o usuário com luz excessiva, esmaecendo lentamente para indicar que está havendo alguma atividade no componente. É um detalhe que parece bobo, mas que demonstra o esmero da fabricante com o produto que está vendendo.

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WD Black P10: Especificações

Agora que já conhecemos o disco rígido externo da Western Digital voltado para gamers, vamos dar uma olhada em suas especificações e no que ele tem a nos oferecer.

Ao todo, o WD Black P10 está disponível no mercado em três variantes diferentes com 2 TB, 4 TB e 5 TB de armazenamento. O modelo que o Canaltech recebeu para testar foi o de 2 TB, que tem como principal diferencial em relação aos outros dois a utilização de dois pratos (7mm) contra cinco pratos (15mm).

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Por conta disso, o modelo de 2 TB alcança taxas de transferência de até 140 MB/s, um pouquinho maiores que as dos modelos de 4 TB e 5 TB, que chegam a 130 MB/s. A espessura do produto é outra característica afetada por essa diferença: o modelo mais modesto tem dimensões de 88mm (L) x 118mm (C) x 13mm (A) e pesa 140g, enquanto os dois mais parrudos medem 88mm (L) x 118mm (C) x 21mm (A) e pesam 230g.

Fora essas disparidades, todo o restante é igual. Os três modelos se alimentam diretamente do cabo USB, não exigindo fonte externa de energia, operam a 5.400 RPM e são compatíveis com Windows 8.1 em diante, macOS, PS4 e Xbox One.

Inclusive, se você está pensando aí que pode usar o WD Black P10 para armazenar outros tipos de arquivos porque ele é compatível com Windows e macOS, fique tranquilo que você pode, sim. Apesar de a Western Digital vender o WD Black P10 como uma solução voltada para gamers, a verdade é que ele serve para armazenar bem mais do que apenas jogos. De fábrica, o dispositivo vem formatado com o sistema de arquivos exFAT, o que o torna reconhecível por qualquer computador para armazenar desde documentos até arquivos gigantescos de vídeo. Assim, apesar de a propaganda recomendar usar este produto para armazenar games, cabe a você definir como irá utilizá-lo.

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Apesar dessa versatilidade, duas questões chamaram nossa atenção. A primeira delas é que estamos falando de um produto gamer lançado recentemente; por isso, nossa expectativa era encontrar conectores USB-C ou pelo menos um cabo Micro-B/USB-C extra. Sem ele, por exemplo, o WD Black P10 é incompatível com os Macbooks mais recentes, que só têm portas USB-C/Thunderbolt 3.

No fundo, porém, a verdade é que a Western Digital escolheu por atender as massas. Ao incluir apenas o cabo Micro-B/USB-A, a fabricante atendeu a todos, já que praticamente todo computador e todos os consoles possuem porta USB-A, mas não USB-C — o que exigiria ou um adaptador ou, de novo, um cabo extra.

Outra ausência percebida foi a de suporte à criptografia. Porém, assim como o USB-C, a escolha da fabricante faz sentido: nenhum console atual tem mecanismos capazes de lidar com arquivos criptografados. Isso sem falar que, se nos atermos ao propósito do WD Black P10, é desnecessário criptografar os arquivos dos jogos. Com isso em vista, leve em consideração que se você está em busca de um HDD externo para armazenar dados sensíveis, o P10 não é recomendado para você.

WD Black P10 – Especificações
Especificação / Modelo2 TB4 TB 5 TB
DesignCompacto com alimentação USB
Padrão USBUSB 3.2 Geração 1 (~625MB/s)
Cabo USBTipo-A/Micro-B SuperSpeed
Taxa máxima transferência140 MB/s130 MB/s
Dimensões118 (C) x 88 (L) x 13 (A) mm118 (C) x 88 (L) x 21 (A) mm
Peso140g230g
CompatibilidadePC (Windows 8.1 e superior), macOS (10.11 e superior), PlayStation 4 e Xbox One
Garantia3 anos
PreçoR$ 580R$ 838Não encontrado no Brasil
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WD Black P10: Desempenho

Depois de ver a cara e o que o WD Black P10 pode nos oferecer, é chegada a hora de ver como ele se sai no teste de fogo. Para isso, montamos alguns cenários para dar uma noção do desempenho deste produto para você, seja utilizando softwares de benchmark como o ATTO Disk Benchmark e o Crystal Disk Mark ou movendo arquivos para o dispositivo de armazenamento em duas situações distintas para medir sua taxa média de transferência e tempo para concluir essas tarefas.

Antes de colocarmos as cartas na mesa, é preciso esclarecer um ponto muito importante que de repente pode ter passado despercebido até aqui. Veja bem: estamos analisando um disco rígido externo mecânico que utiliza pratos e agulha para ler e escrever dados. Por isso, ainda que a fabricante o propagandeie como um dispositivo voltado para os gamers, seu desempenho será comprometido por essa limitação física, mecânica, técnica ou o nome que você quiser dar.

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Para deixar tudo ainda mais às claras, o computador utilizado para rodar os testes possui as especificações a seguir:

  • Placa-mãe:Asus PRIME Z390-A
  • GPU:Nvidia GeForce RTX 2070 Super
  • Processador:Intel Core i9-9900KS @ 4.00 GHz
  • Memória: 4x T-FORCE 8 GB DDR4 @ 2.400 MHz
  • Armazenamento primário: 1 TB Intel SSD 660p
  • Fonte: XFX XTR2 Série 850W 80 Plus Gold Modular
  • SO: Windows 10 Pro 64 bits

Dito isso, vamos aos testes de desempenho.O primeiro teste foi feito com o ATTO Disk Benchmark para medir a transferência de arquivos de vários tamanhos diferentes. Aqui, o software utiliza dados compreensíveis e sequenciais, nos dando uma noção das taxas máximas teóricas de leitura e escrita do WD Black P10. Os resultados ficaram um pouco abaixo do máximo prometido pela Western Digital, com o dispositivo alcançando velocidade máxima de escrita de 124 MB/s e pico de 127 MB/s de leitura. Apesar disso, foi possível observar que essas taxas foram constantes durante todo o teste.

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A segunda bateria de testes foi feita com o Crystal Disk Mark, que vai além do ATTO Disk Benchmark ao utilizar dados incompreensíveis, sequenciais e aleatórios de tamanhos diferentes em diferentes modos de transferência. Aqui, o software nos dá uma noção de como o WD Black P10 se sairia em condições de uso mais próximas da realidade. E olha, o resultado do primeiro teste surpreendeu, já que o dispositivo alcançou taxas máximas teóricas de leitura e escrita de 138 MB/s e 130 MB/s, respectivamente, aproximando-se bastante do prometido pela fabricante.

Ao contrário do primeiro teste no Crystal Disk Mark, os demais utilizam dados não-sequenciais para simular uma série de arquivos menores sendo transferidos ao mesmo tempo, algumas vezes até utilizando multithreading. E é justamente aqui que percebemos a limitação do disco rígido mecânico, marcando taxas de leitura de apenas 0,530 MB/s e de escrita de 9,8 MB/s.

Para termos uma noção ainda melhor de como o WD Black P10 se comporta no dia-a-dia, utilizamos o CopyHandler para marcar o tempo e a taxa média de transferência em quatro situações distintas. Na primeira delas, movemos um arquivo de 10 GB do SSD para o HDD externo da Western Digital. Nesse cenário, a tarefa tomou 1m21s e foi realizada a uma taxa média de 122,8 MB/s.

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No segundo caso, fizemos o mesmo processo, mas na mão inversa, ou seja, movemos o arquivo do HDD para o SSD. Aqui, a tarefa tomou 1m28s e foi concluída a uma taxa média de 113 MB/s.

O terceiro e o quarto cenários envolveram a cópia de 19.636 arquivos, que totalizavam 39,7 GB, de e para o WD Black P10 da Western Digital. Na cópia do SSD para o HDD externo, a tarefa levou 7m42s e foi realizada a uma taxa média de 87,9 MB/s. O cenário inverso tomou 10m26s e foi concluído a uma taxa média de 64,8 MB/s.

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Durante todos os testes, acompanhamos a evolução da temperatura do WD Black P10, que saiu de 32°C em standby para 47°C enquanto trabalhava — temperatura aceitável, sobretudo se levarmos em consideração os 30°C ambiente da cidade de Natal.

WD Black P10: Vale a pena?

E o que todos esses números significam na prática? Basicamente, o WD Black P10 funciona dentro do esperado, sem surpreender nem negativa, nem positivamente. Ele entrega tudo aquilo que a Western Digital promete, comportando-se muito bem durante os nossos testes tanto no PC quanto no console.

Por uma semana empregamos o aparelho como dispositivo de armazenamento primário de jogos no Xbox One X. Durante esse período, rodamos jogos como Gears 5, Forza Horizon 4e NBA 2K20 e na mesma medida que não percebemos nenhuma lentidão, também não percebemos nenhum ganho nos tempos de carregamento dos jogos — todos rodando em 4K.

O mesmo foi sentido durante a segunda semana de testes utilizando o P10 como dispositivo de armazenamento primário de jogos da Steam. No comparativo com outro disco rígido mecânico, os tempos de carregamento dos jogos foram semelhantes; sem perdas, nem ganhos.

A diferença, já esperada e óbvia, foi percebida no comparativo com o SSD, que, dependendo do modelo, pode ter velocidades de leitura e escrita até 10 vezes superiores que as do WD Black P10. Mesmo assim, é preciso ressaltar que a solução da Western Digital voltada para games entrega exatamente o que promete e está no mesmo patamar de outros dispositivos do tipo.

Objetivamente, isso significa que, em termos técnicos, o WD Black P10 não possui nenhuma característica ou recurso que o diferencie de outros produtos de sua categoria. Temos em mãos um disco rígido mecânico externo e portátil, que oferece muita facilidade na hora de armazenar e transportar os arquivos e jogos do usuário para lá e para cá — prova disso é que basta conectá-lo à porta USB do PC ou do console para já sair utilizando.

Para além dos aspectos técnicos, dá para dizer que o P10 oferece alguns diferenciais. O mais óbvio de todos é seu visual sóbrio e sua qualidade de construção. Por ter empregado metal na carcaça do dispositivo, a Western Digital realmente fez dele um aparelho mais robusto e resistente, não deixando isso apenas na aparência. De quebra, essa opção de design contribui para o arrefecimento do disco rígido, que mesmo em cidades quentes consegue operar abaixo dos 50 graus.

Longe dos olhos, outra característica chama a atenção no WD Black P10: todos os modelos vêm com 3 anos de garantia limitada, três vezes mais do que comumente é oferecido em dispositivos dessa categoria.

O problema é que o "selo gamer" e esses poucos diferenciais fazem do WD Black P10 um produto com preço quase 50% acima dos concorrentes. Prova disso é que o P10 de 2 TB recebido pelo Canaltech está custando, no momento da publicação desta análise, R$ 580 no e-commerce brasileiro para pagamento à vista. Caso opte por parcelar, o consumidor terá de desembolsar até R$ 682.

É um valor alto, sobretudo se colocarmos o produto lado a lado com alternativas como o Seagate Expasion Rescue Edition de 2 TB e até mesmo o Western Digital Elements de 2 TB, que custam R$ 400 cada e entregam basicamente as mesmas taxas de transferência do produto gamer. Nesse caso, a diferença de preço teoricamente se justifica pela qualidade de construção, já que essas e outras alternativas normalmente vêm em carcaças de plástico e contam com apenas 1 ano de garantia.

Para muita gente, a "troca" é justa e pode acabar compensando, haja vista que com a diferença de valor dá para investir em um HDD externo com ainda mais capacidade ou até adquirir um case USB para transformar um disco rígido interno em externo.

Assim, embora o WD Black P10 tenha um visual atraente, entregue armazenamento de sobra, possa ser utilizado tanto para armazenar jogos quanto como disco rígido portátil "comum" e cumpra com tudo que promete, acaba tropeçando feio no quesito preço. Por isso, a não ser que seu valor seja reajustado ou ele possa ser encontrado em promoção pelo mesmo valor que seus concorrentes, o P10 da Western Digital acaba sendo uma HDD externo difícil de recomendar.