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O que é CBDC e qual sua relação com o real digital?

Por| Editado por Claudio Yuge | 24 de Agosto de 2021 às 18h00

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USP Imagens/Marcos Santos
USP Imagens/Marcos Santos

Que o ambiente digital já se tornou parte de nossas vidas, não há dúvida. Isso tem feito muitas atividades adotarem formatos eletrônicos. E não foi diferente com as transações financeiras.

Segundo o Relatório Global de Pagamentos 2021, da WorldPay, em 2020, apenas 35% das operações financeiras no Brasil foram feitas com dinheiro em espécie. Outras 34% foram feitas com cartões de crédito e 20% por meio de cartões de débito. Já as carteiras digitais foram usadas em 8% das transações.

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Com isso, bancos centrais de diversos países passaram a pensar em desenvolver versões digitais de suas moedas. No Brasil, não foi diferente. Em 24 de maio de 2021, o Banco Central do Brasil (Bacen) anunciou os critérios para a criação de uma do real digital. Segundo o órgão, ele seria uma moeda digital emitida por banco central (Central Bank Digital Currency – CBDC).

E o que isso significa exatamente? Uma CBDC é uma versão digital da moeda do país. Com ela, é possível fazer operações financeiras cotidianas. A diferença em relação ao formato atual é o tipo de emissão, já que a única forma de muitos bancos centrais lançarem dinheiro é por meio de notas e moedas em espécie.

Com o real digital, o Bacen poderia expedir moedas virtuais, que podem circular embora nunca tenham sido impressas. Mesmo assim, esse dinheiro é totalmente regulado pela autoridade monetária. Isso faz do real digital um ativo bastante diferente das criptomoedas.

Isso porque as criptomoedas, como o Bitcoin, são emitidas e distribuídas de forma descentralizada. Não há influência alguma de governos ou bancos centrais e todo o sistema é regulado pela rede de usuários do sistema. Além disso, elas são extremamente instáveis. Ou seja, o real digital não vai ser uma criptomoeda.

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Além disso, enquanto as criptomoedas são tratadas geralmente como ativos financeiros, as CBDC são como o dinheiro tradicional. Elas podem ser usadas em operações financeiras do dia a dia, como pagamento de contas, transferências e investimentos. Já as criptomoedas ainda são mais limitadas.

Atacado e varejo

Existem, basicamente, dois tipos de CBDC: as de atacado e as de varejo. As de atacado funcionam para bancos comerciais e câmaras de compensação para transações entre instituições financeiras. A ideia é tornar essas operações mais eficientes — especialmente porque atualmente podem ser bastante caras e demoradas.

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Já as de varejo são voltadas ao consumidor final como alternativa ao dinheiro físico. Isso pode ajudar a aumentar a inclusão financeira da população, uma vez que, a depender das regras, permite transações digitais até por parte de pessoas que não têm contas em instituições financeiras.

No momento, a CBDC em estado de desenvolvimento mais avançado é a da China, o iuan digital. Por lá, mais de 20 milhões de cidadãos já têm carteiras digitais emitidas pelo Banco Popular da China e podem fazer transações com a moeda — o processo é semelhante ao que acontece nos apps bancários.

A moeda digital chinesa usa uma rede blockchain privada gerenciada pelo próprio governo local. A expectativa é que ela chegue a toda a população em menos de um ano.

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Nos EUA, o Federal Reserve (o banco central de lá) ainda discute se deve ou não criar uma CBDC. Na União Europeia, já houve consultas públicas sobre o assunto, e o Banco Central Europeu (BCE) já autorizou a criação do euro digital.

Real digital

Desde agosto de 2020, o Bacen tem um grupo para estudar CBDCs e avaliar seus possíveis benefícios e impactos. A ideia é o real digital seja uma nova forma de ter dinheiro e fazer transações, exatamente como já se faz hoje com o dinheiro em espécie. O objetivo é que ela esteja disponível daqui a 2 ou 3 anos.

E isso não significa que o dinheiro em espécie vai acabar em breve. Ele ainda é importante, mesmo que esteja caindo em desuso. O objetivo do Bacen é que o real digital seja um complemento ao real em espécie.

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A partir das diretrizes do órgão, é possível ter uma ideia das características da versão digital do real:

  • integração com os sistemas de pagamentos atuais, de forma a permitir operações financeiras — inclusive quando não houver conexão com a internet;
  • distribuição intermediada por participantes do sistema de pagamentos, como bancos e fintechs. Isso quer dizer que o real digital terá de ser armazenado em uma carteira virtual de uma instituição financeira;
  • conexão com outros bancos centrais, para que seja possível fazer operações financeiras com outros países;
  • uso de tecnologia que permita fomentar modelos de negócio inovadores que tragam mais eficiência à economia do país.

O Bacen informa que quer ouvir sugestões da população para lançar o real digital em 2 ou 3 anos. As diretrizes refletem a visão atual da entidade sobre o assunto, mas isso pode mudar depois do debate com a sociedade.

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Com o real digital, o sistema financeiro poderá se conectar à internet das coisas. Isso quer dizer que os equipamentos podem ficar ainda mais inteligentes. Então, se hoje há geladeiras que informam quando um produto está no fim, no futuro elas mesmas poderão fazer as compras de itens faltantes, por exemplo. Na prática, muitas aplicações que sequer imaginamos podem estar a caminho.

Fonte: Nubank