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Review Call of Duty: Vanguard | Antigas batalhas para abrir a nova geração

Por| Editado por Bruna Penilhas | 12 de Novembro de 2021 às 18h04

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Divulgação/Activision Blizzard
Divulgação/Activision Blizzard

O palco é conhecido, mas a bem da verdade, nunca foi assim. Para quem acompanha jogos de tiro em primeira pessoa, os combates da Segunda Guerra Mundial são um cenário comum, até mesmo dentro da própria franquia Call of Duty, que nasceu retratando o conflito e retornou a ele nos anos recentes. Agora, a desenvolvedora Sledgehammer faz isso de novo, mas de forma diferente e, principalmente, impressionante.

O começo da campanha de Call of Duty: Vanguard já surpreende. De um cenário escuro, que sabemos ser um trem em movimento, a porta se abre para revelar a iluminação dos postes passando em alta velocidade, enquanto os membros de um pequeno grupo de operadores entram em ação sob a forte chuva. É um ensejo impressionante, como os que estamos acostumados a ver desde sempre na franquia, mas que já exibem desde o início o que podemos esperar desse novo game e, acima disso, da nova geração de plataformas em si.

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A surpresa quase irônica vem quando percebo que o trecho, que poderia ser linear como manda a tradição e o próprio veículo sobre trilhos, tem uma progressão aberta. O jogador pode saltar entre um trem e outro, percorrendo os vagões de maneiras diferentes até chegar ao maquinista, o que também inclui usar veículos inimigos como plataforma para navegar entre os pontos. Não existe uma linha reta e, nos cenários amplos em que a bala não para de voar, também podemos ter diferentes tipos de abordagens.

Chama a atenção, por exemplo, um pouco de foco em furtividade, com Call of Duty: Vanguard permitindo que os soldados se posicionem antes de atacar ou tentem seguir sem serem detectados, assassinando inimigos silenciosamente pelo caminho. A abordagem é um pouco torta, já que as armas dificilmente são silenciadas, mas que está lá como um vislumbre de que, apesar de ainda ter campanhas lineares e diretas, há um pouco mais de margem para manobra no novo game.

As diferentes posturas de ataque também conversam diretamente com a trama, que pretende mostrar a gênese da formação de grupos de forças especiais, unindo o suprassumo dos agentes em missões tão perigosas quanto importantes. Neste caso, temos soldados com histórico de heroísmo e envolvimento bem pessoal com a guerra, um de cada país aliado, unidos pela missão de assassinar o líder fictício da Gestapo, Hermann Freisinger.

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Estamos na porção final da Segunda Guerra Mundial. A Alemanha já perdeu em Stalingrado, por exemplo, enquanto o Dia D ainda segue como uma marca importante do ponto de virada das forças aliadas. Os figurões nazistas, porém, permanecem de pé e é justamente para acabar com isso que os operadores de origem americana, russa e inglesa, entre outros, são unidos para desferir um golpe duro ao regime já cambaleante, mas ainda forte, de Adolf Hitler.

O poder de cada um

Longe dos grandes combates e das cenas de ação grandiosas, que já são características de Call of Duty, um dos grandes elementos de Vanguard está na pessoalidade das histórias. A desenvolvedora Sledgehammer faz belo uso da nova engine da franquia, adotada inicialmente em Modern Warfare, de 2019, e também da tradição das cutscenes épicas que apresentam operadores em Warzone para contar uma história mais intimista, como poucas que vimos na franquia.

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Os integrantes das forças especiais que controlamos não estão ali apenas por estarem entre os melhores soldados das forças aliadas. Eles também possuem uma relação pessoal com o conflito, normalmente marinada no ódio pelo regime nazista. São pessoas que perderam famílias inteiras em um bombardeio ou que sofrem racismo em um mundo nada amigável, e que encontraram nas armas a motivação para continuar lutando.

Tais elementos são ainda mais evidenciados pelas grandes atuações, com Polina Petrova sendo uma das que mais chamam a atenção. Ela é uma figura imponente em meio a soldados habilidosos, inspirada nas atiradoras soviéticas que acumularam centenas de mortes no currículo ao longo da guerra, e só por isso já seria digna de atenção. As performances de Laura Bailey (a Abby de The Last of Us Part II) no original em inglês e Luiza Caspary (Ellie, também na franquia da Naughty Dog) abrilhantam a experiência de uma das campanhas mais interessantes dos anos recentes de Call of Duty.

A inspiração real se estende a todos os outros personagens, com Arthur Kingsley e Wade Jackson, outros dois exemplos, trazendo inspirações em combatentes reais. O segundo é o típico americano fanfarrão, piloto de avião e cheio de piadas fora de hora, enquanto o primeiro traz consigo uma calma que chama a atenção, diante das batalhas enfrentadas, e a responsabilidade de ser, ao mesmo tempo, tudo o que o regime nazista odeia e o responsável central por desferir nele um dos golpes mais doloridos.

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É por meio não somente do controle dos personagens, mas também através de seus olhos, que vemos momentos clássicos da Segunda Guerra Mundial, como o desembarque na Normandia ou a batalha de Midway. Enquanto a missão de caça a Freisinger se desenrola, com direito a um estilo de contar a história manjado para quem acompanha o cinema sobre a guerra, aprendemos mais sobre seus combatentes de maneira intimista.

Ao longo da experiência com Call of Duty: Vanguard, fica a sensação de que esse foi o maior acerto do novo game. Cenas de combate épicas já eram de se esperar, assim como o tiroteio frenético, mas quando a Sledgehammer adicionou um maior envolvimento a seus personagens nessa fórmula, veio junto a personalidade que muitos podem alegar ter sido perdida em meio a tantos games que abordam a Segunda Guerra Mundial. Um aspecto que também dialoga com os próprios rumos da franquia e que eu espero que seja explorado ainda mais nos próximos capítulos.

O de sempre, mas nunca assim

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Chegando ao mercado às vésperas do aniversário de um ano dos consoles de nova geração, Call of Duty: Vanguard também acaba sendo um dos primeiros títulos multiplataforma a mostrar, efetivamente, do que as novas máquinas são capazes. Como dito, a sensação impressionante surge assim que os soldados abrem as portas, logo na primeira fase, e se estende em maior ou menor grau ao longo de toda a campanha.

As cutscenes, claro, são a cereja do bolo e, acredite, algumas são bem longas e tomam o tempo necessário para contar a história e demonstrar do que o conjunto gráfico é capaz. Mas o poder real está nas cenas de ação, com o voo em aviões de guerra sobre os navios em Midway ou o bombardeio em Stalingrado chamando a atenção pelo impacto visual, com bom uso dos efeitos de ray tracing e, principalmente, das partículas.

Existem deslizes aqui e ali, como quedas na taxa de quadros por segundo que são perceptivelmente causadas por dados carregados em segundo plano, ou alguns pop-ins em elementos do cenário quando o usuário surpreende o jogo correndo em alta velocidade. Por outro lado, reflexos, elementos luminosos e a destruição de cenários são impressionantes o bastante para que você não note matinhos ou caixas brotando aqui e ali.

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A Sledgehammer também mostra uma intenção de mudar um pouco as coisas, já que todo mundo conhece muito bem as bases sólidas da franquia Call of Duty. Algumas mecânicas diferentes entram em ação, como uma em que escalamos prédios com Polina, como forma de exibir uma ideia de posicionamento estratégico, enquanto franco-atiradora, que não é bem usada, ou a limpeza dos elementos indicativos na tela, de forma a evidenciar o conjunto visual.

As alterações mais profundas aparecem com destaque no modo multiplayer, principalmente em Zumbis. O modo extra que nasceu nos games de Call of Duty inspirados na Segunda Guerra chega a Vanguard com a ideia de ser diferente e mais acessível, com uma pegada que deve agradar quem está chegando agora, mas que pode franzir o cenho dos veteranos.

Ficaram de fora a complexidade de cenários, os diferentes elementos e segredos espalhados, para a entrada de uma experiência mais direta ao ponto. A partir de um mapa que serve como hub central, acessamos missões com características diferentes que vão ficando mais difíceis a cada etapa vencida; melhorias de armas e habilidades dos operadores cumprem a lacuna, mas há um claro desbalanceamento entre esses dois quesitos, não de forma negativa, mas sim, a forçar o pensamento estratégico e a tomada de decisão.

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Pontos vão sendo acumulados tanto quanto o dinheiro virtual usado na compra de melhorias, mas na medida em que as apostas vão se tornando mais altas, os jogadores podem escolher abandonar o combate, levando o que já acumularam, ou seguir em frente para obter mais. A habilidade e o espírito de equipe acabam contando aqui, mais do que o dedo no gatilho.

Como dito, são mudanças que abraçam quem está chegando agora e resolvem os problemas de acessibilidade das edições anteriores, nas quais os modos Zumbis tinham regras próprias e bem específicas, mas pouco explicadas. Os novatos não serão mais baratas tontas pelos cenários, mas ao mesmo tempo, quem esperava um pouco mais de profundidade pode se decepcionar.

O modo multiplayer também apresenta novidades, especialmente na forma do modo Zona de Conflito, de longe a adição mais interessante à porção online de Call of Duty: Vanguard. Na opção, o espaço a ser dominado pelos jogadores se move sem parar pelo mapa, o que traz uma sensação de caos a toda a partida, sem muito tempo para planejar e privilegiando um estudo rápido dos cenários, que costumam trazer boas combinações entre espaços amplos e corredores apertados.

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A destruição de cenários transforma os mapas, não tanto quanto deveria, mas abre sim novas oportunidades de ataque e opções de invasão. Ainda é o modo multiplayer frenético tradicional de Call of Duty, com renascimentos rápidos e muita movimentação, mas com algumas lições aprendidas em Warzone que se transformam em elementos de design e estratégia no mundo de Vanguard.

Em uma situação na qual uma granada bem posicionada pode mudar o andamento dos conflitos, os jogadores estarão sempre no limite, atentos, focados e morrendo sem parar. Em outras arenas, zonas centrais mais abertas trazem características interessantes a modos que envolvem a dominação de territórios ou a coleta de dogtags que confirmam a morte dos oponentes, abrindo espaço até para quem gosta de jogar usando rifles Sniper ou explosivos.

No restante, porém, não existem grandes mudanças ou inovações no modo multiplayer, que mantém a característica tradicional e apreciada pelos jogadores mais antigos da franquia. Nesse sentido, a Activision e seu time de desenvolvedores acabam perdendo a chance de dar a mesma personalidade da campanha principal também à parte online, que apesar de ter as boas ambientações e levadas de sempre, não vão muito além do básico, com exceção, novamente, do sopro de ar fresco do modo Zona de Conflito.

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Call of Duty: Vanguard acaba investindo no que falta. Entre mudanças que podem desagradar veteranos e uma impactante campanha central, o game leva adiante aquilo que muitos esperavam ver em WWII, o game anterior da desenvolvedora Sledgehammer Games, para elevar a franquia à última potência, com a força das novas plataformas e melhorias de qualidade de vida em modos online.

Em meio a tanto tiroteio e correria, esse também se torna um dos episódios mais intimistas e focados dos últimos anos da franquia. Para quem a acompanha há mais de uma década, chega a soar estranha a ideia de que a campanha e a história são os elementos-chave, mas é justamente essa a característica mais forte de Vanguard. Enquanto todo o restante segue as linhas gerais elogiadas de sempre, o foco naquilo que poderia levar o game adiante acabou se tornando uma aposta acertada. Jogue com bons fones de ouvido e me agradeça depois.

Call of Duty: Vanguard está disponível para PC, PlayStation 4 e Xbox One, com otimizações pagas para PS5, Xbox Series X e Series S. No Canaltech, o game foi testado no Xbox Series X em cópia digital gentilmente cedida pela Activision.

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Nota do editor: recentemente, a Activision Blizzard foi investigada por denúncias de assédio sexual, assédio moral e má conduta. Para mais informações, clique aqui.