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Review Prince of Persia: The Lost Crown | A renovação que a série precisava

Por| 11 de Janeiro de 2024 às 14h08

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Divulgação/Ubisoft
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Existem várias maneiras de definir uma boa ideia. Uma delas é a difícil capacidade de criar algo que as pessoas não sabiam que queriam, mas que basta ver por um instante para que se perguntem por que demorou tanto tempo para aquilo existir. Pois é exatamente essa a sensação que o novo Prince of Persia: The Lost Crown traz.

Quando foi anunciado, o novo capítulo da lendária franquia da Ubisoft foi muito criticado por uma parcela bastante ruidosa dos fãs que rejeitava a ideia de um jogo 2D mais cartunesco, preferindo algo mais aos moldes do clássico Sands of Time, do PlayStation 2. Contudo, é só se aventurar um pouco pelos labirintos de The Lost Crown para perceber o quanto transformar Prince of Persia em um Metroidvania foi uma excelente ideia.

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Mais do que isso, trata-se de uma ideia muito bem executada. Ecoando a temática da própria série, o jogo resgata muito do seu próprio passado ao mesmo tempo em que olha para o presente e se inspira em bons exemplos recentes. Com isso, Prince of Persia se mostra mais do que um excelente Metroidvania, mas um game pronto para ser um novo marco no futuro da franquia.

Apostando no que é bom

Quando parte dos fãs reclamou de Prince of Persia: The Lost Crown por ele ser um jogo 2D “mais simples”, a equipe de desenvolvimento veio a público bater no peito para reafirmar a confiança que tinha em suas ideias e no projeto como um todo. E, agora que o game está em nossas mãos, fica bem claro o quanto eles estavam certos.

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O jogo foca sua história em Sargon, o mais jovem membro dos Imortais. Como membro da força de elite do exército persa, ele embarca em uma jornada para resgatar o príncipe que foi sequestrado por alguém em quem ele confiava. É uma premissa bem simples, mas o suficiente para entregar uma aventura bastante divertida e desafiadora que dosa muito bem toda a mitologia persa com o que há de melhor tanto em Metroidvanias quanto em plataformas em geral.

E é aí que a gente vê como uma boa ideia é a chave de tudo. Ao abrir mão daquele clima épico que muita gente esperava ver, o novo Prince of Persia aposta nessa suposta simplicidade para entregar uma jogabilidade muito bem refinada e um level design complexo que sabe aproveitar tudo isso muito bem. Costurando esses pontos, ele traz mecânicas inspiradas em outros títulos do gênero — como o excelente Metroid Dread, uma inspiração declarada pelos próprios desenvolvedores — que faz com que toda essa aventura mitológica seja incrível.

Tudo isso para dizer que The Lost Crown é uma delícia de se jogar. Embora seja muito ágil, ele conta com uma progressão muito consistente, daquelas que você sente que está evoluindo e melhorando a cada momento. E não apenas porque há sempre um novo poder para se adquirir, mas pelo modo como os desafios são postos pelo cenário, que vão exigindo mais e mais de você, mas sem criar uma barreira intransponível de dificuldade.

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É isso que faz com que a exploração do lendário Monte Qaf seja prazerosa do começo ao fim. O que começa como um aceno para os primeiros Prince of Persia logo mostra sua própria identidade, principalmente ao trazer de volta a ideia de controle do tempo que acabou entrando para a mitologia da série — e faz isso muito bem.

Ainda na exploração, The Lost Crown traz algumas pequenas novidades que fazem muito bem ao gênero Metroidvania. O maior exemplo disso são as chamadas Memórias, que nada são mais do que uma pequena captura de tela que você pode anexar ao mapa para relembrar o que quiser e onde quiser. 

É algo perfeito para quem sofre ao localizar um baú ou um puzzle em meio ao backtracking, já que basta bater o olho para saber o porquê de ter marcado aquele local. É uma mecânica tão simples, mas que faz toda a diferença — e é até estranho que ninguém tenha feito isso antes. Funciona tão bem que as demais marcações ficam até um pouco redundantes.

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Brincando com o tempo e espaço

À medida que avança por esse gigantesco labirinto, Sargon encontra novas habilidades que vão ajudar seu progresso. Algumas são bem tradicionais, como o dash no ar e o pulo duplo, mas há outras que casam muito bem com a temática e que criam novas possibilidades de exploração e combate.

Exemplo disso são as distorções no tempo, que permitem que o personagem volte a um ponto específico do cenário ao toque de um botão. É uma ideia simples, mas que casa muito bem com a narrativa e cria muitas possibilidades de puzzles e desafios. Da mesma forma, o herói pode criar brechas dimensionais para capturar inimigos ou objetos, o que também cria novas opções de ação dentro do jogo.

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E o que faz com que Prince of Persia: The Lost Crown seja tão bom é como ele consegue colocar todos esses poderes para agir de uma só vez. Em muitos momentos, é preciso combinar duas ou três dessas habilidades em questão de segundos para conseguir avançar por um labirinto de espinhos ou para alcançar uma plataforma mais distante. E, por mais complexo que tudo isso pareça em um primeiro momento, funciona muito bem.

Da mesma forma, todas essas mecânicas servem tão bem no combate quanto na exploração. Todos os confrontos têm uma camada bem interessante de estratégia, sendo bem mais do que aquele hack n’ slash básico. É preciso estar atento às características e padrões de cada inimigo para atuar da melhor forma. Mais do que isso, é preciso conhecer as próprias capacidades de luta de seu personagem para tirar melhor proveito disso.

Como esse membro da elite guerreira, Sargon conta com vários movimentos de ataque e possibilidades de combo. Só isso já faz com que os combates de The Lost Crown sejam bem mais dinâmicos do que boa parte dos Metroidvanias, mas ele se torna mais complexo e interessante quando as habilidades de exploração passam a ser usadas nesses confrontos. 

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Criar distorções temporais para engatar golpes ou mesmo para escapar de ataques inimigos adiciona várias camadas à jogabilidade, deixando tudo mais interessante — principalmente contra chefes. E, por mais que seja um pouco cansativo no início, o sistema de parry à la Dark Souls acaba virando um dos grandes trunfos dessa modernização das mecânicas.

Entre o clássico e o anime

Não há como negar que Prince of Persia: The Lost Crown é um jogo muito bonito. Mesmo com seu estilo mais cartunesco, o game consegue misturar muito bem todo o caráter clássico da cultura persa com elementos muito modernos, flertando principalmente com animes. Muitas das animações parecem ter saído diretamente de Dragon Ball, com direito até mesmo a um Sargon Super Saiyajin em alguns momentos.

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Esse contraste funciona muito bem. A pegada mais anime ajuda a criar essa linguagem mais ágil e dinâmica que a Ubisoft tentou imprimir na aventura, principalmente ao mostrar Sargon como esse grande guerreiro. A explosão de cores e efeitos a cada grande golpe faz com que, mesmo na simplicidade do 2D, tudo tenha um peso significativo.

Ao mesmo tempo, o trabalho de level design e a direção de arte estão incríveis. Não somente pelo trabalho de criar desafios complexos e desafiadores a todo o instante, mas por usar tão bem a mitologia persa para criar esse senso de grandiosidade que a jornada do herói exige. 

Há um trabalho de reprodução cultural e arqueológica incrível para recriar todos esses elementos, o que torna The Lost Crown um jogo muito bonito de ser visto e muito rico de ser acompanhado. Da arquitetura da Antiguidade ao próprio uso dos mitos e do imaginário daquele povo, tudo está ali contando um pouco da história dessa cultura tão pouco explorada no mundo pop.

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Só é uma pena que a narrativa não dê destaque ou tanto valor a isso. Há algumas pedras espalhadas pelo cenário que ajudam a contextualizar um pouco dessas histórias, mas que ficam dispersas e sem a possibilidade de revisitar com facilidade. Um simples compêndio no menu já daria conta de valorizar esse aspecto tão rico do game — e que ajuda a contar um pouco da trama. 

Prince of Persia: The Lost Crown vale a pena?

Embora seja um dos títulos mais clássicos dos videogames, Prince of Persia estava há quase 14 anos sem um novo jogo. E, por mais que The Lost Crown não seja o retorno que muita gente esperava, ele resgata muito bem todo o legado que a série carrega. Na verdade, ele é exatamente aquilo que a franquia precisava para se reinventar e se restabelecer.

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Talvez ainda seja cedo para dizer que ele é um novo marco dentro do gênero, mas certamente é um dos melhores Metroidvanias dos últimos anos. Ao se inspirar em outros títulos de sucesso, mas preocupado em imprimir a própria marca, a Ubisoft conseguiu devolver a uma de suas séries mais icônicas a relevância e a importância que ela merece. Um título à altura, de fato.

Mais do que isso, The Lost Crown é a prova de que é preciso apostar em boas ideias. Por mais ruidosas que sejam as críticas e as reclamações, confiar naquilo que você tem em mãos é mesmo a chave para entregar algo que nem a gente sabia que queria. Prince of Persia merecia essa preciosidade.

Prince of Persia: The Lost Crown está disponível para PS4, PS5, Xbox One, Xbox Series X/S, PC e Nintendo Switch.