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Review Metroid Dread | Um retorno de braços abertos para o novo

Por| Editado por Bruna Penilhas | 08 de Outubro de 2021 às 16h12

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Captura: Durval Ramos/Canaltech
Captura: Durval Ramos/Canaltech

Metroid Dread é muito mais do que o retorno de uma das franquias mais importantes dos videogames ou uma sequência aguardada pelos fãs há quase duas décadas. O novo jogo do Nintendo Switch é, acima de tudo, a oportunidade de uma nova geração conhecer uma série que criou seu próprio gênero, influenciou diversos outros títulos e apresentou uma personagem que é icônica até hoje.

Apesar desse currículo de peso, Metroid passou um bom tempo na geladeira da Nintendo. Foram 11 anos sem um jogo inédito, o que fez com que muita gente conhecesse Samus Aran somente como mais um nome no elenco de Super Smash Bros. E Dread deixa bem claro toda essa importância e resgata a essência da série que marcou a geração do SNES. Mais do que apenas um aceno saudosista aos velhos fãs, o jogo é a porta de entrada perfeita para qualquer pessoa conhecer o que é Metroid.

E é justamente esse o grande mérito da MercurySteam. Embora tenha feito uma sequência direta de Metroid Fusion, de 2002, o estúdio espanhol se preocupou em não tornar a nova aventura um jogo hermético — muito pelo contrário. A equipe parte de um clássico e da estrutura que os fãs já conhecem e esperam, mas dá um passo adiante para criar uma experiência incrível também para quem está chegando agora.

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Há um cuidado enorme por parte da produtora de recriar mecânicas e situações clássicas para manter a essência de um Metroidvania tradicional, mas sem medo de inserir novos elementos para modernizar a jogabilidade. Essa combinação faz com que Metroid Dread chegue já como um dos melhores games do Switch e um retorno merecido a uma das séries mais importantes da Nintendo.

O prazer de explorar um mundo que quer te matar

Nesse gênero que a série praticamente criou, a exploração é essencial — e Metroid Dread aproveita isso muito bem. Ao levar Samus para as profundezas do planeta ZDR para investigar o ressurgimento do Parasita X, o jogo apresenta ambientes bastante variados e que exigem o vai e vem que marca o estilo. E é realmente uma delícia vasculhar cada um dos mapas, testar habilidades e descobrir todos os segredos escondidos.

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Isso faz com que o backtracking não seja algo imposto ao jogador, mas inserido de forma natural à jogabilidade. O design dos cenários incentiva essa busca por caminhos secretos e itens sem forçar ou tornar esse processo cansativo. Ele premia seu esforço na mesma medida que passa a aumentar o nível de desafio. É um equilíbrio não tão simples de ser alcançado, principalmente quando você passa a ganhar mais e mais habilidades, mas que funciona muito bem por aqui.

Assim, desbloquear novas armas e poderes se torna prazeroso não só por aumentar seu poder de fogo contra as ameaças que querem constantemente matar Samus nesse planeta inóspito, mas por dar a oportunidade de explorar o ambiente de novas formas. Tão logo chega a ZDR, Samus é atacada por um inimigo misterioso e perde todos os recursos de sua armadura e, aos poucos, vai reconquistando e recuperando um pouco de sua imponência.

Dessa forma, você é constantemente recompensado com novas formas de avançar por esse labirinto. É o tiro simples que se torna em um disparo triplo que o ajuda a abrir novos tipos de portas, uma esquiva que passa a ser mais eficaz ou mesmo a Morph Ball que retorna para ajudá-lo a alcançar locais até então inacessíveis. São pequenas evoluções que fazem toda a diferença.

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Além disso, Metroid Dread insere um pequeno recurso que faz toda a diferença nesse sentido. No mapa geral, é possível filtrar as portas e bloqueios de um determinado tipo em áreas já visitadas, o que torna a exploração muito mais eficiente. Ao ganhar um novo poder, você sabe exatamente onde estão os pontos em que aquela habilidade vai ser útil.

Essa evolução constante também torna Samus mais durona e a sensação é realmente de que você se tornou mais poderoso e imbatível. Tanto que, quando você domina o sistema de melee e parry — o qual a MercurySteam já tinha introduzido em Metroid: Samus Returns, o remake de Metroid 2 lançado para 3DS —, é inevitável não se sentir invencível diante dos inimigos. Adicione a isso a mira em 360º da heroína e parece que nada é capaz de derrotá-lo.

Pesadelo robótico

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Metroid Dread se aproveita dessa confiança para dar uma rasteira no jogador. Ao mesmo tempo em que oferece ferramentas para tornar a personagem mais poderosa nas batalhas, o jogo insere também aquele que vai ser o maior pesadelo de sua exploração: os infames E.M.M.I. Esses robôs extremamente letais são a grande novidade do novo jogo, pois são eles que ditam o ritmo do gameplay e fazem com que a experiência quase contemplativa de antes se torne em algo que beira o desesperador. E tudo isso é ótimo.

Como são capazes de derrotar Samus com um único golpe e só podem ser destruídos com uma arma especial, a única opção que resta ao jogador é fugir. E isso cria uma tensão absurda que muda o clima do game por completo no momento em que você entra nas áreas dedicadas a esses inimigos. É algo que lembra muito os filmes da série Alien, principalmente quando você sabe que essas máquinas estão por perto, mas não tem certeza de onde e que qualquer vacilo pode atrair a atenção delas. Por mais que as habilidades de camuflagem ajudem, a única solução na maioria das vezes é correr em busca de uma saída.

E é aqui que Metroid Dread brilha de verdade. Usando apenas sua jogabilidade e o level design, ele transita entre a calmaria de quem está explorando um lugar muito bonito e o desespero de escapar para sobreviver. Essa transição acontece sem muito esforço e de forma bastante natural. São quase dois jogos diferentes em um só, mas que exprimem muito bem a tensão e o nervosismo que é explorar um planeta desconhecido.

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Outro fator que complementa essa sensação são as batalhas contra chefes. Todas elas são muito desafiadoras e criativas, exigindo um misto de atenção ao padrão de movimentos dos inimigos e muita habilidade para coordenar esquiva e poderes para atacar sem sofrer muito dano.

É claro que existem alguns pequenos problemas que elevam a dificuldade de forma desnecessária, como os próprios controles. A nova mira em 360º é realmente muito útil nesses confrontos, mas o fato de você ajustar a direção do tiro no mesmo botão usado para se movimentar atrapalha bastante, ainda mais nos momentos de maior frenesi ou que exigem mais precisão. Desperdiçar um míssil ou levar um dano bobo se tornam muito frustrantes, ainda mais quando você lembra que o analógico direito não está sendo usado para nada.

Por isso, pode se preparar para morrer algumas vezes antes de passar por essas batalhas. Em compensação, vencer esses chefes se torna ainda mais prazeroso do que descobrir um caminho novo no mapa.

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Remontar e reinventar

Tudo isso faz com que Metroid Dread seja tanto o retorno da série que os fãs há tempos esperavam quanto uma excelente maneira de conhecer o gênero e a franquia. A MercurySteam já havia mostrado em Samus Returns que o estilo ainda tinha muito apelo e que ela compreendia sua estrutura de modo a se manter fiel às suas essências, ao mesmo tempo que traz novos elementos. Ela só precisou colocar tudo isso em prática mais uma vez — e conseguiu.

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Este é um título gostoso de jogar. É prazeroso demais explorar cada canto de ZDR, avançar por novos mapas e testar suas habilidades para desbloquear novas áreas. O game sabe recompensar os esforços do jogador e fazer com que a escala de desafio cresça no mesmo ritmo que nos sentimos mais confiante. Por mais que a dificuldade às vezes bata à porta, o game segue sendo acessível do começo ao fim.

É esse o grande acerto: ele trata veteranos e novatos como iguais. Quem já conhece a franquia vai adorar revisitar todas essas mecânicas e ver a continuação da história que ficou em aberto lá em 2002, com Fusion, mas esse não é o grande atrativo do game. Metroid Dread é um excelente jogo por si só, por saber aproveitar todos os elementos que fizeram a franquia ser um ícone sem ficar preso ao passado. Nada soa como algo de duas décadas atrás.

Além disso, a jogabilidade que transita entre o relaxante e a tensão absoluta funciona muito bem e condiz perfeitamente com a narrativa que é apresentada. E por mais que você morra diversas vezes nas mãos de um maldito E.M.M.I. ou de algum chefe que cruzar seu caminho, em momento algum o game se torna completamente frustrante. Pelo contrário, ele sabe recompensar bem essas conquistas e me manteve engajado a explorar sempre um pouco mais.

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Nada disso está relacionado a ser ou não fã. A experiência gratificante é a mesma para todos os públicos e esse é o grande mérito por aqui. Um bom jogo não exige carteirinha de sócio-torcedor para ser aproveitado e, nesse caso, Dread está de braços abertos para quem vier.

O Canaltech jogou Metroid Dread por meio de uma cópia digital gentilmente cedida pela Nintendo.